COOPERAÇÃO

O projeto visa aplicar tecnologia e mecanização da modalidade agrícola, além de fortalecer parcerias estratégicas entre os dois países

Autoridades brasileiras e chinesas participaram do evento, em que foi realizada a assinatura de memorando de cooperação entre UnB e a Universidade Agrícola da China (CAU). Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A Universidade de Brasília lançou, na tarde de quarta-feira (27), o Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia e Mecanização para Agricultura Familiar. A cerimônia foi realizada no Auditório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com a presença do ministro da Educação da China, Huai Jinpeng; do ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Paulo Teixeira; e do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao. O centro é resultado de parceria entre UnB, órgãos do governo federal, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o governo da China. 

 

Durante o evento, a reitora da UnB, Rozana Naves, e o vice-presidente da Universidade Agrícola da China (CAU), Taisheng Du, assinaram memorando de cooperação entre as instituições. O projeto objetiva promover intercâmbio científico e tecnológico, o que representa um avanço estratégico nas áreas de educação, ciência, tecnologia e agricultura familiar.

Além da comitiva chinesa, o evento contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Paulo Teixeira. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

SOBRE – O coordenador do Centro Brasil-China de Agricultura Familiar, Sérgio Sauer, professor da Faculdade UnB Planaltina (FUP), explica que o memorando de entendimento envolve vários eixos de atuação, com espaços de pesquisa e estudos na FUP, na Fazenda Águas Limpa (FAL) e no Laboratório Agroecologia Familiar Digital, instalado no Parque Científico e Tecnológico (PCTec), campus Darcy Ribeiro.

 

“Associado à pesquisa e à adaptação de máquinas, o centro terá uma residência científica e tecnológica, com intercâmbio de estudantes de pós-graduação, estudos, inovação e formação, incluindo a unidade demonstrativa de produção de biofertilizantes com resíduos do Restaurante Universitário (RU)”, esclarece o docente.

 

“Também faremos testes de máquinas agrícolas, sistematização de informações digitais (bigdata para agricultura familiar), com a participação ativa de jovens do MST [Movimento Sem Terra], e também receberemos pós-graduandos da China para pesquisas e estágios tecnológicos”, comenta Sérgio.

 

VISITA – Na oportunidade, a comitiva também visitou as instalações no PCTec, onde foram apresentadas as máquinas e tecnologias agrícolas chinesas que serão testadas no Brasil. A reitora destacou a relevância da parceria e do debate sobre segurança alimentar, tema abordado na edição nº 29 da revista Darcy.

 

“É por meio da agricultura familiar que há a produção de alimentos para a população em geral. Por isso, esse acordo impacta de forma profunda a possibilidade de contribuir com a redução das desigualdades no país”, comentou a reitora. “É um ganho para a Universidade, para o país e para a cooperação bilateral com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais”, reforçou.

 

O ministro Paulo Teixeira elogiou o progresso chinês no combate à pobreza extrema e destacou a necessidade de fomentar a agricultura familiar no Brasil para alcançar a soberania alimentar. Ele também discorreu sobre os planos do governo federal de levar a parceria para outras universidades e sobre a meta de aumentar o acesso a tecnologias. “Chegamos a 18% de mecanização agrícola, mas nosso objetivo é alcançar os 80% ainda neste governo”, afirmou. 

 

“Nossa responsabilidade é criar políticas públicas para que os compromissos firmados tornem-se viáveis de fato”, reforçou a secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência, Kelli Mafort. Ela destacou a recente reunião bilateral entre os presidentes Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva.

A reitora da UnB, Rozana Naves, e o vice-presidente da Universidade Agrícola da China (CAU), Taisheng Du, descerraram a placa da residência científica e tecnológica em mecanização de agricultura familiar Brasil-China. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O ministro da Educação da China, Huai Jinpeng, ressaltou o alinhamento das duas nações. “Hoje é um dia de colheita, após a conversa bem sucedida dos nossos presidentes. Estamos aqui trabalhando para implementar esses consensos e pensando no futuro da comunidade global compartilhada”, disse.

 

João Pedro Stédile, liderança do MST, reforçou a importância de parcerias para a superação da pobreza e desigualdade no campo. “Não conseguiremos combater a fome distribuindo cesta básica, mas produzindo alimentos, e quem faz esse trabalho são os agricultores familiares”, pontuou. Para ele, o acordo é mais um passo no enfrentamento aos desafios da produção agrícola familiar.

 

MODERNIZAÇÃO – No PCTec, a comitiva chinesa apresentou tecnologias capazes de monitorar dados como solo, clima e produtividade para maior eficiência. As máquinas expostas serão encaminhadas para testes na Fazenda Água Limpa, onde passarão por ajustes para atender às diferentes condições de clima e solo do Brasil.

 

A intenção é que o Brasil adapte-se à experiência chinesa de mecanização da agricultura familiar por meio de teste de 70 máquinas na UnB e em assentamentos do MST no Distrito Federal. A iniciativa busca modernizar o setor, aumentar a produtividade e, futuramente, fabricar máquinas agrícolas no país voltadas para a produção familiar.

 

“Esse maquinário vai passar por um estágio de testes numa área que está pré-determinada e que vai ser monitorada por meio de dados. Depois, os dados serão utilizados para adequação delas para o território brasileiro, promovendo uma produtividade adequada às nossas realidades”, explicou a reitora Rozana Naves.

 

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