O matemático carioca Artur Ávila (35) esteve nesta quarta-feira (23) na Faculdade de Tecnologia (FT) para uma conversa com estudantes e professores.
Primeiro brasileiro a receber a medalha Fields, maior condecoração da área e espécie de Nobel da Matemática, Ávila falou durante duas horas para um auditório lotado.
O professor foi premiado por ter resolvido três de quinze desafios colocados para o século XXI. "E o século mal começou", brincou o docente da UnB André Caldas, do Departamento de Matemática, durante a apresentação do convidado.
"É uma grande honra e um momento ímpar para a Universidade receber o Artur", disse o diretor do Instituto de Ciências Exatas (IE/UnB), Noraí Rocco, ao abrir o evento. "O prêmio é um reconhecimento da matemática brasileira".
Para Ávila, a medalha é uma forma de chamar a atenção para a ciência que é feita no Brasil e de aproximar os jovens do mundo dos números. "Eles podem se interessar pela matemática ao ver que ela está viva", acredita. "A área envolve criatividade, ao contrário do que muita gente pensa".
Questionado sobre seu método de trabalho, ele falou sobre as vantagens da colaboração com outros pesquisadores e da flexibilidade na hora de olhar para o problema. "Às vezes, descobertas imprevistas ajudam a resolvê-lo."
Também estiveram presentes no encontro o reitor Ivan Camargo, a vice-reitora Sônia Báo e o chefe do Departamento de Matemática Hemar Godinho. A mesa-redonda foi conduzida pela professora emérita Keti Tenenblat e pelo decano de Ensino de Graduação Mauro Rabelo.
BRASIL EM ALTA - Especialista em sistemas dinâmicos e teoria dos operadores, Artur Ávila recebeu o prêmio em 2014, no último Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla em inglês), em Seul, Coreia do Sul. A cerimônia de premiação acontece a cada quatro anos na abertura do ICM.
"O momento é especial para o país, que sediará o encontro pela primeira vez, em 2018, no Rio de Janeiro", diz Ávila, que é pesquisador no Impa (RJ) e no CNRS, em Paris. "As reclamações são parecidas tanto aqui quanto na França. Há problemas estruturais no ensino, mas muitas possibilidades também".