Acontece entre os dias 24 e 29 de setembro, em Heidelberg, na Alemanha, o Heidelberg Laureate Forum 2017. Nele, estarão presentes os matemáticos mais importantes do mundo, incluindo ganhadores da medalha Fields – que é o equivalente ao prêmio Nobel da Matemática – e do prêmio Abel – dado àqueles pesquisadores da área com carreira destacada.
Além dos premiados, o evento seleciona cem jovens matemáticos com perspectivas de carreira promissora que tenham concluído o doutorado há menos de cinco anos. Nesta edição, Jaqueline Mesquita, professora do departamento de Matemática, foi uma das escolhidas no mundo todo. “É um privilégio participar de um encontro científico tão concorrido. É preciso mandar títulos, carta de recomendação, produção científica. Me sinto honrada por representar a Universidade”, diz a docente.
INSPIRAÇÃO – Além de workshops e palestras, os participantes terão eventos sociais em que poderão interagir melhor com os premiados. “Esses momentos mais descontraídos permitem uma aproximação que certamente trará a chance de aprender com pesquisadores que são inspiração para nós.”
O encontro desse ano tem, em sua programação, o grande pesquisador da área de análise em que Jaqueline atua: Louis Nirenberg, ganhador do Abel Prize em 2015. Além dele, a professora está ansiosa pela chance de encontrar com Stephen Smale, laureado com a Medalha Fields em 1966. Ambos darão palestras e estarão presentes aos eventos sociais. “Será engrandecedor. Espero poder trocar experiências para difundi-las entre os estudantes e com meus colegas de área.”
A professora, que dá aulas para graduação e pós, pretende transmitir esse entusiasmo para os alunos. “Quando dou aulas em uma matéria dos últimos semestres do curso, separo um tempo para explicar a eles o que representa seguir carreira acadêmica."
Jaqueline tenta incentivar seus estudantes com as ferramentas que tem à mão: usa, além dos tradicionais quadro e giz, a plataforma Moodle, onde tira dúvidas e propõe listas de exercícios para os estudantes que querem ir além. “O contato da graduação, às vezes, fica meio distante da pós, então é bacana sempre tentar trazer esse laço”, diz.
TRABALHO – Os estudos de Jaqueline se concentram, dentro da área de análise, em equações diferenciais. Isso significa que a professora trabalha fórmulas matemáticas que podem prever crescimentos populacionais e representar modelos econômicos. Esse tipo de construção pode ainda criar ferramentas para estudar o comportamento de bolsas de valores e estimar a proporção entre o crescimento populacional e a produção de alimentos, por exemplo.
“A matemática está no cotidiano, ainda que de forma inconsciente. Não precisamos pensar tão longe quanto o que é estudado na minha área, mas em todas as nossas argumentações está presente a lógica matemática, ou na simples ida ao mercado”, lembra. Outra vertente do trabalho da professora são as equações diferenciais de retardamento. Elas são utilizadas para calcular reações não imediatas e têm grande aplicação na área farmacêutica, ajudando a prever o tempo entre o uso e a ação de um remédio.
Jaqueline entrou na Universidade de Brasília como estudante de graduação em 2003. Em apenas nove anos concluiu a graduação, mestrado e doutorado. “Me encontrei na Matemática, não consigo me ver fazendo outra coisa”, declara.