Estudantes dos cursos de exatas entram na Universidade de Brasília sabendo que, inevitavelmente, terão de cursar as disciplinas de Cálculo. Apesar do frio na espinha, nada os livra das matérias. O medo dos números pode ser contornado com a iniciativa promovida pelo professor adjunto Ricardo Fragelli, que realiza, semestralmente, o jogo Rei da Derivada. Trata-se de uma maratona de matemática de dois dias cujo objetivo é promover aprendizado da matéria de forma ativa e colaborativa. A 12ª edição acontecerá nos dias 14 e 15 de maio, no JK Shopping, em Taguatinga. No sábado, o jogo será das 10h às 21h. A segunda etapa da maratona será no domingo, das 14h às 21h. As inscrições, abertas a estudantes do ensino superior, são gratuitas e podem ser feitas no site www.reidaderivada.com.

Além do jogo, haverá oficinas para o público. Serão atividades lúdicas voltadas para estimular o gosto pela matemática em crianças, adolescentes e adultos. Os exercícios da oficina são semelhantes aos desenvolvidos pelo Rei da Derivada Solidária, braço do jogo que realiza visitas à Casa do Menino Jesus, que acolhe crianças com câncer.

O JOGO - O Rei da Derivada é um jogo de matemática em que os participantes resolvem problemas em duplas. O par que resolve mais rapidamente ganha mais pontos e, a cada rodada, são formadas novas duplas, de maneira que todos formem equipes com os outros participantes. Quem fizer mais pontos, é o Rei ou a Rainha da Derivada.

Há várias distinções. O estudante com melhor classificação se torna o Rei ou a Rainha da Derivada. O segundo melhor classificado será o Mago ou a Maga da Derivada. Os quatro participantes mais bem classificados formam o Top 4. Os três mais bem classificados por pontos corridos recebem o posto de Imortais. Há ainda a disputa pelo título de Paladino: ao final do evento, todos os participantes que não estão entre os premiados concorrem. Devem resolver, simultaneamente, uma questão e, quem acertá-la, continua na disputa. O último a permanecer conquista o título.

Além dos professores da UnB, participarão docentes de outras instituições do Distrito Federal e de outros estados, muitos deles com o objetivo de conhecer o método para aplicar em aula.

COMUNIDADE - Segundo experiências de outras edições do Rei da Derivada, nota-se que os transeuntes acabam participando da brincadeira. “Os quadros de resolução das questões ficam na praça de convivência do shopping. As pessoas passam no meio do evento e vão ficando interessadas pela atividade. E começam a parar para assistir à competição”, comenta Fragelli.

“Quando você monta um ambiente de colaboração, atrai novos colaboradores improváveis. Pode ser um pai de família que se interessa pelo tema ou um professor universitário que está passeando pelo shopping. E isso é bacana”, continua. “As oficinas têm atividades que são gradativas e têm capacidade de entreter desde uma criança de cinco anos até um professor doutor”, afirma Fragelli.

MEDO DE MATEMÁTICA - Perguntado por que a matemática assusta tanto, Fragelli comenta que a relação conflituosa com a disciplina começa cedo. “Quando entra na escola, a criança chega cheia de curiosidade e não tem aversão a nada. A escola achata a curiosidade do aluno, rouba a vontade de perguntar os ‘porquês’. Isso porque tem de cumprir uma matriz curricular e, nem sempre, faz sintonia entre a curiosidade da criança e o que ela precisa aprender”. Sobre a experiência com o Rei da Derivada Solidária, Fragelli conta que a recepção é muito positiva. “Crianças são naturalmente atraídas pela matemática. Mesmo em tratamento, elas ficam muito interessadas, pulam da cama, esquecem da doença”, relata.

Outro motivo do temor é o fato de a matemática exigir encadeamento de conceitos. Portanto, quando há falhas, o aprendizado fica prejudicado. “Aí, a pessoa passa a evitar a matéria para não se sentir diminuída. E, geralmente, não há resgate dessas lacunas. Além da falha de agrupamento dos novos conceitos, há os que passam a achar que não é uma matéria muito divertida, ou que não tem muita aplicação”, observa.

APRENDIZADO COLABORATIVO - O método do Rei da Derivada privilegia o aprendizado ativo e colaborativo. “O professor, quando resolve o problema no quadro, rouba do estudante a oportunidade de aprender com os próprios erros”, diz Fragelli. “No Rei da Derivada, o aluno participa da resolução e aprende com o erro. São vários estudantes realizando os problemas ao mesmo tempo. No início, várias questões estão erradas. E é neste momento que o estudante aprende, porque observa várias formas de resolução e vários tipos de erro, e então aprende mais rápido. Depois, vai observando soluções mais elegantes. Desta forma, os competidores vão crescendo juntos”, explica. “Depois de oito questões, não erram mais. A melhora é absurda. Eles não têm medo de errar. E então começam a acertar”, completa.

Artigo publicado observando os resultados do Rei da Derivada registrou melhora no aprendizado de matemática. Entre 135 estudantes da graduação na UnB, percebeu-se aumento de 26% na média geral da turma e aumento de 76% no número de estudantes que obtiveram notas satisfatórias. Além da melhora das notas, a atividade motiva os estudantes, promove a cooperação entre os alunos e a autoestima do competidor. “O que o estudante está fazendo é notícia, se torna visível, causa um furor entre a comunidade estudantil. A atividade é gratificante porque não deixa ninguém isolado, não é excludente”, encerra.

O Rei da Derivada já foi aplicado em sete estados. Neste mês, duas instituições de ensino estão estabelecendo contato para começar a aplicar o método. O jogo pode ser adaptado para os ensinos fundamental médio e para outras disciplinas. O projeto começou em 2003, quando Fragelli lecionava no Iesb. Na Universidade de Brasília, é aplicado desde 2010.

Serviço:

Rei da Derivada – Jogo de matemática
14 e 15 de maio
14 de maio, das 10h às 21h.
15 de maio, das 14h às 21h.
JK Shopping (Av. Hélio Prates - Qnm 34 - Área Especial 01 - M-Norte – Taguatinga).
Inscrições gratuitas no site www.reidaderivada.com