A reunião preparatória para o próximo semestre, realizada pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG) e pela Secretaria de Administração Acadêmica (SAA), abordou um assunto que extrapola as tradicionais informações sobre prazos e processos acadêmicos. Os coordenadores de cursos de graduação ouviram uma fala do professor do Instituto de Psicologia (IP) Marcelo Tavares, especialista em prevenção ao suicídio.
“Tipicamente, o foco das ações em saúde mental está no tratamento a problemas já identificados, a sintomas clínicos”, contextualizou Tavares. “Na prevenção, a atuação é anterior. E a melhor forma de prevenir o suicídio é prevenir as condições que provocam situações de risco”, explicou. Segundo o professor, que estuda o assunto há mais de 20 anos, a maioria dos estudantes que estão em sofrimento psíquico tem, também, prejuízo acadêmico. Assim, observar esse indicador pode auxiliar nas estratégias de prevenção.
“O coordenador é a pessoa que costuma ter mais contato com os alunos. Se identificarmos dificuldades acadêmicas, temos uma possibilidade de intervir”, afirmou o decano de Ensino de Graduação, Sérgio de Freitas. “Não é o coordenador que precisa intervir, mas ele pode reconhecer o problema e sinalizar para algum programa de prevenção”, acrescentou, lembrando que a questão da saúde perpassa toda a sociedade.
A fala do professor Tavares foi uma espécie de introdução ao tema junto aos coordenadores. A intenção do DEG é estruturar um curso para dar mais detalhes sobre estratégias de prevenção. Recentemente, uma comissão da Reitoria mapeou os serviços de atendimento e acolhimento em saúde mental existentes na Universidade e na rede pública e elencou sugestões para a integração dessas duas áreas, de forma a permitir melhor encaminhamento dos casos. As sugestões desta comissão devem ser incorporadas à Política da Vida Estudantil Integrada, atualmente em elaboração pelo DEG e pelos decanatos de Assuntos Comunitários (DAC) e de Extensão (DEX).
“Estamos fortalecendo o entendimento de que os estudantes não estão aqui apenas estudando, estão também vivendo um momento de suas vidas. Precisamos considerar todas as outras instâncias da vida do aluno para que a aprendizagem seja mais proveitosa”, disse o decano Sérgio de Freitas.
Atualmente, a rede de acolhimento da UnB é composta pelo Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (Caep), vinculado ao IP, que atende a comunidade interna e externa, e pelo Núcleo de Estudos, Pesquisas e Atendimentos em Saúde Mental e Drogas (Nepasd, em fase de estruturação), também vinculado ao IP, mas voltado principalmente para alunos.
Há, ainda, atendimentos na Diretoria de Desenvolvimento Social (DDS/DAC) e no Serviço de Orientação ao Universitário (SOU/DEG). Além disso, foi criado recentemente um grupo para atendimento a situações de risco emergencial, que tem atuado junto aos casos mais urgentes eventualmente identificados em institutos e faculdades.
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