BOAS-VINDAS

Convidado do #InspiraUnB da pós-graduação, o australiano Stuart Bunn debateu a importância da conservação dos sistemas aquáticos

 

Público foi formado por estudantes de especialização, mestrandos e doutorandos, bem como por autoridades estrangeiras e da UnB. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Mais de dois terços da superfície do planeta Terra é composta de água, mas a maior parte deste recurso não está disponível para consumo humano. O alerta é do especialista em ecologia e ecossistemas aquáticos Stuart Bunn. O convidado australiano ministrou a aula inaugural da pós-graduação no semestre. A exposição atraiu mais de 500 pessoas, que lotaram o auditório da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), na tarde da última segunda-feira (18).

 

Buscando compreender a relação entre os ambientes terrestre e aquático, o pesquisador tem se dedicado à influência dos fluxos e ciclo de água na biodiversidade dos ecossistemas dos rios. “As ameaças globais e as pressões crescentes vêm se intensificando, especialmente nos países em desenvolvimento”, ressaltou.

 

“As áreas de maior risco encontram-se justamente onde se concentram as reservas de água doce, resultado do aumento das tensões, aliadas ao choque climático e à complexidade transfronteiriça”, indicou. Stuart Bunn citou o caso do Brasil, que, apesar de possuir mais de 10% de toda a água doce mundial, apresenta diferentes impasses, como má distribuição, desmatamento e poluição. Agricultura e pecuária também têm grande impacto nessas questões.

 

Embora a água disponível nos rios e lagos de todo o planeta corresponda a um volume de apenas 93 mil quilômetros cúbicos, a biodiversidade nesses ambientes é muito expressiva. A fauna, por exemplo, representa 40% de todas as espécies de peixes conhecidas mundialmente.

Para Stuart Bunn, Austrália e Brasil têm biomas com características semelhantes e podem compartilhar experiências bem-sucedidas. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

Diante desse contexto, o australiano acredita que é preciso melhorar o uso eficiente da água. “Há que se reconectar rios e canais, e restaurar os fluxos aquáticos. É possível planejar e identificar potenciais cenários, otimizando investimentos para maximizar benefícios”, argumentou.

 

Em sua visão, a escassez de água não é apenas um problema ambiental, mas de cunho político e econômico. Por isso, ele sugere engajamento de diferentes instituições e atores. “Em geral, superestima-se o entendimento do público sobre o ciclo da água”, refletiu o pesquisador, reconhecendo a falta de consciência da população mundial sobre o uso desse bem.

 

“O papel da ciência para o uso sustentável da água deve focar não apenas nas soluções, mas também em influenciar a sociedade como um todo”, comentou. Para ele, a comunidade científica precisa trabalhar de modo mais transdisciplinar, conectando diferentes áreas do conhecimento. “Não basta pensar somente na quantidade, mas é importante considerar também a qualidade da água." 

Pós-graduanda na UnB, Joseana Freitas se sente acolhida e percebe solidariedade por parte de colegas e docentes para conciliar a maternidade aos estudos. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

Stuart Bunn mostrou iniciativas da Austrália que têm contribuído para minimizar os danos para as próximas gerações. Desde 2000, quando o país passou por uma grande seca, diversas medidas foram implementadas para garantir um gerenciamento mais eficiente da água. “Uma lei federal foi criada para proteger e retornar o recurso para o meio ambiente, com investimento de cerca de 13 bilhões de reais”, apontou.

 

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Joseana Freitas levou a filha de sete meses para acompanhar a palestra. “Embora não seja minha área de pesquisa, achei muito válida a discussão dessas questões, sobretudo nesse momento que vivemos de mudanças climáticas e escassez de recursos”, contou.

 

Diversas autoridades da UnB participaram do evento promovido pelo Decanato de Pós-Graduação (DPG), assim como representantes de embaixadas de países com os quais a Universidade tem acordos. A ocasião foi também oportunidade para apresentar o Plano de Internacionalização e lançar o edital Capes PrInt UnB 2019. Como parte do processo de internacionalização da UnB, a palestra foi proferida totalmente em inglês, sem tradução.

 

>> DPG lança primeira chamada do Edital Capes PrInt 2019

 

Para a reitora Márcia Abrahão, a vinda do professor Stuart Bunn à UnB reforça a qualidade da instituição. “Somos uma das melhores universidades do Brasil e da América Latina e, ao mesmo tempo, uma instituição democrática, diversa e que acolhe as pessoas. É dessa forma que espero ver a jornada de vocês aqui, com excelência acadêmica e consciência de nosso papel na sociedade", aconselhou aos pós-graduandos.

 

A cerimônia contou com apresentação musical de duo composto por ex-alunos e filhos de professores da UnB: Gabriela Tunes, na flauta doce, e João Ferreira, no violão. O repertório foi marcado por canções brasileiras, como o clássico choro de Pixinguinha, Lamentos.

Gabriela é filha da professora Elizabeth Tunes, do Instituto de Psicologia, e João, filho de Clodo Ferreira, da Faculdade de Comunicação. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB 
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