Pesquisadores de graduação e pós-graduação, gestores e docentes de universidades das comunidades lusófonas estarão na UnB nos próximos dias para dialogar e compartilhar experiências sobre a educação superior. Pela primeira vez, entre 20 e 22 de novembro, a instituição é anfitriã da Conferência do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (Forges), que está em sua nona edição.
Essa é a terceira edição realizada no Brasil e, dessa vez, é coorganizada pela Associação Forges e a UnB, por meio da Reitoria, do Decanato de Extensão (DEX), da Faculdade de Planaltina (FUP), da Faculdade de Educação (FE) e da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB). A realização tem ainda parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB).
O ensino superior e a promoção do desenvolvimento humano: contextos e experiências nos países e regiões de língua portuguesa foi o tema escolhido para a conferência anual. As reflexões sobre o assunto se direcionarão à atuação e aos avanços das instituições de ensino superior de países de língua portuguesa na valorização de temas com relevância política, social e cultural, como democracia, responsabilidade social, ética, liberdade e pensamento científico e crítico.
Na avaliação do coordenador do evento e diretor da FUP, Marcelo Bizerril, o assunto merece maior atenção no âmbito da gestão universitária, por compor um dos pilares fundamentais para o avanço da educação superior.
Nesse sentido, a conferência oportuniza o debate aprofundado, a troca de experiências e a aproximação das regiões lusófonas em torno da questão. “É importante fazer essa discussão em um fórum de países que experimentam similaridades, tanto culturais quanto nos desafios na educação de seus cidadãos”, analisa o coordenador do evento.
Além disso, os diálogos favorecem a disseminação da produção científica sobre as políticas públicas voltadas para o ensino superior. Tais contribuições serão partilhadas por pesquisadores e gestores de instituições de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, Timor- Leste, Macau, e de países da América Latina, como Paraguai e Uruguai.
Marcelo Bizerril ressalta ainda que as reflexões sobre o desenvolvimento humano são essenciais para alavancar outra visão performativa das universidades em âmbito internacional. De acordo com o gestor, as instituições de ensino superior de países de língua portuguesa e da América Latina são avaliadas constantemente por métricas internacionais, produzidas por países desenvolvidos, que pouco se atêm ao impacto acadêmico na dimensão humana.
“Essas métricas valorizam, sobretudo, a competitividade na aceitação de seus egressos pelo mercado de trabalho e a produção científica pelas bases de dados hegemônicas. Nessa lógica, o papel das universidades na transformação das pessoas e das sociedades fica relegado a um segundo plano”, aponta.
A reitora Márcia Abrahão considera o debate urgente e necessário às instituições. “A gestão universitária é um desafio de nossos tempos, especialmente devido ao contexto político e econômico global. Trazer esse assunto à discussão é de extrema importância e, por isso, fizemos questão de sediar o Forges na UnB”, disse.
O diálogo entre universidades de diferentes localidades estimula ainda a internacionalização acadêmica, alicerce do plano da UnB para a área. A instituição tem avançado cada vez mais em estratégias para ampliar sua presença em nível mundial, como o estabelecimento de acordos de cooperação acadêmica internacionais e a contratação de professores visitantes estrangeiros.
“A expectativa é que essa integração com instituições estrangeiras possa se fortalecer cada vez mais e avançar para outras possibilidades de intercâmbio, envolvendo, por exemplo, servidores técnicos e estudantes”, projeta Marcelo Bizerril.
PROGRAMAÇÃO – O tema central do evento se destrincha em conferências, painéis, mesas-redondas e sessões paralelas e especiais. Três pontos do campus Darcy Ribeiro recebem a programação: FE, ADUnB e Associação dos Aposentados da Fundação Universidade de Brasília (AposFUB).
A atividade de abertura acontece na quarta-feira (20), com o ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, sobre as políticas do ensino superior para a promoção do desenvolvimento humano. No mesmo dia, o painel A Comunicação entre as instituições de ensino superior e a sociedade terá a presença de António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, em Portugal, e de Rizuane Mubarak, reitor do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande, em Moçambique.
As Estratégias institucionais de gestão para suporte às políticas nacionais, regionais e internacionais de desenvolvimento humano sustentável são foco de parte das discussões de quinta-feira (21). O vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, o presidente do Instituto Politécnico de Leiria, em Portugal, Rui Pedrosa, e o presidente do Conselho de Administração da Agência Reguladora do Ensino Superior de Cabo Verde, João Dias estão entre os convidados de painel sobre o tema.
Ainda na quinta-feira, Alfredo Buza, professor do Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda e diretor nacional do Gabinete de Recursos Humanos de Angola, e Sandra Brito, ex-diretora Nacional de Ensino Superior de Moçambique, participam de mesa-redonda e compartilham experiências de suas instituições sobre a promoção e inclusão social no ensino superior.
A questão do desenvolvimento humano perpassa a conferência de encerramento, na sexta-feira (22), com o ex-reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior. Ele trará o tema sob a perspectiva da integração do ensino superior dos países lusófonos. Previamente à conferência, gestores de universidades de diferentes países realizam visita técnica à Faculdade de Planaltina (FUP) e ao campus Asa Norte do IFB, na terça-feira (19), para conhecer a realidade dos campi e interagir com a comunidade.
Matéria atualizada em 20/11 para alteração de informações sobre a programação