A Universidade de Brasília é a quarta melhor na pós-graduação entre as instituições de ensino superior brasileiras, em termos de número de cursos e em qualidade. O dado da última avaliação quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) demonstra os avanços da UnB para consolidar sua excelência na área. Para isso, um dos pontos de atenção estratégicos dentro do Decanato de Pós-Graduação (DPG) tem sido o fortalecimento da imagem e da presença institucional para além das fronteiras do país: a internacionalização.
Um dos investimentos mais recentes voltado para o objetivo de ampliar a influência da Universidade em nível global diz respeito à contratação de professores visitantes brasileiros e estrangeiros. Está em andamento seleção simplificada que oferta 50 vagas para docentes com experiência no exterior ou oriundos de outros países atuarem no suporte acadêmico, científico e tecnológico dos programas de pós-graduação strictu sensu.
Além de alavancar a qualidade dos cursos de mestrado e doutorado, a vinda dos contratados busca favorecer o intercâmbio na produção do conhecimento e a colaboração entre pesquisadores, na instituição e em redes de pesquisas internacionais.
“As trocas e aprendizados com a experiência dos professores visitantes possibilitam que a Universidade também contribua para o avanço da indústria e da ciência em outros países”, destaca a decana de Pós-Graduação (DPG) Adalene Moreira.
A estratégia converge com ações previstas no Plano de Internacionalização da UnB e no Programa de Internacionalização Capes PrInt, no qual a Universidade foi selecionada para participar durante o quadriênio 2019-2022. Atualmente, 31 professores visitantes já estão vinculados a programas de pós-graduação da instituição. Com a expansão desse número, Adalene Moreira espera que a UnB ganhe mais projeção em nível internacional.
“Queremos aumentar nossa visibilidade, melhorar nossos procedimentos e divulgar nossas pesquisas. Vejo nas cooperações externas que causamos surpresa quando apresentamos nossa produção. A interação com pesquisadores internacionais ajuda a divulgar nosso trabalho”, comenta. Segundo a decana, o edital deve suprir ainda as vagas já preenchidas após o fim dos contratos. Em entrevista à Secretaria de Comunicação (Secom), Adalene Moreira mencionou o impacto da iniciativa para a pós-graduação.
Como o DPG tem atuado para promover a internacionalização nos programas de pós-graduação?
Uma das metas do decanato é promover a internacionalização dentro e fora de casa. Fora de casa, trabalhamos com a mobilidade estudantil e docente. Por meio dos projetos sanduíche, enviamos estudantes, por cerca de um ano, para instituições de ensino superior parceiras no exterior. Os docentes, por sua vez, realizam seus projetos de pós-doutorado, saem para capacitação ou visitas de trabalho. Essas possibilidades são fomentadas pelos programas de internacionalização da Capes, projetos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e editais da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) como o de pós-doutorado, que favoreceu a ida de 120 professores a outros países para fazer suas pesquisas. Isso amplia nossas possibilidades de cooperação em pesquisas.
E dentro de casa, como a internacionalização está sendo feita?
De duas maneiras. Uma delas é por meio da recepção de professores visitantes estrangeiros por curto período, em atividades que estamos realizando dentro do Programa de Internacionalização Capes Print UnB. No entanto, como os docentes permanecem por pouco tempo, essas iniciativas não proporcionam grandes transformações em nosso ambiente interno. Por isso, outra estratégia pensada pelo DPG, junto com a Vice-Reitoria e o Decanato de Gestão de Pessoas (DGP), é a seleção de professores visitantes estrangeiros e brasileiros com experiência de pesquisa no exterior para trabalhar nas linhas de pesquisa de cada programa de pós-graduação. Estamos ofertando 50 vagas para programas que não possuem professores visitantes.
De que forma os selecionados irão atuar?
Os docentes permanecerão no programa por pelo menos um ano, no caso dos brasileiros atuantes em outros países, e por até quatro anos, no caso de estrangeiros. Eles ministrarão disciplinas em língua estrangeira na pós-graduação. O idioma será definido de acordo com a área do conhecimento – na maioria dos programas, será o inglês. Esperamos que os professores também aprendam o português para interagir com os alunos e comecem a orientar projetos de iniciação científica da graduação em parceria com os programas. Dessa forma, começamos a transformar as características do ambiente acadêmico e também receber uma diversidade de alunos de universidades de fora. Já fazemos esse intercâmbio com programas de outras instituições, mas queremos aumentar o número de alunos estrangeiros.
Essa estratégia ajuda na qualificação das pesquisas nos programas de pós-graduação?
Estamos buscando novos saberes em outros lugares, mas também temos saberes muito especiais que precisam ser compartilhados. É uma parceria recíproca. Buscamos professores que trabalham em redes de pesquisa e tenham experiência internacional e, por isso, possam ajudar no fomento de laboratórios e de redes internas de pesquisa, além da consolidação de grupos com grande expertise e de periódicos elaborados pelos programas. Esses professores trazem sua experiência em projetos externos, mas também aprendem com a nossa ao conhecerem nossas pesquisas em âmbito nacional e internacional.
Como a contratação desses docentes pode incrementar as parcerias acadêmicas internacionais?
Respondemos hoje com pesquisa de qualidade em várias áreas que possuem reconhecimento nacional e internacional. Queremos aumentar nossa visibilidade, melhorar nossos procedimentos e divulgar nossas pesquisas, pois muitas delas não são conhecidas em determinadas áreas. Vejo nas cooperações externas que causamos surpresa quando apresentamos nossa produção. A interação com pesquisadores internacionais ajuda a divulgar nosso trabalho. No momento que isso acontece, passamos a ser convidados para bancas externas, por exemplo. Com a presença desses professores, iremos reforçar a cooperação Sul-Sul em programas como os da Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM) e do Grupo Coimbra, do qual nossa reitora é vice-presidente. Já estabelecemos parcerias com países, como Colômbia, Argentina e França — atualmente responsável por 25% da nossa cooperação internacional em todas as áreas. Também temos estreitado nossos vínculos com a Ásia, principalmente com países, como a China e a Coreia do Sul.
A presença desses profissionais também impacta positivamente no desempenho dos mestrados e doutorados em avaliações externas?
O fato de elaborarmos nosso relatório de avaliação de forma mais estratégica e trabalharmos com as métricas nos programas de pós-graduação já ajuda a melhorar as notas nas avaliações externas. Fizemos a aquisição de ferramentas como Scival e temos dois estatísticos na equipe ajudando os programas a entenderem a sua produção. No entanto, contar com o apoio de professores que possuem forte cooperação internacional e sabem como divulgar e publicar a ciência faz muita diferença. Queremos que esses professores sejam proativos e incentivem os programas, em diferentes níveis, a crescerem, desde os nota 3 que estão começando, até os que estão sendo reestruturados em função de avaliações externas. O apoio também é bem-vindo para os cursos nota 5, 6 e 7.
No quesito transferência da produção científica para a indústria global, a atuação de professores estrangeiros também é vantajosa?
As trocas e aprendizados com a experiência dos professores visitantes possibilitam que a Universidade também contribua para o avanço da indústria e da ciência em outros países. É onde entra a reciprocidade da pesquisa. A interface com a indústria é um ponto estratégico no qual buscamos avançar. É importante lembrar que 95% da ciência e tecnologia brasileira está sendo desenvolvida dentro das universidades públicas. Quando trabalhamos junto com a indústria, aportamos mais recursos para as pesquisas e ampliamos a notoriedade e a aplicação do que desenvolvemos. Em âmbito internacional, podemos aumentar ainda mais o impacto das nossas pesquisas.
Recentemente, a infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB ganhou destaque na internet. Como o conhecimento sobre esses recursos beneficia o trabalho dos professores visitantes?
Temos equipamentos de grande porte em áreas como a Geologia e a Biologia, laboratórios, como os da Faculdade do Gama, desenvolvendo pesquisas tecnológicas. Tudo isso ajuda na formação dos discentes, porque se você tem infraestrutura e equipamentos, o docente que vem de fora, ao lidar com esses recursos, poderá capacitar técnicos de laboratório, docentes e discentes em sua utilização. Isso fortalece as dissertações e teses. Em algumas áreas da tecnologia, quando incentivamos esse tipo de fomento, fortalecemos os produtos que são gerados. Assim, aumentamos nossa força de atuação e promovemos o crescimento da pesquisa e da pós-graduação.
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