DEBATE E EDUCAÇÃO

Com auditório cheio, evento ocorreu no Instituto de Ciências Políticas (Ipol), reunindo estudantes, docentes e pesquisadores na área

A palestrante Ana Amélia Penido, o docente do Instituto de Ciências Políticas Rodrigo Lentz, e um dos coordenadores do grupo Demodê, Thiago Trindade. Foto: Luis Gustavo Prado/ Secom UnB

 

No dia 8 de novembro, o Instituto de Ciências Políticas na UnB (Ipol) sediou a palestra A Ciência Política e o estudo sobre as relações civis e militares. O debate, organizado pelo o Grupo de Pesquisa sobre DEMOcracia e DEsigualdades (Demodê), teve o financiamento da comissão de eventos do Ipol e o objetivo de fortalecer a discussão a respeito das pesquisas sobre militares e políticas.

 

Entre os participantes estavam a palestrante convidada Ana Amélia Penido, pesquisadora do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, na área de estudos sobre militares; o docente do Ipol Rodrigo Lentz e um dos coordenadores do grupo Demodê, Thiago Trindade.

 

A diretora do Ipol, Danusa Marques, iniciou o evento, e ressaltou a relevância do debate. “A Ciência Política negligenciou por muitos anos essa área de pesquisa, que é muito importante, e parece que foi desidratando ao ponto de, nos últimos anos, ficarmos surpresos com os acontecimentos”, relembrou.

 

PALESTRA – Ana Penido exibiu um panorama dos estudos sobre as forças armadas e apontou que a Ciência Política dedicou atenção para os militares sobretudo nos estudos sobre transição para o regime democrático.

“Grandes autores olharam como as ditaduras na América Latina funcionaram”, disse a pesquisadora Ana Amélia Penido. Foto: Luis Gustavo Prado/ Secom UnB

 

Penido comentou como, na última década, a Ciência Política afastou-se das discussões contemporâneas sobre as forças armadas. Ela frisou, contudo, que, desde o retorno das forças para a cena política, tem-se recuperado também o interesse e crescido o número de pesquisas.

 

A pesquisadora expôs a necessidade de reflexão de como fazer pesquisa com os militares e destacou que as maiores dificuldades não são as de transparência, citando a existência de um grande conjunto de dados disponíveis em bibliotecas para os estudos.

 

“Principalmente nos aspectos metodológicos, a Ciência Política tem muito a acrescentar nos estudos sobre as forças armadas”, apontou.

 

No decorrer da palestra, a pesquisadora citou o tema controle civil-militar e indicou como a sociabilidade dos militares durante o processo educacional preza a hierarquia e disciplina. “A educação dos militares está mais focada na convivência, em aprender a ser militar, do quê, necessariamente, nos conteúdos. É uma discussão muito mais ampla do que estritamente no conteúdo, e eles têm completa autonomia sobre isso”, explicou. “Eles continuam pensando as mesmas coisas que pensavam há 70 anos, porque possuem autonomia para definir o que pensam”, completou.

 

A pesquisadora acrescentou ainda como as “forças armadas sempre participaram da política no país, sendo os golpes de força apenas momentos extraordinários”.

 

“No Brasil, as forças armadas sempre foram formadas na lógica do inimigo interno, que vai sendo customizado. Em uma época eram os comunistas, os globalistas, nos últimos documentos viraram as feministas, as pessoas LGBTQIAPN+ e ambientalistas”, descreveu.

 

Penido expressou o desejo de que a discussão estimule o interesse discente no tema. E realçou as diversas áreas de pesquisas que observam questões das forças armadas com a Ciência Política e abrangem estudos do legislativo, organização dos militares e relações entre civis e militares.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

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