1º/2024

Aula inaugural abordou o presente como uma máquina de fazer futuros e recepcionou calouros com falas instigantes

Nurit Bensusan abordou a necessidade de repensar a relação com a natureza e a tecnologia. E também de pensar novas formas de estar no mundo, especialmente as que promovam a colaboração e a diversidade. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

A famosa aula inaugural de início de semestre letivo, a #InspiraUnB, contou com palestra célebre da renomada bióloga, escritora e ativista socioambiental Nurit Bensusan. O evento aconteceu no auditório lotado da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), no campus Darcy Ribeiro, Asa Norte, nesta terça-feira (19).

 

Graduada em Biologia e em Engenharia Florestal, mestra em Ecologia e doutora em Educação, Nurit palestrou sobre o tema “O presente como uma máquina de fazer futuro”. Durante a explanação, abordou a relação entre humanos, natureza e tempo, explorando diferentes perspectivas sobre como viver e interagir com o mundo.

 

A pesquisadora abordou a diversidade temporal na agricultura e destacou a importância da pluralidade do tempo e da vida, contrastando-a com a monocultura. Além disso, discutiu como o presente é moldado pelo passado, mas também como pode ser transformado para criar outros futuros.

 

“Se não apostarmos em nossas cunhas para ajudar a abrir novas brechas, em busca de novas possibilidades de mundo, disputando o futuro até as últimas consequências, não haverá outro mundo possível”, proferiu. Ela pontuou a necessidade de ações coletivas e a busca por mudanças significativas para criar um futuro diferente e mais justo.

Beatriz Magalhães, Ludmila Coelho e Raissa Vanessa receberam exemplares do Manual do Estudante durante o #InspiraUnB. Foto: Mozaniel Silva/Secom UnB

 

Fez ainda provocações à plateia sobre como repensar a relação com a natureza e a tecnologia, destacando a importância de reconhecer outras formas de estar no mundo, especialmente as que promovam a colaboração e a diversidade.

 

“A tecnologia é percebida como algo que vai solucionar todos os nossos problemas, mas essa também é uma percepção inconsequente. A tecnologia resolve alguns problemas, mas também é produtora de desigualdades e não contempla todos”, ressaltou.

 

Nurit ainda falou sobre contribuições valiosas que mulheres e pessoas indígenas deram para a academia, citando que, com a chegada de diversidade ao grupo de pesquisadores, o cenário mudou, teorias foram colocadas em xeque e possibilidades se abriram. Também citou a pandemia de covid-19 como uma ilustração das consequências de nossas ações desequilibradas com o planeta.

 

Ela concluiu a fala com um apelo para a busca de novas possibilidades de mundo, mesmo diante das dificuldades, apostando em criar fissuras e construir novos futuros. “Enfim, o mundo só pode se transformar com muito esforço. Mesmo o momento extraordinário que vivemos de uma pandemia global não foi gatilho suficiente para a mudança. O presente é uma máquina de fazer futuros, mas não pode ser uma máquina de fazer salsichas”, disse.

 

BOAS-VINDAS – O #InspiraUnB atraiu estudantes e professores de graduação e pós-graduação de todos os turnos e campi da Universidade. Logo na entrada do auditório, exemplares do Manual do Estudante, elaborado pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG), foram distribuídos.

 

“Está sendo incrível e eu estou apaixonada. É tudo muito novo e também muito incrível”, destacou Beatriz Magalhães, caloura de Teoria Crítica e História da Arte. Também emocionadas, as amigas Ludmila Coelho e Raissa Vanessa, calouras de Ciências Biológicas, disseram-se ansiosas para viver a UnB.

 

“Quero aproveitar todas as oportunidades, por isso vim à palestra hoje”, comentou Ludmila. “Sempre foi um sonho e viver essa experiência é mágico. A UnB tem várias possibilidade, por isso vou experimentar tudo possível.”

 

Logo após a passagem de vídeos de ambientação dos calouros, os discursos de recepção foram unânimes sobre viver ao máximo a experiência de ingressar numa das mais importantes universidades da América Latina.

 

“Aproveitem tudo o que a UnB tem. Vocês vão estudar, fazer pesquisa de ponta e atividades variadas. Também terão muitas oportunidades, aproveitem tudo”, discursou a reitora Márcia Abrahão.

 

“É sempre emocionante esse momento de renovação. Isso nos mantêm conectados com a sociedade. Agora, temos o compromisso de preservar e ampliar a diversidade, encontrando maneiras de sermos transformados por essa força transformadora”, disse o vice-reitor, Enrique Huelva, ao lembrar a necessidade de manter o legado de luta da Universidade pela redução de desigualdades. 

Os irmãos Cristina Vasconcelos e Renato Vasconcelos foram responsáveis pela apresentação cultural do #InspiraUnB de 1º/2014. Caloura de Turismo, ingressa pelo primeiro vestibular voltado a pessoas idosas da instituição, Cristina cantou acompanhada pelos teclados de Renato, que é professor do Departamento de Música. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

O estímulo a aproveitar as oportunidades oferecidas pela Universidade de Brasília também esteve presente no discurso da coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Honestino Guimarães, Laís Cantuário. “Entrar na UnB é um desafio, diferente para cada realidade. Mas quero lembrá-los que a Universidade é muito mais que sala de aula. Entrem com a mente aberta e para viver tudo”, comentou.

 

“Tivemos muitos ataques ao longo das gerações, mas resistimos. Entendam que a UnB é um espaço de lutas. Queremos que se sintam parte dessa comunidade e participem de todos os processos. São aprendizados para toda a vida”, afirmou o professor Alexandre Bernardino, representando a direção da ADUnB.

 

“Este evento é pensado com carinho para dar um abraço em vocês, mas também para ser um spoiler de toda as possibilidades. Abram a mente para além da formação profissional e desenvolvam habilidades”, reforçou o decano de Ensino de Graduação, Diêgo Madureira.

 

MÚSICA – O momento cultural do #InspiraUnB foi marcado por apresentação musical dos irmãos Vasconcelos: Cristina e Renato. Ela, caloura do primeiro processo seletivo 60Mais, e ele, professor do Departamento de Música.

 

“É ótimo poder partilhar a nossa musicalidade, coisa que fazemos desde criança, ainda mais com ela agora ingressando na UnB”, comentou emocionado o professor. “É uma honra e um prazer poder cantar e agora fazer parte dessa grande família”, disse a nova estudante de Turismo.

 

Durante o evento, também foi lembrada a sintonia do tema da palestra com a campanha institucional de 2024 da UnB, #TMJ pra fazer a diferença. Criada para estimular engajamento coletivo na busca por soluções para problemas globais, como os citados pela palestrante, e alinhada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

 

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