Um dos principais desafios para o avanço na qualidade acadêmica, a internacionalização foi tema de evento institucional da UnB dedicado à área. Desde terça-feira (22), o 1º Fórum e Feira de Internacionalização abriu espaço para a discussão sobre possíveis rumos a serem traçados na construção de políticas para atender as atuais necessidades acadêmicas da Universidade nesse quesito.
A programação teve fim nesta quinta-feira (24). A partir de conferências, mesas-redondas, estandes com orientações sobre intercâmbio e atividades culturais diversas, o evento se propôs a abarcar a internacionalização em aspectos múltiplos. Entre eles, o atual contexto das instituições de ensino superior nesse campo, políticas linguísticas, cooperação internacional, boas práticas e ações encabeçadas pela UnB. A atividade é organizada pela Assessoria de Assuntos Internacionais (INT), em parceria com a administração superior da UnB.
Ampliar a experiência acadêmica para contemplar a área envolve decisões diversas a serem tomadas pela Universidade nos próximos anos, como a consolidação de parcerias com outros países e as iniciativas voltadas às questões linguísticas. “O grande objetivo desse evento é pensarmos juntos o que é e o que queremos em termos de internacionalização”, defendeu a diretora da INT, Sabine Gorovitz, durante a abertura do evento, na última terça-feira (22), no Anfiteatro 10 do ICC Sul.
“O fórum é dedicado às reflexões sobre as formas, os modelos e os conceitos de internacionalização que podem nos beneficiar mutuamente”, completou o vice-reitor da UnB, Enrique Huelva. Ele informou que foi criada uma comissão permanente, formada por membros da gestão da UnB e representantes das grandes áreas de conhecimento da Universidade, para elaborar políticas para a internacionalização, pensando o panorama nacional e global.
ATIVIDADES – Especialistas no campo da internacionalização, de instituições nacionais e internacionais, também marcaram presença nos três dias de evento. Entre eles, o ex-reitor da Universidade das Nações Unidas Heitor Gurgulino, que esteve à frente de conferência sobre a internacionalização das universidades brasileiras.
Para ele, é necessário priorizar a recepção de professores, pesquisadores e alunos estrangeiros, o envio de estudantes ao exterior, a realização de eventos voltados para a área, as iniciativas para ensino de outros idiomas, além do estabelecimento de um plano de internacionalização, como medidas para promover avanços nesse quesito.
Apesar do considerável número de estudantes e professores estrangeiros no Brasil – em 2015, eram 15.605 e 4.371, respectivamente, segundo dados do Inep – o quantitativo torna-se ínfimo se comparado ao de outros países, como o Japão, cuja meta é receber 300 mil estudantes estrangeiros nos próximos anos. Da mesma forma, Gurgulino visualiza a necessidade de esforço maior do Brasil para enviar mais acadêmicos e pesquisadores para outros países. “Os desafios são muitos, porque é preciso que cada instituição de ensino superior identifique em quais áreas ela pode se beneficiar disso”, avaliou.
O presidente da Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai), José Celso Freire, também defende como estratégia de internacionalização o diagnóstico das próprias universidades sobre os caminhos para implementar ações nesse sentido e quais as implicações para a qualidade acadêmica, a partir da elaboração de uma política própria. “Se essa é uma prioridade, tem que haver recursos alocados e compromisso efetivo dos gestores”, pondera. Ele foi um dos convidados da mesa com o tema Políticas de internacionalização das IES, realizada na terça-feira (22).
Além deles, a chefe de delegação adjunta da União Europeia no Brasil, Claudia Gintersdorfer, o professor da Universidad Autónoma Metropolitana Ciudad de México Rainer Enrique Hamel, a diretora de Relações Internacionais da Capes, Connie McManus, representantes de embaixadas, organizações e docentes da UnB integraram as atividades e contribuíram ao debate.
EM OUTRO PAÍS – Centenas de alunos também aproveitaram o momento para conferir oportunidades de intercâmbio e parcerias acadêmicas internacionais nos 30 estandes de embaixadas e organismos internacionais espalhados pelo ICC Sul. Recém-chegado à UnB, o estudante de Letras Vinícius Paz já está de olho nas bolsas que estão sendo ofertadas pelas embaixadas para realizar intercâmbio em um país de língua inglesa. Mas ele ainda tem dúvidas sobre qual será o seu destino. Na feira, Vinícius viu uma oportunidade para se esclarecer sobre o assunto. “Temos muitas oportunidades de conhecer quais são os países mais fáceis para estudar e o que eles podem oferecer, de acordo com o objetivo de cada pessoa”, comenta.
Já o sonho de Giovanna Campanaro, do curso de Ciências da Computação, é aprender uma nova língua e estudar no Japão. A graduanda passou pelo estande da embaixada japonesa para saber um pouco mais sobre a experiência de intercâmbio no país. “Já que vou atuar na área de computação, sei que, com a globalização, tenho que ter referências de outros países”, considera.
Para quem já teve esteve fora do Brasil para estudar, o aprendizado e as trocas culturais adquiridas representam um ganho para a formação acadêmica e a vida pessoal. A estudante do 7º semestre de Direito Paloma Costa, por exemplo, relata o que o período passado na Universidade do Chile, por meio do Programa de Intercâmbio entre Cortes, agregou aos seus estudos. “Essa oportunidade de ver de perto outras formas de cultura nos ajuda a ter mais capacidade de ver os problemas de outras perspectivas." Por isso, a estudante considerou a feira um ótimo espaço para a comunidade acadêmica saber um pouco mais sobre as bolsas de intercâmbio.