MEIO AMBIENTE

Ofertada pela primeira vez na UnB, matéria aproxima alunos do cultivo de plantas e impulsiona melhorias na infraestrutura de áreas verdes dos campi

 

Com o plantio de mudas de diferentes espécies, estudantes ajudam a revitalizar o viveiro da UnB. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Enxadas nas mãos, botinas nos pés e muita terra nas roupas. Assim um grupo de estudantes de graduação da Universidade de Brasília maneja os jardins do viveiro situado no campus Darcy Ribeiro. Munidos de ferramentas, cavam grandes buracos e preparam o solo para receber mudas de plantas ornamentais, medicinais, aromáticas, hortaliças e nativas do Cerrado. A experiência é proporcionada na disciplina Jardinagem, oferecida pela primeira vez no primeiro semestre de 2019, fruto de parceria entre Faculdade de Agronomia e Veterinária (FAV) e Prefeitura da UnB (PRC).

 

Nas aulas, os estudantes têm a oportunidade de vivenciar, na teoria e na prática, novos conceitos e metodologias para execução de serviços e implantação de jardins temáticos, que incluem desde técnicas de cultivo, irrigação e adubação até projeto paisagístico.

 

“O interesse maior é resgatar e enriquecer a prática da jardinagem, o conhecimento sobre cada planta, qual o cuidado, o amor e a sensibilidade envolvidos no trato do jardim”, declara Júlio Pastore, coordenador de Parques e Jardins da PRC e professor do curso de Agronomia à frente da classe. As atividades são ministradas no viveiro e na estufa da UnB, localizados ao lado do Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas (Maloca).

 

A disciplina foi concebida junto ao projeto de extensão O Museu das flores: Um jardim-escola no viveiro da PRC, que propõe a revitalização do espaço para o desenvolvimento de pesquisas e visitação da comunidade. Além de oferecer aos estudantes um campo de experimentação em jardinagem, demanda observada por Pastore na oferta de outras disciplinas, a integração das atividades estimula a qualificação dos serviços prestados pela Prefeitura.

 

A expectativa é que os jardins do viveiro sejam utilizados na produção de mudas para manutenção dos canteiros da Universidade. “Pretendemos transformar o viveiro da UnB em um jardim bem bonito, para ser uma matrizeira de plantas para todos os campi. Outro objetivo é fazer do lugar um museu com plantas que os paisagistas deixaram de usar por requererem mais cuidado”, explica o professor.

À frente das atividades, Matheus Maramaldo e Júlio Pastore relatam os impactos positivos para formação acadêmica e aprimoramento de serviços da instituição. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Vínea, vinagreira, neve-da-montanha anã, camarão-branco, papoula da Califórnia, arnica, cosmos e sálvia mexicana são algumas das novas espécies introduzidas no viveiro para replicação. Arquiteto da Coordenação de Parques e Jardins, Matheus Maramaldo é um dos docentes da disciplina. Ele destaca que algumas variedades foram escolhidas pela estética e duração do ciclo reprodutivo. É o caso das plantas anuais e bianuais, cujas etapas até a floração são mais propícias à observação em atividades didáticas. Outras foram selecionadas pela facilidade de manejo e resistência à escassez de água, ou seja, estão adaptadas às variações climáticas do Cerrado.

 

As atividades desenvolvidas no viveiro já têm apresentado bons resultados, como a ampliação da diversidade de espécies cultivadas. Antes, esse número variava entre 75 e cem. “Hoje temos aproximadamente 400 espécies diferentes sendo produzidas, desde árvores frutíferas e nativas a flores anuais, gerando em torno de 50 mil mudas mensalmente”, compara Maramaldo, frisando que a ajuda dos alunos foi essencial para isso.

 

OFERTA – A disciplina de Jardinagem é optativa para os cursos de Agronomia, Farmácia, Ciências Biológicas, Engenharia Florestal e Arquitetura e Urbanismo. Para cursá-la, é necessário ter cumprido pré-requisitos específicos para cada graduação.

Ana Paula Santos quer utilizar aprendizado adquirido na disciplina em futura profissão. Foto: Audrey Luiza/Secom UnB

 

Neste semestre, foram disponibilizadas 20 vagas, além de quatro para participantes do projeto de extensão. Em virtude da grande demanda, a pretensão é de que até 2020 a oferta se amplie para todos os cursos de graduação da UnB.

 

Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Ana Paula Santos ingressou na primeira turma pelo projeto de extensão. As experiências práticas no viveiro permitiram que ela se aprofundasse no aprendizado do paisagismo, área na qual almeja seguir carreira quando concluir sua formação.

 

“O curso de Arquitetura foca muito na parte projetual. Muitos alunos saem sem ter a experiência real do que é plantar, botar a mão na massa em um jardim. Quero me tornar arquiteta paisagista, com o diferencial de conhecer bem as plantas e saber o que estou fazendo”, planeja a estudante.

 

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