O projeto Empreendedorismo de mulheres negras no DF e Entorno, em parceria com a Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno, busca dar visibilidade para quem está produzindo nas áreas de beleza, moda e gastronomia.
Em roda de conversa realizada no Centro de Convivência Negra (CCN) da UnB, as participantes trocaram experiências sobre a luta do negro para se inserir no mercado de trabalho.
A professora Maria da Conceição da Silva Freitas, da Faculdade de Educação (FE), destaca que as mulheres negras sempre tiveram participação na economia do país. O projeto criado por ela busca estimular o afroempreendedorismo. “Sempre tivemos dificuldade para entrar no mercado de trabalho”, diz.
Ativista do movimento negro, Maria das Graças Santos tornou-se empreendedora da área estética e explica que seu trabalho também tem um objetivo político: a luta contra o racismo.
“Eu, bancária aposentada, psicóloga formada na UnB, criei um salão afro”, conta. “É bastante provocador, pois uma das coisas negadas pelo racismo no Brasil é a estética negra. Venho confrontar o padrão estabelecido”.
A moda com referência africana também é uma área bastante explorada. Lydia Garcia criou o Bazafro há 28 anos com objetivo de resgatar as raízes afro. Ela conta que lutou muito para chegar ao espaço que ocupa aos 81 anos.
“Tenho a consciência do que esse produto significa para a construção da nossa identidade”, desabafa.
O tema identidade e autoestima é comum nas falas. A construção da narrativa é ponto central no trabalho do projeto, que pretende ajudar as empreendedoras a contar as suas histórias para o desenvolvimento da autonomia como classe trabalhadora.
“Temos que saber colocar preço na nossa mercadoria e valorizar nosso saber fazer e saber olhar”, diz Lydia.
A execução do projeto Empreendedorismo de mulheres negras no DF e Entorno: trabalho e identidade em redes de cooperação é resultado de acordo firmado entre UnB e Ministério Público do Trabalho.