Com o avanço da pandemia do coronavírus (SARS-Cov2) no Brasil, o governo brasileiro tem recomendado medidas para conter a doença no país. No Distrito Federal, foram determinados suspensão das aulas nas escolas da rede pública e privada de ensino e nas universidades, cancelamento de eventos com participação de mais de 100 pessoas e interrupção no funcionamento de cinemas e teatros nos próximos 15 dias, desde segunda-feira (16).
As atividades acadêmicas e administrativas presenciais da Universidade de Brasília estão suspensas pelo mesmo período. Assim, funções acadêmicas seguem por meio de exercícios domiciliares nos casos cabíveis e as administrativas se darão, preferencialmente, via teletrabalho.
Jonas Brant, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde (FS) e membro do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde do Covid-19 (COES) da UnB, destaca que essas são estratégias para reduzir a grande circulação de pessoas em espaços públicos e, consequentemente, proteger a população da disseminação do vírus.
O docente reforça que a circunstância pede mudanças na rotina da população brasiliense, com a adoção do isolamento social provisório. Deve-se, também, incorporar novos hábitos de higiene respiratória para prevenção da doença. “Neste momento, é importante começarmos a reorganizar nossos ritmos de vida, evitando espaços de grande adensamento e contato próximo, principalmente com pessoas dos grupos de risco”, salienta o professor. Ele lembra que idosos, diabéticos, hipertensos e pessoas com doenças crônicas são mais vulneráveis à Covid-19 (doença causada pelo coronavírus).
Segundo Jonas Brant, a capital federal está em transição da chamada fase de contenção para a de transmissão sustentada da epidemia. No primeiro cenário, os casos ainda são de pessoas que trouxeram o vírus de outras localidades. Para controle da disseminação, é feito o isolamento dos infectados e monitoramento dos contatos realizados previamente com outros indivíduos. Já na fase de transmissão sustentada, são registrados casos em que não é possível saber a origem da contaminação, por isso é demandado o isolamento mais intenso de toda a população.
Para reduzir os riscos de contaminação e a circulação do vírus, deve-se minimizar o contato pessoal. Assim, recomenda-se evitar sair de casa e, quando for necessário sair, não transitar por ambientes fechados, como bares e restaurantes, ou por aglomerações. Tal ação também ajuda a proteger os grupos de risco.
Para situações em que não é possível o isolamento social, a exemplo de quem não for liberado do trabalho presencial, deve-se tentar evitar a utilização do transporte público em horários de pico e manter o distanciamento de, ao menos, um metro de outras pessoas – dica também válida para outros espaços. Deixar janelas abertas em veículos e em ambientes fechados garante maior ventilação e diminui os riscos de contágio.
CUIDADOS – Outras medidas podem contribuir para a prevenção da Covid-19. A principal forma de se proteger do contágio é a higienização de mãos, objetos e ambientes com água e sabão ou com álcool em gel 70%. Água sanitária também pode ser aplicada na limpeza de espaços. O uso de lenços de papel ao tossir ou espirrar e o descarte adequado (em lixeiras com tampa) ajudam a evitar que o vírus se espalhe. Há, também, de se evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal, como talheres e copos.
Especialista em virologia, o professor Bergmann Ribeiro, do Departamento de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas (IB), explica que a transmissão do coronavírus se dá, principalmente, na interação próxima com pessoas infectadas, ao entrar em contato com secreções de tosse ou espirro, e ao tocar em superfícies contaminadas. O vírus permanece ativo nessas superfícies por alguns dias, por isso, a relevância da higiene respiratória constante.
“É importante a limpeza com substâncias que inativam o vírus, como o detergente, porque o vírus tem uma capa de gordura e o detergente a degrada. O álcool em gel 70% também tem essa capacidade de degradar a gordura, mas água e sabão são mais eficientes”, recomenda. Objetos de uso frequente, como celulares, devem ser limpos sempre que possível. Ao sair do transporte coletivo ou individual e de ambientes com muitas pessoas, o ritual de praxe deve ser a desinfecção das mãos, evitando o contato anteriormente com boca, nariz e olhos – por onde o vírus adentra o sistema respiratório.
Esses cuidados devem ser replicados, sobretudo, previamente ao contato com os grupos de risco. Outra medida protetiva é o uso de máscaras na interação com a população vulnerável. “Recomenda-se o uso para os profissionais de saúde em ambientes hospitalares e para pessoas que vão entrar em contato com indivíduos do grupo de risco, como idosos e hipertensos. São os únicos cenários em que se sugere às pessoas que não estão doentes que usem máscara”, explica o professor Jonas Brant. Pacientes com sintomas respiratórios, mesmo que não sejam da Covid-19, também devem aderir ao recurso para dificultar as possibilidades de transmissão.
SISTEMA EM RISCO – O professor Bergmann Ribeiro atenta que as ações de contenção contribuem para que não haja pico de casos, o que pode resultar em um colapso nos serviços de saúde pela grande demanda de pacientes com Covid-19 e outras doenças.
“O importante é manter a quantidade de infecções relativamente baixa para o sistema de saúde conseguir tratar essas pessoas. Se não houver essa contenção de evitar que as pessoas fiquem em aglomeração, o vírus vai se espalhar rapidamente e muita gente vai ficar doente. Isso pode sobrecarregar o sistema de saúde”, destaca o docente, também integrante do COES.
SINTOMAS – Os principais sintomas da Covid-19 são tosse, febre e dificuldade de respirar. Alguns pacientes também apresentam dor de garganta, coriza, congestão nasal e diarreia. Jonas Brant pondera que os sintomas da doença são leves na maioria dos casos, por isso ao detectá-los, não há necessidade de buscar os serviços de saúde. É preferível o isolamento para evitar a disseminação do vírus. O mesmo é recomendado na identificação de qualquer outro sintoma gripal leve.
Unidades de saúde devem ser procuradas em casos de dificuldade respiratória ou outros agravos. Pacientes com sintomas leves que se enquadram na população de risco também devem solicitar cuidado na rede de atenção à saúde.
Em vídeo da UnBTV, professor Bergmann Ribeiro explica importância de higienizar o aparelho celular:
DE OLHO NA EPIDEMIA – As orientações descritas nesta matéria são resultado das ações do Comitê Gestor do Plano de Contingência em Saúde do Covid-19 (COES) da UnB. O grupo foi criado sob a presidência do Decano de Assuntos Comunitários (DAC), professor Ileno Izidio da Costa, em articulação com a Diretoria de Atenção à Saúde Comunitária (Dasu/DAC), sob direção da professora Larissa Polejack.
Vinte e dois especialistas em epidemiologia, virologia, infectologia e imunologia, servidores técnico-administrativos e discentes dos quatro campi compõem o comitê. O grupo atua com campanhas, orientações e divulgação de informações sobre a situação do coronavírus no Brasil e no mundo.
Com suporte da Sala de Situação da Faculdade de Ciências da Saúde (FS), o COES monitora, diariamente, dados, evidências e estudos científicos sobre a epidemia para atualizar a comunidade acadêmica com informações seguras. “No atual momento, estamos monitorando situações que, porventura, possam aparecer na UnB para que possamos dar as orientações imediatas, esteja a situação de manifestação do vírus em que etapa estiver”, afirma o decano Ileno Izídio.
Além das ações voltadas à Universidade, o comitê tem atuado junto aos órgãos do Distrito Federal e do governo federal no entendimento do atual contexto da epidemia. Documentos, sites e recomendações de autoridades públicas e da Universidade sobre o assunto estão disponibilizados no portal da UnB. A comunidade acadêmica também pode buscar essas informações e orientações pelos e-mails da COES (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) e da Sala de Situação da FS (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
Há também um canal tira-dúvidas com perguntas e respostas sobre as alterações de funcionamento da UnB durante o enfrentamento da crise.
A UnB foi uma das primeiras universidades no Brasil a se organizar para monitorar a epidemia. A Sala de Situação da FS acompanha o avanço do coronavírus desde dezembro de 2019, quando foram notificados os primeiros casos da doença, na China. Em fevereiro, a instituição já tinha elaborado seu Plano de Contingência, com informações sobre transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção, além da descrição do cenário de risco e das fases de surto.
Veja a cronologia do tema na UnB:
>> Recomendações oficiais do Comitê Gestor da UnB (COES) sobre o novo coronavírus (SARS-Cov2) e a Covid-19 (doença instalada)
>> Informe sobre funcionamento administrativo da UnB no período de suspensão de atividades acadêmicas presenciais
>> Prorrogação do período de suspensão das atividades presenciais
>> Nota do Comitê do Plano de Contingência em Saúde do Covid-19 atualiza informações
>> Informe sobre suspensão de atividades presenciais na UnB
>> Informe sobre coronavírus e atividades acadêmicas
>> Nota do Comitê do Plano de Contingência em Saúde do Covid-19
>> Com aulas prestes a começar, comitê instituído para monitorar o Coronavírus na UnB dá instruções
>> Diretores recebem orientações sobre prevenção e contenção do Coronavírus
>> Nota sobre as ações de prevenção ao Coronavírus na UnB