Em comemoração ao Dia do Índio, a Associação da Universidade de Brasília promove a II Semana dos Acadêmicos Indígenas. De 18 a 20 de abril, foram reservados momentos de comemoração e reflexão sobre o espaço, as oportunidades e os desafios dos índios no Ensino Superior. O evento é realizado na Maloca, o Centro de Convivência Multicultural dos Povos Indígenas da UnB.
Mais que uma homenagem, a semana busca a afirmação dos povos indígenas, presentes desde 2004 na Universidade, ano do primeiro vestibular específico para esse público. “O evento é uma forma de mostrar que estamos presentes e que estamos aqui para somar”, diz Braulina Aurora, do povo Baniwa, do Amazonas, e aluna de Ciências Sociais na UnB.
“A iniciativa vai aproximar a instituição, a academia, os discentes e os docentes e dizer a eles que nós estamos aqui. São 12 anos de presença e ainda pouco se sabe sobre nós”, acrescenta o estudante e vice-presidente da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, Tanielson Rodrigues, mais conhecido pelo seu nome indígena, Poran Potiguara.
Nos dois primeiros dias de evento, com a participação de estudantes, professores e convidados, foram debatidas temáticas como a presença indígena no Ensino Superior e os direitos dos povos indígenas. No último dia, a discussão se concentra nos desafios e perspectivas da pós-graduação. Na parte cultural, houve oficinas de pintura, danças e cantos tradicionais, além de exposição de artesanato.
DADOS – Segundo a Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB, atualmente, são 40 estudantes indígenas matriculados em sete cursos de graduação e cerca de 20 alunos presentes em três programas da pós-graduação da Universidade. São mais de 20 povos diferentes representados, das cinco regiões do Brasil.
INICIATIVA – A segunda edição do evento foi organizada pela Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília em parceria com o Decanato de Assuntos Comunitários e a Coordenação da Questão Indígena da Diretoria de Diversidade.
Depois de participar da primeira edição da Semana dos Acadêmicos Indígenas, Poran comemora a volta do evento, após seis anos. Desta vez, ele observa um diálogo maior entre a Universidade e o grupo e considera a conquista de um espaço próprio, a Maloca, como uma grande vitória para os estudantes indígenas. Com o evento, ele mantém as expectativas de fortalecer o vínculo dos povos indígenas com o meio acadêmico. “Espero mais semanas indígenas, debates e seminários para que possamos aproximar as realidades”, afirma.
TRADIÇÃO - O cocar, as listras vermelhas pintadas na face e o canto, puxado por ele durante o ritual de benzimento – umas das atrações na abertura do seminário – evidenciam o respeito de Poran por suas raízes, o povo Potiguara, da Paraíba. Com orgulho, ele exibe ainda, uma camiseta com dizeres da líder indígena Maninha Xucuru – Cariri, com uma frase que considera seu lema.
"Eles arrancaram nossas folhas, quebraram nossos galhos, derrubaram nossos troncos. Mas esqueceram do fundamental: arrancar nossas raízes!”
(Maninha Xucuru – Cariri)