Cada vez mais a Universidade de Brasília abre espaços de debates sobre questões de gênero. Essa é a opinião da assistente social Ana Carolina Silvério, egressa da instituição e mediadora de uma das discussões que ocorrem na UnB durante a Semana da Diversidade LGBT. Haverá atividades entre segunda (20) e quinta-feira (23), abertas a todos interessados.
“Serão organizadas mesas de debate; rodas de conversa; cine-debate e oficina de cartazes para a II Parada de Orgulho LGBT na UnB”, descreve Thiago Magalhães, coordenador da Diretoria de Diversidade Sexual – LGBT da UnB.
Caetano Santo Lucio, estudante do 4º semestre de Engenharia de Software, no Gama, é membro da Comissão de Gestão e Monitoramento do Programa de Combate à LGBTfobia na UnB, que organiza a Semana junto com a Diretoria de Diversidade (DIV/DAC). O estudante comenta que os eventos envolvem todos os campi. “Não tem como centralizar quando a pluralidade está espalhada na Universidade”, destaca. “A Semana é importante para que a comunidade tenha reconhecimento e visibilidade, além de promover empoderamento das pessoas LGBT dentro da UnB”, afirma.
PARADA - Um dos pontos altos da Semana será a II Parada de Orgulho LGBT na UnB, na quinta-feira (23), das 12h às 14h, no Teatro de Arena, no campus Darcy Ribeiro. "As Paradas LGBT são importantes eventos de afirmação, conscientização e comemoração. Embora pioneira e defensora das pautas inerentes aos direitos humanos de populações historicamente oprimidas, a UnB ainda reproduz toda forma de opressão que se observa na sociedade. Nossa Parada tem ainda a missão de resgatar e fomentar esse espaço de conscientização e discussão, próprio da comunidade acadêmica. Por isso, além da Parada, teremos a Semana da Diversidade LGBT, com eventos que discutem questões importantes para a população LGBT", reforça o coordenador da Diretoria de Diversidade.
O tema Estado Laico e Democracia permeará as atividades deste ano. "A questão é atual e está diretamente relacionada aos visíveis retrocessos na agenda de direitos sociais e ao crescimento do fundamentalismo religioso no nosso país", explica Magalhães.
“DESABAPHO” - A professora de psicologia da UnB Tatiana Lionço será uma das mediadoras dos desaBAPHOS, rodas de conversa realizadas nos campi da UnB. Trata-se da primeira ação de uma proposta de programa de extensão da psicóloga, o Escuta Diversa, que pretende servir como sistema de acolhimento para a comunidade LGBT. A ideia é que as pessoas compartilhem suas vivências, experiências de violações de direitos, relacionamento com família e comunidade. A professora explica que as rodas de conversa estão estabelecidas com base em tripé de integração entre Psicologia, Serviço Social e Direito.
“A ideia é que os próprios participantes sejam protagonistas do 'desaBAPHO', participando com sugestões e soluções”, comenta. Junto com Lionço, estão a professora Lívia Barbosa, do curso de Serviço Social; estudantes de graduação e pós-graduação de Psicologia e membros do programa de extensão (R)Existir - Núcleo LGBT Interdisciplinar, que realiza trabalho acerca questões jurídicas que envolvem a comunidade LGBT.
“Estaremos lá, basicamente, como mediadores. Além disso, caso haja identificação de conflitos, iremos encaminhar para a administração da Universidade”, conta. “A Semana da Diversidade LGBT é uma forma de implementação do Programa de Enfrentamento à LGBTfobia que já foi institucionalizado pela UnB. Trata-se de uma perspectiva preventiva e educativa. É, também, uma oportunidade para a comunidade LGBT encontrar novos aliados”, diz.
Lionço, que participou da construção da normativa do Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde (SUS), também estará na mesa de debate sobre Fundamentalismo Religioso e Retrocesso na Agenda de Direitos Sociais - LGBT, Mulheres, Negros e Indígenas, que ocorrerá na terça-feira, no anfiteatro 10, no ICC. Ana Carolina Silvério, coordenadora do Centro de Referência da Diversidade Sexual, Religiosa e Racial da Secretaria de Estado de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh-DF), também participará da mesa de debate. Para ela, a Semana da Diversidade é importante para dar visibilidade para os casos de violência LGBTfóbicas. “As pessoas LGBT existem, precisam ser respeitadas e ter os direitos garantidos. Precisamos fazer enfrentamento de ideologias que são câncer da nossa sociedade, como o machismo, a LGBTfobia, a misoginia e o racismo”, afirma.
Silvério se graduou na UnB em 2009 e avalia que, ao longo dos anos, a diversidade tem tido mais espaço na instituição. “Vejo a UnB muito mais colorida hoje. Na minha época, via as pessoas mais no ‘armário’, era uma comunidade muito mais LGBTfóbica. Vejo o surgimento de coletivos da sociedade civil que se fortalecem e lutam pelos diretos LGBT e fazem com que pessoas se sintam incluídas" encerra.
Programação:
Segunda-feira
desaBAPHO na Faculdade UnB Planaltina (FUP)
Hora: 12h
Terça-feira
Mesa de debate: Fundamentalismo religioso e retrocesso na agenda de Direitos Sociais - LGBT, Mulheres, Negros e Indígenas
Local: Anfiteatro 10, ICC, campus Darcy Ribeiro
Hora: 12h
desaBAPHO na Faculdade UnB Gama (FGA)
Hora: 12h
Roda de conversa: Autoras do livro Notícias de Homofobia no Brasil - distribuição gratuita do livro
Local: Anfiteatro 10, ICC, campus Darcy Ribeiro
Horário: 17h
Quarta-feira
Mesa de debate: Família LGBT - roda de conversa (Mães pela Diversidade)
Local: Faculdade UnB Gama (FGA)
Horário: 11h
Mesa de debate: Estado Laico, Saúde e Garantias de Direitos
Local: Auditório da Unidade de Ensino e Docência (UED), Faculdade UnB Ceilândia (FCE)
Horário: 12h
"Eu (R)Existo": cine-debate sobre o filme "Bichas"
RExistir - Núcleo LGBT Interdisciplinar.
Local: Auditório Joaquim Nabuco, Faculdade de Direito, campus Darcy Ribeiro
Hora: 19h
Quinta-feira
Oficina de Cartazes
Local: Ceubinho, ICC, campus Darcy Ribeiro
Hora: 10h
II Parada do Orgulho LGBT da UnB - Estado Laico e Democracia
Local: Teatro de Arena, campus Darcy Ribeiro
Hora: 12h
desaBAPHO no Darcy
Local: Concha Acústica do Instituto de Artes (IdA), campus Darcy Ribeiro
Hora: 14h (após a Parada)