Há 40 anos, a UnB desenvolve trabalho de incubação de empresas, voltada ao fortalecimento da identidade dos produtos idealizados por seus criadores e à gradual inserção de novas tecnologias no mercado. À época do surgimento das incubadoras, ainda nos anos 1980, o foco era a tecnologia. Entre os anos 1990 e 2000, com o debate sobre economia solidária, novos temas foram inseridos. Surgiu então a necessidade de estimular atividades que tivessem impacto social. A partir daí, apareceram as chamadas incubadoras de impacto, com foco no empreendedorismo para inserção de pessoas em vulnerabilidade socioeconômica no mercado de trabalho.
Hoje, o Programa Multincubadora de Empresas do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) abrange as duas vertentes: a tradicional e a de impacto. Ambas receberam boas notícias nos últimos dias. No dia 7 de junho, o CDT venceu como representante da região Centro-Oeste o 3º Desafio de Incubação e Aceleração de Impacto, da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Como prêmio, o Centro receberá a quantia de R$ 10 mil e participará de um treinamento para aprimorar a metodologia de incubação de impacto. Para o diretor Sanderson Barbalho, a relevância do prêmio é grande, pois "destaca o impacto social das ações desenvolvidas pela UnB".
No campo da inovação, o estímulo vem de uma nova parceria. Para intensificar ainda mais a produtividade das incubadoras tradicionais, o Centro fechou acordo de cooperação com a empresa aceleradora de startups Runpal (Corrida entre amigos, em tradução livre). A nova parceira é brasiliense e tem um ano de funcionamento, mas a experiência acumulada de seus colaboradores supera em muito esse tempo. A estrutura da Runpal combina funcionários sêniores e juniores. Os sêniores – boa parte funcionários aposentados da área de Tecnologia da Informação (TI) do Banco do Brasil – são os responsáveis pela criação da empresa, que surgiu do desejo de compartilhar o aprendizado de anos no mercado, como revela o diretor-presidente, Paulo Cesar Simplício.
"Boa parte da Runpal é composta por pessoas acima de 60 anos, já com a vida ganha. Isso é o diferencial da empresa. Não estamos trabalhando hoje para pagar o almoço de amanhã. Não temos pressa por resultados, então damos tempo para as startups que acompanhamos, para que possam amadurecer, no tempo que precisam”, explica. O objetivo da aceleração é trabalhar com startups que já são viáveis, já conseguem fabricar seus produtos, mas ainda precisam ganhar escala, para então terem condição de competir no mercado.
A proposta da empresa baseia-se em abordagem ganha-ganha: oferecerão mentoria e consultoria à multincubadora do CDT por 12 meses. Caso encontrem alguma proposta em que resolvam apostar, podem até investir financeiramente. Aramis Andrade, diretor administrativo financeiro da aceleradora explica o tipo de ideia que interessa ao grupo: inovação – que nem sempre significa empreender em algo inédito. "Fazer diferente já pode ser uma inovação", defende. Para a UnB, o objetivo é que, com o acordo, as empresas incubadas consigam atingir um grau de maturidade de forma mais rápida e, consequentemente, graduem-se mais cedo. Desta forma, o programa terá maior rotatividade e poderá oferecer mais oportunidades a empresas que precisem da incubação no seu desenvolvimento.
Para o diretor do CDT, Sanderson Barbalho, o acordo celebra a troca de expertises: de um lado, da UnB, que entra com o pensamento inovador embasado com conhecimento acadêmico e, de outro, a aceleradora, com a experiência do mercado. O que se espera que é que ocorra transferência de conhecimento técnico e de boas práticas de gestão empresarial.
Segundo a decana de Pesquisa e Inovação (DPI) Maria Emília Walter, o acordo vem em boa hora. “Ações como a assinatura deste termo aumentam a penetração das propostas de inovação desenvolvidas na Universidade. E, desta forma, justificam para a sociedade nossos esforços”, considera.