O trabalho Vulnerabilidade e adaptação da vida às secas: desafios à sustentabilidade rural familiar nos semiáridos nordestinos foi um dos vencedores do prêmio Capes de melhor tese na área de Ciências Ambientais.
De autoria do biólogo Diego Lindoso, o estudo foi defendido no programa de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília sob a orientação do professor Saulo Rodrigues Filho.
Segundo o autor, o estudo avalia como a seca afeta o pequeno produtor rural no semiárido nordestino com o objetivo de ajudá-lo na elaboração de estratégias de adaptação ao clima.
"Grande parte dos efeitos negativos da seca podem ser reduzidos adaptando plantações e criações de animais ao meio", diz. "Esse é o paradigma da convivência em vez do velho paradigma do combate à seca. Até porque a seca é um fenômeno natural que não pode ser combatido", explica.
Para descobrir formas de melhor convivência do meio rural com o semiárido, Lindoso analisou, durante o doutorado, soluções que têm sido adotadas pelas famílias e formas de intervenção do governo.
O pesquisador também fez um primeiro esboço de ferramenta que pode ajudar produtores e gestores no futuro. "Trata-se de um sistema de avaliação de riscos e vulnerabilidades", diz.
“Ao oferecer informação útil, a ciência pode ajudar na tomada de decisões mais racionais e eficientes. Interferir de forma positiva na realidade é uma das minhas grandes motivações como cientista.”
A tese concorre ao Grande Prêmio Capes, que acontece no final do ano, quando vão ser escolhidos os três melhores trabalhos em cada área do conhecimento: exatas, biológicas e humanas.
ADAPTAÇÃO À SECA - Em busca de respostas, Lindoso fez dois estudos de caso. "Um em 2011 na Bahia, ano de chuvas regulares, e outro em novembro de 2012 e janeiro de 2013 no Ceará, período marcado por uma das piores secas dos últimos 50 anos na região”, conta.
“Mais de 300 questionários foram respondidos por produtores familiares e cerca de 80 entrevistas realizadas com atores institucionais, em 12 municípios de três estados”, completa.
Para ele, compilar os dados foi tão trabalhoso quanto reunir referências teóricas neste novo campo de estudos. “A área de adaptação, vulnerabilidade e mudança climática ainda é pouco explorada na academia brasileira e incipiente na agenda política nacional frente ao espaço dado à redução de gases de efeito estufa”, justifica.
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