FINANÇAS PÚBLICAS

Trabalho de conclusão de curso de especialização ficou em terceiro lugar no 29º Prêmio Tesouro Nacional

Conhecidas como “emendas PIX”, as emendas individuais de transferência especial geram questionamentos sobre transparência e accountability. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

Em meio às polêmicas das emendas PIX, a pesquisa Transferências Especiais: ‘PIX’ para quem? ficou em terceiro lugar no 29º Prêmio Tesouro de Finanças Públicas na categoria "Artigos em Finanças Públicas”. O estudo de Glauber Barbosa é resultado do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Especialização em Contabilidade e Finanças Públicas Municipais do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais (CCA/Face), ofertado pela UnB na esfera Universidade Aberta do Brasil (UAB).

 

O TCC, feito entre maio e julho de 2024, analisou os repasses financeiros via emendas PIX feitas pela União aos estados, municípios e Distrito Federal entre 2020 e 2023. Elas totalizaram R$ 13,06 bilhões. “O que o trabalho demonstrou é que a transparência é incipiente”, frisou Barbosa. Como forma de melhorar a publicização dos dados, o pesquisador afirmou que “o primeiro passo seria, de fato, os entes terem a motivação de divulgar essas informações”.  O curso de especialização que concluiu é focado na educação continuada de servidores públicos. 

 

>> Leia o artigo Transferências Especiais: ‘PIX’ para quem?

 

Para o orientador da pesquisa, Abimael Costa (CCA/Face/UnB), uma forma de melhorar a transparência seria ampliar as ferramentas de monitoramento da execução das emendas PIX por intermédio dos Portais de Transparência, “porque você consegue informar para a sociedade desde o momento da decisão”.

 

Além de ser publicado na Revista Cadernos de Finanças Públicas 2025, o estudo rendeu premiação financeira de R$ 8.500. Barbosa é funcionário do Tesouro Nacional e destacou que receber o reconhecimento foi motivo de dupla alegria e que “o prêmio só corrobora a excelência tanto do curso quanto da pesquisa”. O orientador relatou satisfação: “Sinto-me ainda mais feliz em saber que a Universidade de Brasília tem um atestado de esforço de qualidade”.

 

ENTENDA – Conhecidas como “emendas PIX”, as emendas individuais de transferência especial são indicadas por cada parlamentar. Elas são de caráter impositivo, o que significa que o pagamento é obrigatório e o dinheiro é depositado diretamente na conta de estados, Distrito Federal ou municípios, sem necessidade de celebração de convênio ou instrumento semelhante. Por isso, geram questionamentos sobre transparência e accountability. Levantamento do Senado mostra que, em 2024, somaram em torno de R$ 8 bilhões.

 

Em agosto de 2024, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino suspendeu a execução das emendas PIX pela falta de transparência e rastreabilidade. Em 26 de novembro, Dino liberou a realização das emendas depois de novas normas de transparência serem aprovadas no Congresso Nacional.

 

TEMA DA ATUALIDADE – A escolha do tópico aconteceu após Barbosa presenciar, no trabalho, discussão a respeito do assunto, também debatido de forma ampla pela mídia. “Em razão da briga entre Executivo e Legislativo, essas transferências tornaram-se um dos tipos de emenda parlamentar que cada vez mais vem ganhando notoriedade.”

 

Segundo Barbosa, o Tesouro Nacional desenvolveu uma maratona hacker, na qual foram apresentadas propostas de transparência. Uma envolvia blockchain (rede que permite transparência de informações) e a “nova moeda que o Banco Central pretende implementar”, chamada Drex.

 

O orientador frisou a importância da discussão do tema com linguagem simples e acessível. “A sociedade precisa conhecer como é a execução das emendas parlamentares”, disse. 

 

Outro artigo escrito por Barbosa a respeito de transparência, em fase de avaliação para periódico, mostrou que “muitos entes têm as informações, eles só não divulgam”. Barbosa adianta que busca aprofundar o tema em um doutorado.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.

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