DIREITOS HUMANOS

Realizada pelo Instituto Vladimir Herzog, a premiação leva o nome de Fernando Pacheco Jordão, que contribuiu para o desenvolvimento profissional dos focas

Da esquerda para a direita: Rogério Sotilli, dretor executivo do Instituto Vladimir Herzog, as estudantes da FAC/UnB Júlia Giusti e Júlia Lopes, a docente Rafiza Varão e o jornalista Leonêncio Nossa. Foto: Reprodução/Instituto Vladimir Herzog

 

As estudantes de jornalismo da Universidade de Brasília Júlia Giusti e Júlia Lopes foram premiadas no 16º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog. A pauta De sonho e de pó: a vida das meninas e jovens mulheres no Sol Nascente, a maior favela do Brasil foi selecionada para representar a região Centro-Oeste junto a outras quatro pautas de diferentes regiões do país. Esta é a primeira vez que a Faculdade de Comunicação (FAC/UnB) e o Distrito Federal conquistam esse prêmio. A cerimônia de premiação ocorreu em 30 de outubro, em São Paulo.

 

“É uma honra e uma alegria muito grande receber esse prêmio, tanto pensando no jornalista Vladimir Herzog quanto no que essa experiência agregou em minha trajetória profissional", diz Júlia Giusti. “Foi uma oportunidade maravilhosa e única em que pudemos exercitar a escuta e contar histórias de meninas tão especiais que acompanhamos de perto. Então, sinto orgulho e realização pelo trabalho que fizemos e espero que isso mostre a jovens jornalistas, como eu, o poder da nossa profissão e que somos capazes de grandes feitos."

 

Nesta edição, o concurso propôs a estudantes de todo o Brasil desenvolver pautas com base nos dados do Censo Demográfico 2022 com o tema As várias caras do Brasil: o que o novo censo revela sobre a população brasileira. O Instituto recebeu mais de 100 propostas de 242 estudantes. As equipes vencedoras receberam bolsas de R$ 5 mil para executar suas reportagens e contaram com a mentoria de jornalistas convidados pelo Instituto.

 

Sob a orientação da professora da FAC Rafiza Varão e com a mentoria do jornalista Leonêncio Nossa, as estudantes produziram o documentário De sonho e de pó, em parceria com a UnBTV, disponível para assistir no canal do YouTube do Instituto Vladimir Herzog (confira ao final da matéria). O Sol Nascente, classificado no último censo como a maior favela urbana do Brasil, serve de cenário para a narrativa que explora os sonhos e as ambições de seis meninas, entre 12 e 16 anos, que vivem na região administrativa do Distrito Federal.

 

“Essa premiação reforça a importância da luta pelos direitos humanos, e vemos isso com clareza ao nos aprofundar em pautas que envolvem justamente essa temática”, destaca Júlia Giusti. “Retratar a vida das meninas no Sol Nascente, no nosso caso, é essencial observar o contexto da desigualdade e da carência de serviços básicos, como transporte, saúde e educação. Dar voz a elas é nosso dever como futuras jornalistas e, com isso, também chamamos atenção para a necessidade de políticas públicas para os moradores da região.”

 

A estudante conta que trabalhar com os dados do censo 2022 foi um desafio porque, no momento em que produziam o documentário, eles ainda estavam sendo divulgados. Ela destaca o desafio das entrevistas não só pelo fato de algumas meninas serem mais tímidas, como também para achar a melhor abordagem. “Foi um trabalho de escuta atenta e diálogo para retratar as histórias no documentário com respeito e ética”, diz, ao citar temas que considerou mais sensíveis, como a gravidez na adolescência.

 

“Quero destacar a iniciativa do Instituto Vladimir Herzog como uma ação que tem impactado, ao longo dos anos, a formação de jovens estudantes que, tenho certeza, sentirão para sempre a necessidade de defender não só o jornalismo, mas os direitos humanos”, ressalta a professora da Rafiza Varão. “O prêmio tem dois aspectos: a importância formativa de um processo intenso de viver o jornalismo cotidianamente num grande e profundo contato com todas as suas fases – pauta, apuração, redação, produção, edição e publicação – e a vivência cotidiana das exigências éticas da profissão, comprometendo as estudantes, de forma incontornável, com a prática exigente, correta e de excelência ao mostrar vivências de forma plural, a partir do respeito aos direitos humanos”, avalia.

 

Desde sua criação em 2009, o prêmio já mobilizou mais de 2.500 estudantes e colaborou com a produção de 58 reportagens. O projeto homenageia o jornalista Fernando Pacheco Jordão, que contribuiu para o desenvolvimento profissional de jovens jornalistas, e Vladimir Herzog, jornalista assassinado em 1975 pela ditadura militar, sendo um símbolo de luta pela liberdade de imprensa e pelos direitos humanos.

 

Assista ao documentário De sonho e de pó, das discentes Júlia Giusti e Júlia Lopes

 

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