MÚSICA

Cantor e compositor participou de palestra no auditório do Departamento de Música

Foto: Julia Seabra/UnB Agência

 

Voz, violão, partituras escritas à mão e uma prosa muito bem-humorada deram o tom à conversa de Dori Caymmi com o público que acompanhou a palestra do músico, nesta quarta-feira (29), no Instituto de Artes da Universidade de Brasília (IdA/UnB). O compositor de 71 anos contou momentos da sua trajetória, destacando sua carreira como arranjador e o desafio de dar um caráter contemporâneo a músicas imortalizadas por grandes artistas. "Eu tenho uma visão mais moderna da música, mas a minha preocupação foi sempre respeitar o autor, a sua essência”, ressaltou.

 

Dori presenteou a plateia tocando e cantando músicas como "Marina", "Alegre Menina", "Linda Flor" e "Aquarela do Brasil". Também arrancou risos com um bate-papo descontraído: "Eu sou bem patriota, uma vez perguntaram se eu não tinha influências dos Beatles e respondi que sou amigo do João Gilberto, do Antônio Carlos Jobim, do Baden Powell, gosto de Noel Rosa, Ary Barroso, meu pai é o Dorival Caymmi. Onde é que entra o John Lennon nesta história?”, brincou.

Foto: Julia Seabra/UnB Agência

 

O artista veio a Brasília a convite de Antonio Carlos Bigonha, mestrando do Departamento de Música da UnB. Sob orientação do professor Antenor Ferreira Correa, ele desenvolve a pesquisa "Dori Caymmi: a ressignificação da obra musical por um arranjador brasileiro". Bigonha aponta que o estudo, a ser concluído no próximo ano, observa o arranjador como um intérprete, diferente da perspectiva tradicional mais voltada à análise do profissional como compositor. "Na nossa visão, é dentro de um processo de interpretação que o arranjador dá nova roupagem instrumental, novos conceitos harmônicos e outro horizonte contemporâneo a uma música do século XX, por exemplo”, ressalta o estudante.

 

Segundo o professor Correa, o contato dos estudantes do Departamento de Música com um profissional reconhecido nacional e internacionalmente é enriquecedor e “uma oportunidade única de aproximar a universidade da tradição prática da música popular brasileira”. Para Dori Caymmi, o compartilhamento de experiências contribui para que os estudantes conheçam um pouco da memória e da história dos artistas do nosso país e para o incentivo à produção da genuína música brasileira.

 

Saiba mais sobre a vida e obra de Dori Caymmi.

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