ESPORTE

Bernardo Oliveira, atleta olímpico e aluno da UnB, fala sobre experiência na Rio 2016

 

Foto: Júlio Minasi / Secom UnB

 

"Participar dos Jogos Olímpicos é um sonho. Dentro de casa, então, não tenho como descrever". É assim que Bernardo Oliveira, atleta do tiro com arco e estudante de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília, compartilha a experiência que marca sua trajetória e também a história da modalidade no país. Pela primeira vez, o Brasil avançou nas etapas da competição, com o atleta terminando em 17o lugar e Anne Marcella, da equipe feminina, em 9o.

 

No Rio de Janeiro, Bernardo fez sua estreia nas Olimpíadas. Nos Jogos de Londres, em 2012, havia participado do Projeto Vivência Olímpica, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que levou 16 jovens atletas para conhecer de perto a competição. Foi ali que a simbólica chama olímpica contagiou o arqueiro. "Foi uma experiência muito impactante. Me lembro de dizer para mim mesmo naquela época: 'Bernardo, você tem que fazer tudo o que for possível para estar competindo na Rio 2016'". Os quatro últimos anos foram, então, de muito treino e de participação em diversos torneios como Campeonato Brasileiro, Copa do Mundo, Campeonato Mundial, Jogos Pan-Americanos, Jogos Mundiais Militares.

 

A reta final de preparo para a Rio 2016 começou em janeiro, quando Bernardo e toda a equipe masculina e feminina se alojaram em uma das bases do COB, montada no Centro de Capacitação Física do Exército, no bairro da Urca, Zona Sul da cidade. “Tivemos uma rotina muito forte de treinos, com apenas uma folga por semana. Além da preparação física, contamos com psicólogo, massoterapia, fisioterapia preventiva, massoterapia, coaching. A rotina começava por volta de sete horas da manhã e, às vezes, ia até oito da noite”, relata e expressa sua gratidão aos “profissionais que fizeram um trabalho incrível” para que os atletas pudessem estar diariamente recuperados para render mais.

 

"A nossa meta era ganhar uma medalha, no masculino ou feminino, individual ou por equipe. Infelizmente não aconteceu", compartilha Bernardo. “A gente teve um resultado histórico. Minha pontuação final foi só alguns pontos abaixo da minha melhor marca internacional. Também fico muito feliz pela Anne [que avançou para as oitavas], uma menina simples, de família humilde. Ela já havia desfilado no sambódromo anos atrás no carnaval. Vê-la ali, dessa vez como atleta, dando muito alegria para a torcida, traz uma felicidade imensa”.

 

Da Passarela Darcy Ribeiro (mais conhecida como Sambódromo da Marquês de Sapucaí) ao campus que também leva o nome do antropólogo, fundador e professor emérito da UnB, o estudante de Engenharia Mecânica retoma a vida universitária. "Está sendo uma nova adaptação. Acabei perdendo muita aula por conta dos Jogos e já voltei com tudo pegando fogo. A parte acadêmica é como o esporte, você acaba perdendo o ritmo se ficar muito tempo sem praticar", conta sobre o período de um ano e meio que ficou com a matrícula da graduação trancada para se dedicar exclusivamente ao esporte.

 

Apesar da incerteza sobre como será o próximo ano, Bernardo planeja estudar bastante e treinar menos. "Teve uma época que conciliei o treino com os estudos. Nessa reta final, tive oportunidade de ser arqueiro em tempo integral. Agora, volto à Universidade e estou avaliando como será. Provavelmente, irei fazer muitas matérias e mais para frente volto a treinar com intensidade para 2020".


O jovem agradece o apoio que sempre teve da direção, coordenação e docentes da Faculdade de Tecnologia. “Eu tenho duas grandes paixões na minha vida: uma é o tiro com arco e outra é a Engenharia. Estou voltando para uma delas. Ser atleta é muito bom, mas também estou muito feliz de voltar para a Universidade”.

 

TRAJETÓRIA – Bernardo começou no esporte em 2005, quando tinha 11 anos de idade. Três anos depois já estava disputando sua primeira competição internacional e conquistando duas medalhas de prata e quatro de bronze na categoria juvenil do pan-americano de tiro com arco, na Venezuela. Desde então, o atleta coleciona vitórias, destaque para as quatro medalhas de ouro, uma prata e um bronze nos Jogos Sul-Americanos Medellín (2010); dois títulos brasileiros na categoria adulta (2009 e 2013); prata no Pré-Olímpico das Américas em 2012; bronze nos Jogos Pan-Americanos, em Toronto, Canadá – primeira medalha pan-americana do tiro com arco brasileiro em 32 anos, a última havia sido ganha em 1983 em Caracas, Venezuela.

 

Atletas treinaram no Centro de Excelência durante a preparação para Olimpíadas. Foto: Isa Lima / Secom UnB
Atletas treinaram no Centro de Excelência durante a preparação para Olimpíadas. Foto: Isa Lima / Secom UnB

 

DO TIRO AO SALTO – Outro brasiliense que competiu nas Olimpíadas foi Hugo Parisi, atleta que treina no Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília. As lesões que prejudicaram os treinos do saltador – dores nas costas fruto de uma hérnia de disco e uma fratura na base do polegar direito – não o impediram de conquistar um bom resultado. Em sua quarta participação nos jogos, obteve sua melhor pontuação até então e finalizou em 16o lugar.

 

Parisi afirma que a sensação é de dever cumprido e que, apesar de não estar em seus planos participar das próximas Olimpíadas, pretende continuar saltando. “Vou continuar no Centro de Excelência ajudando os futuros talentos. Meu principal objetivo é fazer com que os saltos ornamentais cresçam ainda mais no país. Brasília já é a capital dos saltos ornamentais e a gente tem que dar mais atenção aos atletas que estão surgindo”.

 

Para Ricardo Moreira, coordenador técnico da Seleção Brasileira de Saltos Ornamentais e coordenador do Centro de Excelência, a estrutura oferecida aos atletas, que inclui uma equipe de profissionais multidisciplinares, é “um trabalho pioneiro que vai mudar o rumo dos saltos ornamentais do país nos próximos anos”. Satisfeito com as conquistas da Rio 2016, ele afirma que os resultados vão ser ainda melhores no futuro porque a nova geração está começando com a estrutura que é necessária para avançar. “Para mim, esse é o investimento mais acertado que podemos fazer", pontua o técnico. 

 

CONHEÇA - O Centro de Excelência em Saltos Ornamentais está localizado no Centro Olímpico da UnB. A iniciativa pioneira é fruto de parceria do Ministério do Esporte com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e a Universidade de Brasília. Além dos atletas de alto nível que se preparam no local, a estrutura atende equipes infantis que possuem potenciais atletas para a modalidade no país. Interessados podem entrar em contato pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.