CERIMÔNIA

Com trajetória ligada a políticas de democratização na área, professor aposentado da Faculdade de Comunicação recebeu homenagens em solenidade

 

O homenageado, Murilo Ramos, é saudado por sua comitiva de honra. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

“Quem tem a oportunidade de conversar com ele, um entusiasta das áreas do pensamento, tem muito a aprender.” A declaração de Samuel Possebon sobre o sogro, o professor emérito da UnB Murilo César Oliveira Ramos, encontrou eco em sorrisos de amigos, familiares e colegas de profissão durante a solenidade de outorga do título, nesta terça-feira (14), no auditório da Reitoria.

 

A história deste apaixonado torcedor do Fluminense foi apresentada pelo diretor da Faculdade de Comunicação (FAC), Fernando Oliveira Paulino. Depoimentos de admiradores revelaram a riqueza da trajetória pessoal e profissional do homenageado.

 

Atuante na formulação de marcos regulatórios da área de políticas públicas de comunicação, Murilo Ramos tornou-se professor da UnB em 1974. A história da instituição se confunde com a sua, principalmente quando o assunto é defesa da democracia e liberdade de expressão.

 

“Camburões entraram na UnB e estudantes foram expulsos. Naquele momento, o MEC estava ao nosso lado, hoje ele é parte do cerco à educação”, comparou, referindo-se ao contingenciamento sem previsão de término pelo qual as universidades e institutos federais passam.

 

Antes de ser docente da FAC, o homenageado ocupou a função de chefe da seção de relações públicas e imprensa da Reitoria, nas gestões de Amadeu Cury (1971-1976) e de José Carlos Azevedo (1976-1985).

 

Durante o trabalho com o primeiro, testemunhou a expulsão de sete estudantes que lideraram uma tentativa de recriação de diretório universitário. Mais tarde, viu o comandante da Polícia Militar do DF sentar-se na cadeira do ex-reitor e coordenar uma invasão ao campus.

 

“O que eu jamais poderia imaginar é que voltaria a este auditório, 42 anos depois, premido por uma angústia, senão maior, pelo menos igual à daqueles tempos abertamente autoritários”, acrescentou, alertando para os dias atuais.

“O que está em curso é a banalização do saber, da pesquisa, do ensinar e aprender”, discursou Murilo Ramos. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

“Nosso campus hoje – e não apenas o nosso, ressalte-se – está cercado por forças talvez mais retrógradas do que as daquela época”, disse, em seu discurso de agradecimento.

 

Outros momentos históricos, como a formação da assembleia constituinte de 1987, foram mencionados pelo professor Murilo Ramos. Para ele, os tempos de redemocratização trouxeram muito aprendizado.

 

A experiência vivida naqueles dias contribuiu para o surgimento do Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom), vinculado à linha de pesquisa Políticas de Comunicação e de Cultura, do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação (PPGCom/FAC). O eixo de pesquisa do LaPCom gira em torno do estudo e da formulação de bases normativas em direção a um novo modelo institucional para a comunicação brasileira.

 

Outro ponto de destaque da fala do emérito foi o jornal-laboratório Campus, da Faculdade de Comunicação. “Era um jornal da comunidade, me orgulho do tempo que passei lá”, lembrou.

 

UM AVÔ DEDICADO – Descrito como multifacetado pela família, Murilo Ramos é tido como um indivíduo muito humano. “Ele é o mais sensível da nossa casa, que tem três mulheres”, disse a filha Fernanda Ramos. A sensibilidade se traduz na qualificação como avô exemplar, “sempre pronto para acompanhar os netos”, como acrescentou Fernanda. Psicóloga e professora, a filha contou se inspirar na moralidade de Murilo Ramos para exercer as atividades.

 

Raquel Ramos herdou do pai a profissão de jornalista e o gosto pela leitura. “Durante meu curso, me recordava de nomes de livros que havia nas prateleiras. Eu lia as lombadas desde criança”, lembrou. A quantidade de papéis pela casa e a máquina de escrever – essencial para a profissão à época – trouxeram a ela a paixão pela escrita.

 

“Ele é merecedor dessa homenagem, foi sempre muito dedicado e soube dividir bem o tempo entre trabalho e família”, elogia a esposa, Marilene Ramos. Após mais de quatro décadas de união, ela conta sempre ter se alegrado com o entusiasmo demonstrado pelo marido a cada nova realização. “E é assim também no dia de hoje”, admitiu.

 

 

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