RECONHECIMENTO

Docente aposentado torna-se o segundo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo a possuir a distinção

Cercado por grande comitiva, Frederico de Holanda exibe seu diploma de emérito. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

O docente Frederico Rosa Borges de Holanda recebeu, no último dia 2 de julho, o título de Professor Emérito da Universidade de Brasília. Arquiteto reconhecido e professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), ele é o segundo dessa unidade a receber o título.

A outorga foi aprovada na 458ª reunião do Conselho Universitário (Consuni), em 13 de maio. A solenidade no auditório da Reitoria selou a entrega do diploma ao docente. A cerimônia foi marcada de emoção. Logo de início, foi exibido a uma plateia repleta de amigos, familiares e colegas de vida acadêmica, o trailer do mais recente filme de Frederico de Holanda, Brasília: Sinfonia de uma capital, lançado em 2018.

Na obra, o novo emérito apresenta diversas facetas da cidade, da arquitetura marcante a cenas do cotidiano, sempre ao som de música clássica. Opondo as obras monumentais a contradições econômicas e sociais da periferia e do centro da capital, Holanda expressa o melhor e pior que a cidade pode oferecer à população.

Além da reitora Márcia Abrahão e do homenageado, participaram da mesa da solenidade o diretor e a vice-diretora da FAU, Marcos Magalhães e Cláudia Garcia. Na comitiva de recepção ao emérito, estavam sua esposa, Thereza Rosa Borges de Holanda, bibliotecária aposentada da UnB, o primeiro professor emérito da FAU, José Carlos Córdova Coutinho, a professora aposentada da FAU Maria Elaine Kohlsdorf, o arquiteto da Câmara dos Deputados e primeiro orientando do homenageado, Valério Augusto de Medeiros, e a jornalista, cronista e escritora Conceição Freitas.

TRAJETÓRIA Em seu discurso, o professor recordou a influência dos pais sobre sua formação. Contou que sempre garantiram a ele um padrão cultural elevado, levando-o a frequentar desde seu nascimento, em 1944, os círculos intelectuais de Recife, ricos em diversidade e conceitos. “Como papagaio de pirata, eu, adolescente, presenciava reuniões daqueles pensadores irreverentes, acidamente irônicos e bem-humorados. O convívio marcaria profundamente este futuro arquiteto”, disse.

Sorridente, Frederico de Holanda fez agradecimentos em seu discurso. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

O emérito citou grandes nomes da ciência e cultura mundial, como Pablo Picasso, Machado de Assis, Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Stanley Kubrick, Paulo Zimbres, Athos Bulcão, Joaquim Cardozo, Milton Ramos e Burle Marx como referências que formaram seu “socionoma”, neologismo apontado como seu genoma cultural.

Em agradecimento, destacou a relevância de amigos, de parceiros profissionais, de sua esposa e seus dois filhos, Pedro e Joana – ambos professores doutores em universidades públicas do país – em sua caminhada. Ao pontuar sua trajetória acadêmica, lembrou da graduação em arquitetura pela Universidade Federal de Recife, em 1966, seguidos do mestrado e doutorado orientados pelo expoente Bill Hillier, na Universidade de Londres.

Múltiplo, Frederico de Holanda foi da gratidão aos pares à indignação social e política, ao questionar sobre em quem recai a responsabilidade do assassinato de Marielle Franco, em 2018. “Esse crime simboliza à excelência a exclusão. Marielle era jovem, negra, provinha da periferia pobre e encarnava também mais identidades estigmatizadas: a de mulher, de esquerda e homossexual. Quem mandou matá-la?”, perguntou.

O emérito destacou ainda o fato de receber o título das mãos da professora Márcia Abrahão, primeira mulher eleita para a Reitoria da Universidade de Brasília. O momento trouxe a ele a recordação de seus tempos de juventude, quando uma professora de Filosofia se tornou a primeira mulher do quadro docente da Faculdade de Direito de Recife, em 1965, tornando-se emérita da mesma instituição, em 2006.

Direção da FAU e reitora compuseram mesa da solenidade. Foto: Heloíse Corrêa/Secom UnB

 

Grata pela comparação, a reitora Márcia Abrahão cumprimentou os presentes e agradeceu ao emérito pela oportunidade de lhe outorgar o título. “Depois de tudo a que assistimos, do que ouvimos, temos muito pouco a falar. Cumprimento com louvor nosso mais novo emérito”, manifestou. “Ainda bem que estou viva para celebrar este grande momento.”

A reitora parabenizou os professores Benny Schvarsberg e Ricardo Trevisan, ambos da FAU, por emitirem a solicitação de outorga ao Consuni.

O momento musical da cerimônia traduziu a diversidade presente no espírito do homenageado. A pedido de Frederico de Holanda, os instrumentistas Thales Silva e Sammille Bonfim tocaram Prelúdio, de Johann Sebastian Bach, Gracias a la vida, de Violetta Parra e Coisas do mundo, minha nega, de Paulinho da Viola.

 

O professor Frederico Rosa Borges de Holanda produziu um vídeo da cerimônia. Confira abaixo:

 

 

 

*estagiário de Jornalismo na Secom/UnB.

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