O professor Diego Marques Ferreira, do Departamento de Matemática da Universidade de Brasília, é o mais novo membro afiliado da Academia Mundial de Ciências (TWAS, sigla em inglês). O anúncio foi realizado no fim de outubro pela organização. O matemático cearense é um dos poucos representantes do Brasil a conquistar a honraria da entidade associada à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
“É uma grande honra fazer parte dessa academia e me juntar a grandes cientistas brasileiros que são pioneiros na ciência do país. Sinto que meu trabalho tem sido reconhecido e que estou no caminho certo no intuito de fortalecer a ciência no Brasil”, comemora Ferreira, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Natural de Fortaleza, Diego sempre se deu bem com os números desde a infância. A mãe ficava impressionada com a capacidade do menino em resolver problemas e não foi surpresa a trajetória até aqui pavimentada na área da matemática.
“Com três anos, já sabia fazer contas de adição e subtração com números de um e dois algarismos. Sempre fui bom em reconhecer padrões, em argumentar de forma lógica, sempre tive ótimas notas, em matérias de Exatas, durante o meu ensino médio. Mas apenas quando ingressei no bacharelado em matemática foi que vislumbrei a essência e a imensidade daquele novo mundo que se abriu para mim”, conta o pesquisador, que fará parte do grupo de afiliados da TWAS até 2029.
A vocação desenvolvida no ensino médio fez Ferreira ingressar na graduação em Matemática pela Universidade Federal do Ceará (UFC), onde também completou o mestrado em 2007. Dois anos mais tarde, finalizava seu doutorado na UnB. Ele admite que tem muito orgulho de sua trajetória, especialmente por ter passado por duas instituições de respeito de regiões diferentes do Brasil.
“Sou do Ceará, um dos polos mais importantes no que se refere às Olimpíadas de Matemática. Tive muita sorte de ter nascido lá. Vim fazer meu doutorado em Brasília em 2009, defendi minha tese de doutorado e, em novembro daquele ano, eu já era professor do Departamento de Matemática da UnB”, narra.
Além de fazer parte do corpo docente da UnB, Ferreira é coordenador da Olimpíada de Matemática do Distrito Federal (OMDF), coordenador regional da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e também do projeto do Portal da Matemática (OBMEP). Suas contribuições também englobam o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e reconhecido pela Capes e o Ministério da Educação.
CRESCIMENTO – Ao recordar dos primeiros passos na vida acadêmica, Ferreira admite que seu objetivo inicial mudou conforme os anos foram passando. Porém, ele enxerga com orgulho sua evolução no cenário científico mundial.
“Quando comecei a estudar matemática e perceber que eu era bom naquilo, queria muito mudar de vida e poder viver somente da – e para a – matemática. Queria poder pensar nos problemas, ir para congressos, dar palestras e orientar alunos de mestrado e doutorado. Porém, era tudo distante. Quando me tornei professor da UnB aos 25 anos e fui eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), percebi que poderia ir longe”, declara.
Hoje, Diego Marques Ferreira é uma das maiores referências do Brasil em Teoria dos Números, mas o caminho até o reconhecimento foi árduo. Por isso, o matemático reforça aos mais jovens que persigam seus sonhos mesmo com percalços e desestímulos, ainda que da própria família.
“Recebo muitas mensagens de jovens que gostam de matemática, mas que os familiares os desencorajam dizendo que é algo que não tem retorno financeiro, que não tem futuro. Então, eu sempre digo que sejam fortes em suas escolhas. Eu também fui criticado por alguns familiares por ter decidido pela matemática, mas ela é linda e generosa para quem a segue com afinco. Tem uma parte de uma música que gosto e que representa o que estou tentando transmitir: ‘quem entra para sair no lucro, nunca vai ficar na memória’. Por fim, desejo a vocês, mentes ávidas do amanhã, que não desistam, divirtam-se e um dia vamos nos encontrar em algum congresso por aí”, conclui Ferreira.
Leia também:
>> Nossas cientistas de padrão internacional