Universidade de Brasília, campus Darcy Ribeiro. Moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) saem em direção ao Instituto Central de Ciências (ICC). Após vencer a via L4 Norte e os 550 metros restantes até o maior prédio do campus, o Minhocão, centenas de jovens se deslocam diariamente até suas aulas, passando por corredores distribuídos em um quilômetro de térreo, subsolo e mezanino. Nos arredores, milhares de carros lotam estacionamentos que cercam os vários prédios acadêmicos. Os campi de Ceilândia, Gama e Planaltina também ficam repletos com a chegada dos universitários.
Desde o início deste segundo semestre de 2018, toda a movimentação nestes espaços, inclusive em locais ermos, é filmada por 350 câmeras de videomonitoramento. As imagens são acompanhadas pelo olhar cuidadoso da equipe de vigilância que trabalha na Sala de Controle e Videomonitoramento da Universidade, cuja localização não será divulgada por questões de segurança. Equipada com 12 monitores de 40 polegadas e servidores para armazenar as imagens recebidas, esta central funciona ininterruptamente: 24 horas por dia, sete dias por semana.
Em plena operação desde o mês de setembro, o sistema de videomonitoramento da Universidade de Brasília faz parte das recentes medidas implementadas em prol da segurança nos campi universitários. “Com esse quantitativo de câmeras conseguimos mapear bem o campus Darcy Ribeiro e os demais campi. É fundamental a sensação de segurança que esse sistema traz para comunidade. Já temos recebido um retorno positivo", avalia o prefeito do campus, Valdeci Reis.
Toda ocorrência ou situação de potencial perigo deve ser informada à central de segurança da UnB, por telefone, nos números a seguir, a depender do campus em questão. Campus Darcy Ribeiro 3107 6222; Faculdade UnB Ceilândia (FCE) 3107 5859/6222; Faculdade UnB Gama (FGA) 3107 8905; Faculdade UnB Planaltina 3107 8076/8006. A participação da comunidade potencializa o bom funcionamento dos serviços de segurança da Universidade. Os telefones recebem chamadas 24 horas por dia.
COMO FUNCIONA – Também chamado de Circuito Fechado de TV (CFTV), o sistema da UnB conta com três tipos de câmera: a PTZ, a Bullet e a Dome. Trezentas unidades estão divididas entre os dois últimos modelos, e as câmeras PTZ somam as demais 50 unidades.
Mais eficiente entre os modelos, as câmeras PTZ têm extenso alcance angular, com movimentação de 360°, e podem ter alcance de imagem em até 800 metros de distância. Outro benefício é que a movimentação destas câmeras pode ser controlada remotamente, possibilitando ao profissional de segurança obter o ângulo de interesse de acordo com a situação.
Os modelos Bullet e Dome também são modernos, tratando-se, porém, de câmeras fixas. O modelo Bullet é mais indicado para áreas externas, como estacionamentos ou entradas de prédios, e o Dome geralmente é adotado em ambientes internos.
Segundo Wilson Samarcos, coordenador-geral de administração da Prefeitura do Campus (PRC) e presidente da comissão do sistema de videomonitoramento da UnB, as câmeras foram instaladas prioritariamente nos corredores de segurança – cinco trajetos nas principais vias do campus Darcy Ribeiro que receberam reforço na iluminação e no quantitativo de profissionais de segurança, visando oferecer à comunidade rotas seguras para o deslocamento.
“Com essa quantidade de equipamento, conseguimos um bom mapeamento dos quatro campi da UnB. Se não houver câmera em determinado ponto, haverá nas imediações. Assim é possível verificar o fluxo na localidade e ter informações importantes em casos de delito ou situações suspeitas”, esclarece Samarcos.
A explicação se aplica à Casa do Estudante (CEU). “Instalamos câmeras no prédio da CEU e nas edificações próximas, como o Centro Olímpico. No trajeto da CEU até a área central do campus Darcy Ribeiro existe uma avenida que não é gerida pela Universidade e, por isso, não foi possível instalar câmeras. Para contrapor isso, as câmeras instaladas nas proximidades são as de longo alcance, de forma a monitorar a maior extensão possível”, garante o coordenador.
Samarcos explica que, devido à sua extensão, o campus Darcy Ribeiro foi dividido por áreas. “Cada profissional que trabalha na sala de controle é responsável por monitorar determinadas áreas. Se há uma situação suspeita, então eles acionam a Central de Segurança da UnB para que vá ao local ou acione a polícia, de acordo com a situação.”
“Visitamos todos os prédios antes de definir onde seriam instaladas as câmeras. Subimos no topo dos edifícios para checar qual seria a vista para estacionamentos, entradas, corredores”, conta o técnico em eletroeletrônica Igor Luiz de Moura, servidor da UnB. Conhecer o espaço onde o equipamento está disposto é importante também para quem monitora as imagens.
“Faz parte do treinamento que o profissional de segurança conheça o ambiente monitorado pelo equipamento. Por isso, os seguranças visitam o local pessoalmente, para avaliar se existe algum ponto cego não coberto pelas câmeras, identificar entradas e saídas de veículos e pedestres”, detalha Moura. A equipe que atua na Sala de Controle e Videomonitoramento é composta por funcionários terceirizados da empresa de segurança que presta serviços à UnB.
BASTIDORES – O padrão do sistema de videomonitoramento da UnB foi elaborado a partir de pesquisas e de visitas técnicas a salas de monitoramento de órgãos públicos de segurança e de empresas privadas do Distrito Federal.
“Embasados nesse conhecimento, chegamos ao formato adequado para a UnB. Isso incluiu a opção por utilizar a rede de infraestrutura já existente, que é muito boa e abrange quase a totalidade das edificações”, detalha Samarcos. Ele esclarece que a escolha permitiu reduzir custos. “Não foi preciso instalar postes ou trazer novos cabos de energia e de dados. Essa opção também nos possibilita expandir o sistema com facilidade."
Em paralelo às definições referentes à estrutura física, foram elaborados protocolos de atuação de profissionais. Somente pessoas autorizadas pela PRC podem entrar na Sala de Controle de Videomonitoramento, por exemplo. Não é permitido portar acessórios, como bolsa ou pasta, e nenhum tipo de equipamento eletrônico no ambiente, com destaque para celulares e câmeras fotográficas. Para assegurar que as normas serão cumpridas, um profissional da segurança faz a checagem usando um detector de metais.
Outra preocupação diz respeito ao uso das imagens. “Estamos em um ambiente muito grande, onde acontecem coisas diversas. Por isso, há um cuidado sobre quem pode ver esses registros, para não causar dano à imagem da Universidade, das pessoas e do patrimônio envolvido”, detalha Samarcos.
UNIVERSIDADE SEGURA – Para reduzir o número de ocorrências, prevenir atos de violência e aumentar a sensação de segurança em seus campi, a Universidade de Brasília tem adotado estratégias diversas e integradas. O planejamento das ações é realizado pelo Comitê Consultivo Permanente para a Gestão de Segurança na UnB, instituído no fim de 2017.
“Várias medidas recentes, como os corredores de segurança, as cadeiras de observação nos estacionamentos e o uso de câmeras, já trazem resultados positivos”, avalia a professora Mônica Nogueira, assessora de Assuntos Estratégicos do Gabinete da Reitoria (GRE).
A assessora ressalta que a segurança é um processo contínuo e que “passa pelo engajamento da própria comunidade e pelo estabelecimento de uma cultura de cidadania associada à segurança”.
De acordo com ela, as medidas têm sido pensadas a partir de pesquisas para apreciação das melhores práticas adotadas por outras universidades e órgãos públicos, com adoção de tecnologia de ponta. “Ciência e tecnologia aplicada à segurança”, completa.
Entre as prioridades atuais do comitê, está a definição do protocolo para cessão de imagens. “Estamos buscando as melhores referências na área, para garantir respeito à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Enquanto o protocolo não for definido, a cessão de imagens só é permitida após prévia aprovação pelo comitê”, informa Mônica Nogueira.
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