OPINIÃO

Rodolfo Augusto Melo Ward de Oliveira é programador Visual da UnB. Doutorando em Artes Visuais e mestre em Arte Contemporânea pela linha de pesquisa, Arte e Tecnologia, da Universidade de Brasília - UnB (2019). Pós-Graduado em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais IREL/UnB (2020). Pós-Graduado em Análise Política e Políticas Públicas pelo Instituto de Ciência Política - IPOL/UnB (2018).

Rodolfo Ward

 

Com a explosão das imagens digitais, alguns acadêmicos deslocaram sua atenção para um novo campo de estudo denominado estudos visuais. Mirzoeff (2003) define a cultura visual como uma tática ou estratégia interdisciplinar que busca estudar a genealogia, a definição e as funções dos acontecimentos visuais pós-modernos, priorizando a experiência cotidiana do sujeito e levando em consideração que o sujeito/consumidor busca a informação, o significado e o prazer conectados à tecnologia visual. Mirzoeff (2003) entende que tecnologia social é qualquer forma de aparato projetado para observação ou para aumentar a visão natural, desde a pintura a óleo, passando pela televisão até a internet. “De minha parte, acredito que a cultura visual é uma prática que tem a ver com as formas de ver, com as práticas de olhar, com os sentidos do que chamamos de espectador, aquele que olha ou vê” (MIRZOEFF, 2009, p. 70). 

 

A cultura visual, por ser uma disciplina tática e não acadêmica, pretende ir além dos limites demarcados pelas disciplinas acadêmicas tradicionais propondo interagir com a vida cotidiana dos indivíduos, de certa forma seguindo o caminho dos estudos culturais, iniciados na década de 1960, que promovem crítica ao modelo acadêmico existente. 

 

A partir dos anos 1960, as universidades norte-americanas foram ocupadas por movimentos populares chamados Cultural Studies2, que objetiva inserir os movimento sociais – como o Movimento Negro, o Movimento Feminista, o Movimento Gay e Lésbico – no contexto acadêmico para desconstruir o modelo binário existente à época. Esses movimentos conhecidos como movimentos de contracultura são caracterizados pela contestação de valores sociais preestabelecidos e adotam uma postura de crítica radical em face da cultura convencional, que tem início por volta dos anos 1960 e se estende até a década de 1970 (HOBSBAWN, 2000; MACIEL, 1973).  

 

A efervescência social e cultural dessas décadas promoveu diversas pesquisas acadêmicas transversais ligadas à arte e à cultura. Segundo Monteiro e Schiavinato (2008), a partir dos anos 1990, sobretudo nos EUA, desenvolveu-se um campo de pesquisa chamado de Estudos Visuais, articulando artes, comunicação, antropologia, história e sociologia. As pesquisas que daí emergiram problematizaram, numa perspectiva multidisciplinar, a centralidade das imagens e a importância do olhar na sociedade ocidental contemporânea, a forma como os diversos tipos de imagens perpassam a vida social cotidiana (a visualidade de uma época) e também a relação das técnicas de produção e circulação das imagens com o modo como são dados a ver os diferentes grupos e espaços sociais (os padrões de visualidade), propondo um olhar sobre o mundo (a visão) mediando a compreensão da realidade e inspirando modelos de ação social (os regimes de visualidade).  

 

Por meio dos estudos em cultura visual, sabe-se hoje que os regimes de visualidade de uma cidade, por exemplo, refletem as características das pessoas que ali habitam e propõem uma comunicação por meio de simbologias que podem ser assimiladas facilmente por quem vive nela

 

 

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