Há exatos 20 anos, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe/UnB) aprovava uma proposta que prometia inovar a forma de seleção de estudantes. Nascia oficialmente o Programa de Avaliação Seriada (PAS), que a partir de 1996 passou a acompanhar o desenvolvimento dos alunos durante os três anos do ensino médio. "Foi uma possibilidade de transformação pedagógica da escola. Deu-se início a uma avaliação processual em lugar de uma episódica", afirmou o decano de Ensino de Graduação, Mauro Rabelo, nesta terça-feira (18), em cerimônia de aniversário do programa, no Instituto de Química.
Mais do que uma alternativa ao vestibular, o PAS proporcionou mudanças estruturais na educação e serviu de parâmetro para novas provas em todo o país. "Influenciou direta e indiretamente várias outras avaliações, entre elas o Enem", disse o decano, que integrou a primeira comissão do programa e é ex-diretor do Cespe. O gestor saudou a "ousadia" dos pioneiros e leu editorial do Jornal de Brasília de março de 1999, ano em que os primeiros aprovados no PAS ingressaram na Universidade. "Representa a vitória dos que lutam pela educação regular", registrou o texto.
Para o diretor do Cespe/Cebraspe, Paulo Portela, um dos trunfos do PAS é sua concepção a partir do diálogo entre professores universitários, de ensino médio, pais e estudantes. "É um projeto agregador", definiu. Ele também destacou a contribuição do programa à avaliação integral e à interdisciplinaridade. "[O PAS] está sempre inovando", reforçou, antes de pontuar a possibilidade de realização de provas eletrônicas como um desafio futuro para a avaliação.
A vice-reitora da UnB, Sônia Báo, afirmou ter muita clareza "dos avanços que o programa trouxe no processo de transformação dos ensinos médio e fundamental". Segundo ela, que acompanhou em casa o esforço da filha para ser aprovada no PAS, o processo seriado prepara melhor os estudantes, fortalece o processo de aprendizagem e combate a "decoreba".
Para o membro da comissão pioneira do PAS e secretário de Educação do DF, Júlio Gregório, o PAS alterou a lógica da "indústria dos cursinhos preparatórios" e valorizou a presença da universidade nas escolas. "Acredito que a expansão da UnB teve a influência do PAS".
HOMENAGEM – Um dos pontos altos da celebração foi a deferência ao professor emérito e ex-reitor Lauro Morhy, idealizador do PAS. Um certificado de reconhecimento foi entregue pelo Cespe à vice-reitora Sônia Báo, que representou Morhy, impossibilitado de comparecer em função de problemas de saúde. "Eu me arriscaria a dizer que o PAS foi a menina dos olhos do professor Morhy em toda sua trajetória como educador", declarou ela.
A homenagem teve sequência com a certificação de membros da primeira e da atual comissão de avaliação do programa. Segundo o integrante e professor Jairo Gonçalves, o "trabalho segue com toda a seriedade" e busca "cada vez mais estreitar os laços entre universidade e escola".
DESEMPENHO – Menos evasão, melhores notas. Esses são aspectos do desempenho dos estudantes que ingressam na UnB via PAS. De acordo com o decano Mauro Rabelo, os acompanhamentos realizados pela Universidade dão conta de que o total dos que conseguem se formar chega a ser mais de quatro pontos percentuais maior entre os admitidos por meio do programa. O Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) desses alunos também supera o dos que ingressam pelo Enem/Sisu ou pelo vestibular tradicional.
Confira artigo do decano Mauro Rabelo sobre os 20 anos de PAS.