Três times da Universidade de Brasília – dois do campus Darcy Ribeiro e um da UnB Gama (FGA) – estiveram na final da 28ª Maratona de Programação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), que ocorreu em outubro, em Chapecó, Santa Catarina. Dois deles se classificaram para a final latino-americana da International Collegiate Programming Contest (ICPC), prevista para acontecer em Guadalajara, no México, de 14 a 19 de março de 2024.
Formado pelo mestrando em Matemática Alberto Neto e pelos estudantes Lucas Cruz, de Ciência da Computação, e Tiago Fernandes, de Engenharia da Computação, o time ¿¿Heladito??, melhor da região Centro-Oeste, conquistou medalha de bronze na competição, alcançando a 11ª posição no ranking nacional e o 20º lugar na América Latina.
As Lenhadoras de Segtree, formado pelas estudantes de Ciência da Computação Maria Eduarda Carvalho, Maria Eduarda Machado e Nathália Oliveira, também classificaram para a próxima fase da competição como o melhor time feminino da América Latina.
O time da FGA, Me prova que eu tô certo, ficou em 38º lugar no Brasil e 102º na América Latina. No total, 16 equipes brasileiras seguem para a final latino-americana no México. Os times vencedores nesta próxima etapa disputam a final mundial.
"É uma sensação de conquista muito grande. Minha equipe estuda há anos por esse momento e finalmente ter esse objetivo realizado é uma grande satisfação", comemora Alberto Neto. "Nossa expectativa é de performar bem na Programadores da América e, quem sabe, trazer mais uma classificação na etapa mundial para a UnB", projeta.
"Há diversos bons resultados recentes, a UnB tornou-se referência de excelência na competição nos últimos anos", afirma o professor de Ciência da Computação Guilherme Novaes. "Temos esperança de que pelo menos um desses times avance para a final mundial", revela.
Guilherme é coach das equipes juntamente com o ex-aluno e duas vezes finalista mundial José Marcos Leite e o professor de Ciência da Computação Vinícius Ruela, um dos principais responsáveis pelos treinos e resultados obtidos pela UnB.
"O apoio institucional que temos recebido tem sido fundamental para viabilizar essas atividades. Sem o apoio do Departamento de Ciência da Computação e do Instituto de Ciências Exatas não teríamos conseguido tantos bons resultados", frisa Novaes.
APRENDIZADO – A primeira participação da UnB ocorreu em 1996, ano em que a Maratona SBC de Programação foi lançada no Brasil, recorda Vinícius. "A única equipe que representou o Departamento de Ciência da Computação foi coordenada pela professora Maria Elenita."
Criada com o objetivo de encorajar a busca de novas soluções de software, a maratona faz parte das competições regionais classificatórias para as etapas mundiais do ICPC em que times de três estudantes, representando suas universidades, são desafiados a resolver em cinco horas diversos problemas computacionais. Vence o que resolve a maior quantidade de problemas no menor tempo.
Além de permitir que os estudantes exercitem suas habilidades técnicas e soft skills, a competição, destaca o professor Guilherme, incentiva a busca pelo conhecimento e o desenvolvimento da autonomia no processo de aprendizagem. "Por exemplo, caso um competidor peça ajuda para resolver um problema, ele não receberá a resposta direta, mas dicas do conhecimento necessário ou de um detalhe do contexto que é relevante, de modo que consiga, por conta própria, chegar à solução deste problema", explica.
A programação competitiva, para o professor Vinícius, pode inclusive ser considerada um esporte da mente, pois envolve capacidade de raciocínio lógico, trabalho em equipe e resolução de problemas sob pressão. "Nesse sentido, os discentes que trabalham todas essas capacidades estarão preparados para os desafios que constantemente surgem na vida acadêmica e profissional”, acredita.
Outro aspecto, segundo o professor, é a formação de recursos humanos altamente qualificados. "As grandes empresas do ramo da computação no mercado de trabalho olham com carinho para os competidores e os programas de pós-graduação da área de computação também podem ser beneficiados ao receber excelentes candidatos”, diz.
O mestrando Alberto Neto corrobora: "Esse tipo de competição é bem importante pois te ensina coisas que nenhuma sala de aula proporcionará. Aprendemos a trabalhar em equipe e sob pressão, e aprendemos também o valor de estudar. Se você estuda um pouco por semana, isso acumula bastante ao longo de meses ou anos, e de repente estar entre os melhores deixa de ser um sonho e se torna realidade. As competições são, no fim, passageiras, mas o aprendizado dessa jornada é algo que fica com os competidores pelo resto da vida".