MULHERES NA CIÊNCIA

Eureka! Meninas na Física é uma das ações vinculadas a unidades acadêmicas que promovem a igualdade de gênero em áreas majoritária e historicamente masculinas

Ingrid Silvério, Sarah Rafaela, Erondina Azevedo, Safira Áthena e Carina Lyra na Experimentoteca do IF. Imagem: Reprodução UnBTV

 

“Quando eu entrei, no primeiro semestre, eu entrei numa sala que só tinha eu de mulher. A primeira frase que eu escutei falar, foi: ‘Moça, aqui talvez não seja seu lugar’.” – Sarah Rafaela, estudante de Física.

 

“Já me falaram que Física é coisa de doido e que eu ia passar fome porque eu escolhi ser professora, né? Que eles não acreditam muito que a gente tenha grande desenvolvimento aqui no Brasil.” – Safira Áthena, estudante de Física.

 

“O que aconteceu diretamente comigo foi eu estar em grupos só de meninos e eu a única mulher, e desmerecerem minha opinião e só utilizarem minha opinião como último recurso, sendo que foi algo que funcionou enquanto a deles não funcionava. Isso são microagressões que a gente só percebe depois, sabe?” – Carina Lyra, estudante de Física.

 

Esses relatos são de estudantes que participam do projeto de extensão Eureka! Meninas na Física. O grupo realiza oficinas práticas e divulga informações sobre mulheres na ciência, principalmente para alunas do ensino Médio e do Fundamental II.

“Eu entrei com um propósito de mostrar que ciência também é de mulher, que ciência também é coisa de menina”, diz Sarah Rafaela. A iniciativa surgiu em 2018, levando experimentos científicos da UnB para escolas de Planaltina, Santa Maria e Estrutural. O objetivo é apresentar a universidade pública e incentivar meninas a ingressarem nos cursos de Exatas.

“Desde muito jovens, desde os seis ou sete anos de idade, as pesquisas apontam que as meninas já se sentem acuadas. Elas não se sentem pertencentes. Elas não conseguem olhar para elas como cientistas”, observa a professora Vanessa Carvalho, do Instituto de Física (IF).

“Por isso o projeto nasce, na necessidade de estimular não só a ampliação dos números de mulheres na Física, como a permanência dessas mulheres na graduação e depois na docência”, acrescenta a coordenadora do Eureka!, professora Erondina Azevedo.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mulheres são menos de 34% dos pesquisadores no mundo. Nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) no Brasil, elas representam apenas 31% do total. No Instituto de Física da UnB, as mulheres representam cerca de 20% dos estudantes e professores.

Para alterar esse cenário e promover a participação feminina na ciência, a Unesco lançou em 2022 a iniciativa #EDUCASTEM2030, que visa estimular a igualdade de gênero por meio do incentivo a projetos de meninas que possuem interesse em ciências. O projeto Eureka! Meninas na Física existe exatamente nesse contexto e representa uma rede de apoio e de exemplo para futuras cientistas.

“Eu não tive nenhum espelho para olhar, sabe? Quando você vê uma mulher fazendo ciência e percebe que tem outras pessoas parecidas com você, isso te incentiva”, admite Mariana Nascimento, estudante de Física.

“As meninas podem, sim, estudar! Elas podem entrar numa universidade pública. Isso não é impossível, mesmo que elas venham da periferia, que é o nosso público-alvo. Assim como eu consegui, assim como as meninas conseguiram, elas também vão conseguir”, encoraja Ingrid Silvério, estudante de Física.

 

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