“Um lugar ainda melhor para viver, conviver e ser”. Este é o lema do novo Plano Diretor do campus Darcy Ribeiro, aprovado por aclamação pelo Conselho de Administração (CAD) da Universidade de Brasília na última quinta-feira (18). O documento oficial de referência anterior é o histórico Plano Orientador da UnB de 1962.
O plano aprovado reforça o caráter aberto e integrado à cidade, democrático, plural, integrativo, inclusivo e sustentável do campus Darcy Ribeiro. “Tem um Plano Diretor aprovado pelo Conselho Diretor da UnB, o que contraria o Regimento Geral da Universidade. Por isso, é fundamental que o Conselho de Administração se manifeste, porque o CAD é a representação legítima da Universidade”, explicou a reitora.
“A comissão interdisciplinar foi criada em 2021, e a reitora Márcia Abrahão nos deu a missão de elaborar o Plano Diretor do campus Darcy Ribeiro, que organiza o crescimento da Universidade nos próximos anos”, explicou o assessor de Assuntos Estratégicos do Gabinete da Reitoria e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UnB, Benny Schvarsberg.
Em nome da equipe que elaborou o documento, o professor emérito da FAU José Carlos Coutinho celebrou o momento histórico. Ele relembrou da crise provocada pela ditadura militar, que quase acabou com a Universidade que “nasceu radiosa”, nas concepções de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.
O docente enalteceu o planejamento arquitetônico da Universidade de Brasília e a urbanização que a integrou dentro da cidade. Coutinho lembrou também que os modelos internacionais transplantados para a realidade do Brasil foram pensados de maneira lúcida por Darcy Ribeiro, que achava necessário adaptá-los à realidade brasileira.
“Assim se cria o lema de uma universidade destinada a pensar nos problemas. E essa é a grande missão da Universidade de Brasília: pensar os problemas do Brasil em todas as áreas das artes, das tecnologias, das ciências e das humanidades. Este é nosso grande desafio”, declarou.
Os estudos da comissão, iniciados durante o período da pandemia de covid-19, organizaram editais públicos a fim de atualizar o conhecimento técnico e científico sobre as problemáticas do campus. À época, Benny Schvarsberg relatou que a Universidade sofreu cortes violentos no orçamento, que forçaram o adiamento das chamadas públicas. Mais à frente, os editais abertos contaram com apenas metade dos recursos inicialmente estimados.
Seguindo a fundamentação técnica e científica, que atualizava os conhecimentos sobre o campus, foram feitas pesquisas de opinião, com cerca de 1,6 mil representantes de diversos segmentos da comunidade universitária e seis oficinas participativas, com cerca de 500 pessoas, entre docentes, servidores técnico-administrativos e discentes de várias unidades acadêmicas.
“A metodologia participativa foi a Investigativa Apreciação, utilizada nas oficinas trabalhando com as percepções e memórias afetivas, positivas e sentimentais, e com o que as pessoas gostam de viver no campus”, especificou Benny. Após a etapa de síntese dos materiais obtidos, coordenada pelo Comitê de Sistematização, os produtos alcançados foram submetidos a uma consulta pública e, posteriormente, submetidos à aprovação do CAD.
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BENS MÓVEIS DA UnB – Os conselheiros deliberaram sobre a proposta de atualização da Resolução 17/2004 do Conselho Diretor, que regula a administração e manutenção dos bens móveis da Universidade. Segundo o relator da minuta, o docente do Instituto de Ciência Política (Ipol) Pablo Holmes, surgiram problemas após várias modificações na legislação e nas instruções normativas.
O Decanato de Administração (DAF) requereu que a resolução fosse revista, e uma comissão foi formada em 2021 para fazer uma reformulação, que resultou em uma minuta extensa, relatou Holmes. O DAF reavaliou a documentação e sugeriu que ela fosse simplificada. “A proposta se tornou bem mais enxuta, ela distingue os tipos de bens e remete às leis federais e estabelece a competência do próprio decanato em regular os processos administrativos”, explicou.
A docente do Instituto de Ciências Humanas (ICH) Neuma Brilhante compreendeu a necessidade de simplificar a documentação, devido às constantes revisões. Porém, ela apontou um “esvaziamento” na proposta apresentada, que delega as funções de elaboração de normas, procedimentos, instruções e outros aplicativos que dizem respeito à gestão de materiais diretamente ao Decanato de Administração, o que poderia deslegitimar as deliberações feitas no CAD.
“O DAF não pode elaborar normas, ele pode fazer parte da elaboração de procedimentos e instruções, aplicáveis a essa resolução. Nós não podemos delegar para um decanato uma atribuição do conselho”, explicou Márcia Abrahão. Após sugestão de ajuste feita pela reitora, que muda a concepção apontada pelos conselheiros, a proposta foi aprovada por unanimidade.
* Matéria editada para inclusão de informações.