CONSTERNAÇÃO

Ilustre cineasta de Brasília e do Brasil, o professor aposentado da Faculdade de Comunicação foi vítima das consequências de um infarto, aos 89 anos

Brasiliense de coração, o paraibano Vladimir Carvalho atuou como professor da UnB por mais de vinte anos. Foto: Emilia Silberstein/Secom UnB

 

Os amantes de Brasília e do cinema brasileiro receberam, nesta quinta-feira (24), a notícia da partida de uma de suas grandes referências. Morreu, aos 89 anos, o cineasta e professor emérito da UnB Vladimir Carvalho. A despedida acontece nesta sexta-feira (25), no Cine Brasília. A capital federal e a UnB estão em luto oficial de três dias.

Docente da Faculdade de Comunicação (FAC) de 1969 a 1992, Vladimir Carvalho recebeu o título de Professor Emérito da Universidade de Brasília em cerimônia no ano de 2012, das mãos do então reitor José Geraldo de Sousa Junior. “Eu vim de branco, como um noivo para as núpcias, para mostrar como me comove essa liturgia, esse rito, esse título”, afirmou o cineasta na ocasião. Logo ele, outras tantas vezes tão aclamado e premiado.

Paraibano de Itabaiana, Vladimir Carvalho tem uma trajetória na UnB que se confunde com a própria história da instituição. Logo que chegou, ele vivenciou o desafio de promover um ensino libertário, próprio das artes, em meio à repressão da ditadura militar. Presenciou e sofreu perseguições, mas resistiu junto com a Universidade, até a redemocratização. Um de seus documentários mais famosos, Barra 68 – Sem perder a ternura, retrata os anos de violência militar na UnB durante o regime de exceção.

Vladimir Carvalho na cerimônia que lhe outorgou o título de Professor Emérito da UnB, em 2012. Foto: Edu Lauton/Secom UnB

 

Filósofo pela Universidade da Bahia, Vladimir Carvalho integrou o movimento do Cinema Novo, ao lado de Glauber Rocha, tendo se destacado pela produção de documentários como O País de São Saruê (1967) e Conterrâneos Velhos de Guerra (1991). Em 2011, ele lançou o documentário Rock Brasília – Era de Ouro, que relembra o sucesso do gênero na capital.

Até seus últimos dias, se manteve ativo, atuando pela transferência do acervo da Fundação Cinememória junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além de materiais audiovisuais em diversos formatos, o acervo contém documentos de relevância histórica como cartas e roteiros originais de artistas renomados, incluindo Glauber Rocha, Walter Salles e Ariano Suassuna.

A reitora Márcia Abrahão lamentou a morte do docente, exaltando o seu legado. “Esperamos que o professor Vladimir seja lembrado sempre como um grande defensor da democracia e do cinema brasileiro, além da nossa própria Universidade", disse. Leia a nota de pesar da Reitoria.

 

 

"Eu me rejubilo e saio daqui todo me achando e comungando com o velho Camões: Estou em paz com minha guerra."

 

Vladimir Carvalho, no trecho de encerramento de seu
discurso de Professor Emérito da UnB, em maio de 2012.

 

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