Diretores das unidades acadêmicas da Universidade de Brasília estiveram reunidos (virtualmente) na última sexta-feira (20) para discutir possibilidades para o calendário acadêmico. A reunião, realizada por meio da plataforma Zoom, foi convocada pela reitora Márcia Abrahão e pelo vice-reitor Enrique Huelva, para coletar relatos sobre o andamento do semestre letivo desde que o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) decidiu suspender as atividades presenciais no último dia 12 de março, como medida preventiva ao contágio do novo coronavírus.
A reitora iniciou o debate lembrando que o cenário tem mudado muito rapidamente, com o aumento exponencial de casos de COVID-19, e que a Administração analisa, dia a dia, a necessidade de adoção de novas medidas, tanto do ponto de vista acadêmico quanto administrativo.
"Após a aprovação do Cepe, enviamos aos coordenadores de cursos orientações para a realização de exercícios domiciliares, para os docentes que considerassem isso possível em suas disciplinas”, lembrou a gestora, em referência à circular assinada pelos decanatos de Ensino de Graduação (DEG), Pós-graduação (DPG), Secretaria de Administração Acadêmica (SAA), Centro de Informática (CPD) e Centro de Educação a Distância (Cead).
“A SAA está enviando os e-mails dos estudantes aos coordenadores de cursos, mas ocorre que não temos as condições adequadas para o funcionamento das disciplinas a distância com a nossa estrutura atual. Além disso, o Sigra [sistema da graduação] está tecnologicamente superado e não conseguimos as informações necessárias em curto tempo”, avaliou.
"Há também muita heterogeneidade entre disciplinas e docentes, além de os estudantes terem condições muito diversas, alguns sem computador e acesso à internet. Com isso, estamos discriminando as pessoas. Por conta desses fatores, minha proposta é levar ao Cepe o pedido de suspensão do calendário acadêmico", acrescentou. O Diretório Central do Estudantes Honestino Guimarães e a Associação dos Docentes da UnB também já se manifestaram favoráveis à medida.
AVALIAÇÃO – A maioria dos diretores compartilhou de opinião semelhante à da reitora, além de levantarem outras preocupações. "Nós não temos a expertise necessária [para manter atividades a distância] e também não sabemos como estão as condições de saúde desses estudantes e de seus familiares", pontuou o diretor da Faculdade UnB Ceilândia (FCE), Araken Werneck.
Com os relatos ouvidos ao longo do debate, o vice-reitor decidiu convocar o Cepe, colegiado da Universidade que delibera sobre o calendário acadêmico. Se aprovada, a suspensão do calendário implicará uma espécie de "pausa", com as atividades sendo retomadas quando houver condições para tal. A reunião do Cepe está marcada para a próxima segunda-feira (23).
ALTERNATIVAS – Os diretores e a Administração também trouxeram questões sobre os efeitos do isolamento imposto à comunidade universitária pela crise de saúde. "A suspensão do semestre não pode criar um vazio nas pessoas, também temos responsabilidade nisso e vamos analisar a melhor forma de responder a essa nova demanda", observou o vice-reitor.
Uma das alternativas propostas é a criação de disciplinas especiais, vinculadas à graduação ou à extensão, para atividades de voluntariado e integração (virtual). Caso sejam aprovadas pelo Cepe, tais propostas poderiam servir ao acúmulo de créditos, para aproveitamento quando o semestre estiver normalizado.
PRIORIDADES – A reitora também aproveitou o encontro com os diretores para esclarecer dúvidas e trazer informes. Um dos pontos foi a realização dos serviços terceirizados no período de suspensão das atividades presenciais. "Fiz um despacho mais completo ontem [quinta-feira, 19] para todos os gestores de contratos, lembrando que a nossa prioridade, agora, é cuidar das pessoas e diminuir ao máximo a circulação, mantendo apenas os serviços essenciais", disse.
"A mesma lógica vale para o trabalho dos servidores. Não há forma de controlar o ponto quando estamos adotando o trabalho remoto, que funciona por metas e demandas. O mais importante é estarmos juntos, atuando de maneira coordenada e colaborando para salvar vidas", ressaltou.