Em edição celebrativa, o Conselho Universitário (Consuni) comemorou o 63º aniversário da Universidade de Brasília, completados em 21 de abril, mesmo dia em que a capital celebrou 65 anos. A reunião ocorreu na sexta-feira (25), no Auditório da Reitoria, no campus Darcy Ribeiro, Asa Norte, com lotação máxima e presença de personalidades.
O Coral da UnB, conduzido pelo maestro Éder Camúzis, deu o tom alegre da celebração. Na ocasião, a reitora Rozana Naves destacou o papel e a tradição da Universidade. “Essa é a universidade de Darcy Ribeiro e de Anísio Teixeira. Uma universidade que olha para o futuro, oferece formação qualificada, científica e sólida, e que projeta os alunos para o futuro”, disse, ao abrir a reunião comemorativa.
O vice-reitor, professor Márcio Muniz, salientou o papel da instituição ao longo da história, como símbolo de transformação, inclusão e pioneirismo, como a criação das cotas raciais, para indígenas, estudantes de escolas públicas e pessoas trans, além do vestibular 60+. “A UnB nasceu para ser diferente, que reflete o país que a gente quer”, afirmou. O gestor ainda afirmou que a UnB seguirá sendo “símbolo nacional de ciência, democracia e esperança”.
Representando os servidores técnico-administrativos, o coordenador-geral do Sintfub, Maurício Sabino, disse que a Universidade “é fruto de um legado de luta, feito por pessoas que acreditam no poder da educação e que não é como um privilégio, mas um direito”. Sabino ainda pontuou que, para fazer ensino, pesquisa e extensão de qualidade, é preciso reconhecer e valorizar os três pilares fundamentais: servidores técnico-administrativos, docentes e estudantes.
Nesse sentido, elogiou a decisão do Conselho de Administração (CAD) de enfrentar a orientação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e manter a URP, motivo pelo qual os servidores atualmente estão em greve. O legado de luta também esteve presente na fala da professora Jodette Guilherme Amorim, aposentada do Departamento de Matemática e representante da Associação dos Docentes da UnB.
Emocionada, ela lembrou as décadas dedicadas à instituição e toda a transformação do país durante o período, reforçando a luta coletiva em busca de uma universidade mais democrática. “A UnB foi criada para ser grande, e é grande porque seguimos aqui lutando para cumprir os desígnios para os quais ela foi fundada”, afirmou
HOMENAGENS – Parte da cerimônia foi dedicada a homenagem a ex-alunos ilustres, que receberam o título de Honra ao Mérito, oferecido a egressos que alcançaram reconhecimento nacional ou internacional pelos serviços prestados à sociedade, relacionados à formação acadêmica obtida na Universidade de Brasília. Assim, foram homenageados: Izabella Mônica Vieira Teixeira, Leonardo Silva Santos, Karim Aïnouz, Gabriel Nascimento dos Santos e Maria Amélia Rodrigues da Silva Enriquez.
A bióloga e ambientalista Isabela Teixeira, lembrada por sua destacada atuação como ministra do Meio Ambiente (2010-2016) e líder em ações estruturantes nas políticas ambientais brasileiras, emocionou o público ao relembrar sua trajetória como estudante da UnB e a importância transformadora da instituição. “O futuro desse país passa por esta Universidade”, afirmou. Descontraída e firme, também falou da importância de valorizar o país, afirmando que “o mundo precisa do Brasil e não devemos nos apequenar”.
O professor Leonardo Santos destacou-se por desenvolver uma técnica inovadora de identificação viral com 93% de precisão. Ao invés de patentear, ele optou por compartilhar o conhecimento. Egresso do Instituto de Química, atualmente é professor no Chile.
Em discurso, falou sobre os desafios enfrentados pelas instituições públicas de ensino superior e fez o público refletir sobre o tema, destacando que “a elite não tolera que o pobre tenha ascensão social através da universidade”. Os demais homenageados foram representados durante a cerimônia e enviaram um vídeo de agradecimento ao reconhecimento.
Cineasta premiado, Aïnouz é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UnB e se destaca por obras que dialogam com espaço urbano, identidade e cultura. Gabriel Nascimento é doutor em Linguística Aplicada pela UnB e atua como professor em universidades brasileiras e internacionais, integrando projetos voltados às relações étnico-raciais e ao ensino de Letras. Já Maria Amélia Enriquez, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), teve papel fundamental na elaboração de políticas públicas para o setor mineral e na defesa do desenvolvimento sustentável, com atuação em organismos nacionais e internacionais.
ALERTA – Bernardo Messias, aluno de Saúde Coletiva, representou os estudantes residentes na Casa do Estudante Universitário de Graduação (CEU/DDS/DAC) e denunciou a crescente violência e insegurança sofridas no local. "Este é um grito coletivo de dor, denúncia e urgência", afirmou. Para Bernardo, o local de acolhimento e permanência vem se tornando um espaço de medo, devido a abordagens policiais e perseguições de um grupo minoritário, que acabam por afetar a saúde mental dos moradores.
O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Marcus Vinícius David, destacou os ataques recentes sofridos pelas instituições. Para ele, as ações fazem parte de um movimento mais amplo de deslegitimação das instituições democráticas. “O que nós estamos vivendo é um momento muito grave, não apenas para a UnB, mas para a democracia brasileira. Por isso, não vamos nos furtar a garantir a defesa das nossas instituições”, afirmou.
