RECONHECIMENTO

Honraria reconheceu obras nas áreas científicas, técnicas e profissionais. Quatro livros publicados por membros da UnB foram premiados

Instituições federais levaram metade dos prêmios do Jabuti Acadêmico. Iniciativa teve 29 categorias, divididas em dois eixos principais. Foto: CBL/Divulgação

 

A primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, realizado pela Câmara Brasileira do Livro, divulgou este mês os premiados. Com o objetivo de reconhecer obras de excelência das áreas científicas, técnicas e profissionais, a distinção, que será anual, premiou quatro livros de membros da UnB.

 

“Essa premiação teve um grande impacto no mundo da edição universitária, como não poderia deixar de ser, tendo em vista a tradição do Jabuti literário”, pontua a diretora da Editora UnB (EDU), Germana Pereira. Segundo ela, o prêmio deu mais visibilidade ao setor e atraiu a atenção da imprensa e das instituições de fomento para as publicações acadêmicas.

 

Reconhecido como a principal honraria dada a autores e obras literárias no Brasil, o tradicional Prêmio Jabuti tem mais de seis décadas e meia de existência. Em 2024, a premiação inovou ao lançar a nova distinção, com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

 

Assim, os vencedores foram divididos em 29 categorias, que integram dois eixos: Ciência e Cultura; e Prêmios Especiais. A distinção reconheceu o trabalho de professores e pesquisadores de universidades e institutos federais em áreas diversas, como História, Medicina Veterinária e Ciência da Computação, por exemplo.

Mônica Tenaglia é autora da obra As comissões da verdade e os arquivos da ditadura militar brasileira, publicada pela Editora UnB, que venceu na categoria História e Arqueologia. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Diferentemente da modalidade tradicional, o Jabuti Acadêmico destaca-se por reconhecer e enaltecer as produções acadêmicas que impulsionam o avanço do conhecimento em nosso país e também por utilizar critérios específicos de avaliação, como relevância, inovação e potencial de impacto, adaptados para obras acadêmicas.

 

PREMIADOS – A obra As comissões da verdade e os arquivos da ditadura militar brasileira, escrita por Mônica Tenaglia, egressa da UnB e professora na Universidade Federal do Pará (UFPA), foi a vencedora na categoria História e Arqueologia. Surpresa com o reconhecimento, a professora conta que não esperava vencer, especialmente naquela categoria.

 

“O meu livro é fruto da minha tese de doutorado defendida na UnB, onde também fui professora substituta no curso de Arquivologia”, diz Mônica. Para ela, “a publicação poderia se encaixar também na categoria de Comunicação e Informação, já que trata de documentos e não apenas da história da ditadura”.

 

A tese concentra-se na investigação sobre o acesso aos arquivos da ditadura militar, no contexto das comissões da verdade, que surgiram após a Comissão Nacional da Verdade, na qual ela trabalhou. “Queria entender como o acesso aos arquivos foi possibilitado, quais as dificuldades institucionais e as estratégias utilizadas para acessar essa documentação tão importante”, comenta a autora.

 

Mônica enfatiza a relevância dos documentos para a efetivação dos direitos humanos, como o direito à memória, verdade e justiça. Também destaca que o Jabuti Acadêmico consolida a importância da sua obra para a historiografia e para as discussões sobre o acesso à informação e a preservação da memória do país.

 

Já a segunda obra da UnB foi premiada na categoria Medicina Veterinária, Zootecnia e Recursos Pesqueiros, com o livro Manual de clínica médica felina, assinado pela professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV/UnB) Christine Martins.

 

Ela conta que a experiência como professora de Clínica Médica de Animais de Companhia e a atuação no Hospital Veterinário da UnB (Hvet), um dos poucos com serviço especializado em gatos, “foram fundamentais para o desenvolvimento do manual”.

 

Outro diferencial foi que o ambiente acadêmico serviu como um grande estímulo, proporcionando o suporte necessário para a elaboração de uma obra de qualidade. “O apoio institucional foi importante para minha participação em eventos científicos, viabilizando o intercâmbio de informações e atualização”, explica Christine.

 

O livro tem como coeditora a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fernanda Costa e contou com colaborações da professora Giane Paludo (FAV/UnB) e de egressos da UnB.

 

Quanto ao reconhecimento do prêmio, Christine Martins destaca que “é uma forma de dar visibilidade às obras de difusão científicas brasileiras, encabeçadas por pesquisadores que retratam a realidade nacional”.

 

Jorge Duarte, em estágio pós-doutoral em Comunicação na UnB, concebeu e organizou o livro Brasil em 50 alimentos, campeão na categoria Ciência de Alimentos e Nutrição. A obra é uma edição comemorativa ao cinquentenário da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pode ser baixado gratuitamente.

 

Já Bruno de Lima, mestre e doutorando em Direito na UnB, saiu vencedor com a obra Direito 1870 – 1875 / Luiz Gama, na categoria DireitoAlém deles, a UnB ainda teve como semifinalista o livro Mulheres em águas de piratas: vozes insurgentes da América Latina, África e Ásia em luta contra o patriarcado, escrito por Silvia Ester Orrú, professora da Faculdade de Educação (FE) e uma das dez classificadas na categoria Educação e Ensino.

Germana Pereira afirma que “a criação do Prêmio Jabuti Acadêmico chama a atenção para as editoras universitárias, trazendo mais legitimidade às publicações científicas do conhecimento gerado na universidade”. Foto: Anastácia Vaz/Secom UnB

 

DESAFIOS DO RAMO – “Um dos principais desafios da edição acadêmica hoje é o financiamento”, afirma a diretora da Editora UnB, ressaltando também a complexidade das questões legais relacionadas a licitações e terceirização da produção.

 

À frente da Editora UnB desde 2016, Germana Pereira afirma que há desafios como o alto custo da produção editorial e a suspensão de concursos para cargos técnicos-administrativos essenciais, como revisores e programadores visuais. 

 

Apesar das dificuldades, a diretora conta que houve uma revitalização significativa após um período de baixa visibilidade nacional, com profissionalização dos processos internos, estabelecimento de parcerias com editoras renomadas, aquisição de licenças de software de edição, melhora no sistema de vendas on-line e criação de selos acadêmicos.

 

Além disso, ocorreu um investimento na publicação de mais de 200 e-books de acesso aberto, que colocou a UnB em destaque no ranking espanhol de transparência e comunicação aberta. “Investimos em ciência aberta, que hoje é fundamental para a integração entre universidade e sociedade”, explica Germana.

 

Ela enfatiza que a excelência da Editora UnB reflete a qualidade acadêmica da Universidade. “Uma editora legitimada no mercado editorial pela qualidade de suas publicações está também refletindo a excelência acadêmica da Universidade de que faz parte.”

 

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