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Ações diversas dão suporte ao desenvolvimento de alunos e prestam auxílio a docentes e técnicos. Algumas atividades têm universitários como tutores

 

Neste início de semestre letivo, a Secretaria de Comunicação publica uma série de matérias com informações sobre os principais serviços disponíveis aos estudantes da Universidade de Brasília e à comunidade externa. A seguir, conheça mais sobre o apoio a pessoas com deficiência.  

 

Os universitários Paulo, Diego e Isabela incentivam a participação no PPNE. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB

 

Garantir igualdade de oportunidades e condições adequadas para o desenvolvimento acadêmico de alunos com deficiência. Esse é o objetivo do Programa de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da Universidade de Brasília (PPNE). Acompanhamento acadêmico, tutoria especial, transporte no campus e prioridade de matrícula são alguns dos recursos disponíveis aos participantes do Programa.

 

Cursando o sexto semestre de Engenharia Ambiental, Diego Godoy tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e, por isso, participa do PPNE. Contudo, à época de sua primeira aprovação na UnB, para Engenharia Florestal, ele ainda não tinha o diagnóstico do quadro. “Fiz um ano de curso e tinha muita dificuldade para me concentrar nas aulas. Eu não conseguia passar na maioria das matérias”, conta. A situação mudou quando Diego teve o diagnóstico clínico e aliou o tratamento médico ao suporte do Programa. “Comecei a nova graduação já contando com o apoio da equipe do PPNE e, então, conheci outra universidade. Não estou atrasado no fluxo e meu desempenho melhorou bastante”, garante o futuro engenheiro.

 

Paulo Vitor Buta Pereira e Isabela Orlando, estudantes das Engenharias Ambiental e Civil, respectivamente, fazem parte da rede de apoio de Diego como tutores especiais. “Eu tento transmitir o que sei e ao mesmo tempo consigo aprender mais sobre as disciplinas”, conta Paulo. Para Isabela, a tutoria traz oportunidades de crescimento. "Quando ajudamos o outro, acabamos aprendendo juntos. Também aprendemos a respeitar o outro, porque cada um de nós tem suas dificuldades e facilidades”, considera.

 

Guilherme Caixeta está no quinto semestre de Estatística e possui Síndrome de Asperger, uma das perturbações englobadas no espectro do autismo. Ele aprova a iniciativa. “Quando o professor não sabe do meu caso, eu passo algumas dificuldades. Então eu apresento a carta do PPNE, ele toma conhecimento e passa a compreender melhor. O que mais me ajuda é contar com uma hora adicional para fazer a prova, além do apoio do tutor em determinadas disciplinas.”

 

COMO PARTICIPAR – Membros da comunidade acadêmica com deficiência sensorial, física, dislexia, transtornos globais do desenvolvimento, transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade podem se cadastrar no PPNE. Para isso, o interessado deve apresentar laudo médico com diagnóstico de seu caso à equipe de acolhimento do PPNE, localizada no campus Darcy Ribeiro. "Semestralmente buscamos fazer um mutirão de atendimento nos outros campi, já que não dispomos de unidades nos campi, apenas uma parceria com a DDS e com o SOU. Contudo, alunos que tenham dificuldade para se deslocar até nós também podem ligar para o PPNE e nós agendamos uma ida até o campus onde ele estiver matriculado", esclarece José Roberto Vieira, coordenador do PPNE.

 

Alunos sem deficiência podem participar do programa como tutores especiais, de acordo com critérios previstos na Resolução nº 10/2007 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB. Ao término, a atividade fornece dois créditos de módulo livre para o tutor, além de ficar registrada em seu histórico escolar. Há duas categorias de participação: tutoria voluntária, sem auxílio financeiro, ou tutoria remunerada, com concessão de bolsa cujo valor é equivalente ao de monitoria remunerada, de R$450. Na seleção para tutoria remunerada é dada preferência a estudantes de baixa renda com estudo socioeconômico comprovado no Decanato de Assuntos Comunitários (DAC).

 

A adesão ao PPNE é voluntária. É preciso estar cadastrado para participar dos projetos e atividades oferecidos pela iniciativa. Confira abaixo as ações permanentes realizadas pelo PPNE. 

Arte: Igor Outeiral/Secom UnB
Arte: Igor Outeiral/Secom UnB

 

O coordenador do PPNE, José Roberto Vieira, reforça a importância dos alunos aderirem ao programa. “Observamos que a participação no PPNE melhora significativamente o desempenho acadêmicos desses estudantes. Caso ele opte por não se cadastrar, as barreiras na Universidade podem ser ampliadas”. O coordenador ressalta que o PPNE é uma iniciativa de apoio também ao professor, ao técnico administrativo e à comunidade externa. "Queremos uma comunidade inclusiva e isso envolve todos que compõem a comunidade universitária", afirma.

 

DESAFIOS – Viviane Santos é acadêmica do quarto semestre de Letras-Tradução Inglês e possui deficiência visual. Para ela, o apoio dos tutores é essencial não apenas na hora de estudar, mas também para se deslocar pelo campus. Apesar do auxílio, a estudante encontra barreiras para seu desenvolvimento acadêmico. "Não tenho materiais adaptados para o braile. Nem mesmo as provas. Dependo da ajuda e compreensão de amigos, tutores e dos professores. Tenho me esforçado ao máximo”, relata Viviane. Para ela, as salas e os departamentos deveriam ter identificação em braile.

Participante do Projeto de Extensão Acesso Livre, Viviane têm contribuído para a acessibilidade de peças audiovisuais Foto: Júlio Minasi/Secom UnB
Participante do Projeto de Extensão Acesso Livre, Viviane tem atuado na acessibilidade de peças audiovisuais. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Assim como Viviane, outros universitários com deficiência visual aguardam pela reativação do Laboratório de Apoio ao Deficiente Visual (LDV) da Faculdade de Educação (FE). Docente na área de educação especial inclusiva na FE, a professora Sinara Pollom Zardo, esclarece que o espaço foi readequado recentemente. "Até o início do ano não tínhamos internet no prédio onde funciona o LDV. Então, a FE conseguiu viabilizar esse recurso junto à Prefeitura. Agora estamos compondo uma equipe para trabalhar no laboratório e precisaremos capacitar essas pessoas para usar os equipamentos", explica.

 

De acordo com a docente, a FE tem expectativa de receber nos próximos meses o repasse de verba de projeto na área de educação inclusiva aprovado em 2016 pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF). O investimento será importante para compor a equipe do LDV, prevendo duas bolsas de iniciação científica e outras duas para técnico com formação superior. A verba também será destinada à compra de equipamentos voltados para a acessibilidade, como linha braile e scanner com voz.

 

Enquanto endossa a torcida para que o Laboratório seja reativado, a estudante Viviane explora os recursos hoje disponíveis. Ela faz parte do projeto de pesquisa e extensão Cultura e Sociedade: acessibilidade de peças audiovisuais - legendagem e audiodescrição, também conhecido como Acesso Livre. A iniciativa é coordenada pela professora de Letras-Tradução Inglês, Soraya Ferreira, docente que tem colocado sua voz e experiência em defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Ela relata parte de suas experiências em sala de aula. “Tive um aluno cego que usava um teclado especial em braile. Mas o teclado não se adequava às carteiras da sala. Então ele usava minha mesa porque não havia outra opção. Já tive alunos cadeirantes que passaram o semestre sem receber carteiras adequadas. Um deles era acompanhado diariamente pelo pai. Ele não conseguia ir ao banheiro sozinho e a estrutura do banheiro não era adequada para o seu caso, causando dificuldades para o pai fazer sua higienização.” 

A docente Soraya Ferreira deseja ver a UnB como um referência nas questões de acessibilidade. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB
A docente Soraya Ferreira deseja ver a UnB como referência nas questões de acessibilidade. Foto: Júlio Minasi/Secom UnB

 

Para a professora, é preciso ser realista e crítico, mas sempre na esperança de que as dificuldades sejam resolvidas. “São ações possíveis de serem feitas, desde que a Universidade dedique mais atenção e recursos a isso. Precisamos melhorar para que outras pessoas com deficiência se sintam à vontade para estarem aqui e se desenvolverem em condições de igualdade em relação aos demais”, enfatiza.

  

SOBRE – Criado em 1999, o PPNE é regido pelas Resoluções nº 48/2003 e nº 10/2007 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB, e também atua em concordância com a Constituição Federal e outras diretrizes legais, como a Política Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.

 

O PPNE funciona na ala norte do Instituto Central de Ciências, o Minhocão, na sala BT 678, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelos telefones 3107 6321/6323/6324.

 

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