A Universidade de Brasília sediou, nesta terça-feira (8), o #InspiraUnB, que dá as boas-vindas aos calouros. O grupo Bateria Insana abriu o evento e levou os participantes para dentro do Centro Comunitário Athos Bulcão, onde eles puderam ouvir as palestras do professor Ricardo Fragelli, da ex-aluna Caroline Soares e do servidor Magno Assis.
Maria Paula, colunista do Correio Braziliense, ex-Casseta&Planeta e mestranda da instituição, fez a apresentação dos convidados e compartilhou sua trajetória com os presentes. “Quero dividir com os meninos o que vivi e mostrar que com garra e dedicação é possível superar os desafios, pois o sucesso não cai do céu”, contou. A atriz lembrou que a situação do Brasil é crítica e cabe a todos trazer essa responsabilidade para si.
“Nosso pensamento é que vai mudar o futuro e para isso é preciso conhecimento. Nosso país tem jeito, tem esperança”, exclamou.
Márcia Abrahão, reitora da UnB, destacou os bons resultados alcançados pela instituição nos últimos anos. “Sintam-se orgulhosos! Vocês conquistaram uma vaga na melhor universidade do Centro-Oeste e uma das melhores do Brasil e do mundo”, afirmou. Márcia lembrou ainda que a conquista também é dos familiares e amigos, que dão apoio aos sonhos dos estudantes.
#INSPIRAUNB – O professor Ricardo Fragelli, da Faculdade do Gama (FGA), dividiu com o público uma técnica pedagógica batizada de Método 300, que mudou os índices de aprovação dos estudantes. “Passei a pensar nos alunos não como percentuais que não eram aprovados, mas como indivíduos. E esse foi o caminho para sair do isolamento e aumentar significativamente o aprendizado”, contou.
Ricardo explicou que, no início do semestre, os estudantes são submetidos a avaliações. A partir dos resultados, são divididos em grupos de cinco ou seis alunos com rendimentos altos e baixos. “Aquele que não teve bom resultado pode refazer a avaliação se cumprir algumas metas para as quais eles têm o apoio do grupo.” Segundo o docente, com o método, o índice de aprovação subiu de 50% para até 95%, em alguns semestres.
“É preciso ajudar e ter espírito de equipe, isso nos move para frente”, disse Ricardo Fragelli.
A fala do professor esteve em consonância com a mensagem trazida por Caroline Soares, ex-aluna de graduação, mestrado e doutorado da UnB. Ela disse aos calouros que agora é necessário parar de pensar em competição – comum à época de vestibular – para avançar na construção conjunta do curso, das amizades e da Universidade. Para isso, contou sua experiência. “Eu estava muito focada em ser a melhor nos cursos que fazia e não sabia como conciliar meus relacionamentos e a Universidade”, revelou.
Caroline conta que passou a fazer parte de várias atividades na UnB, incluindo grupos de pesquisa, extensão, esporte e iniciação científica. “E isso me permitiu fazer de tudo academicamente e a construir uma família de amigos em quem me apoiei”, lembrou. “A jornada não pode ser sozinho. Um sonho que se sonha junto nos leva mais além”, finalizou.
O servidor Magno Assis, que teve seu primeiro contato com a UnB pelo Coro Comunitário, fez concurso para a instituição e também passou no vestibular. Ele ingressou como técnico administrativo – atualmente trabalha na Coordenadoria LGBT da Diretoria da Diversidade (DIV) – e contou um pouco de sua carreira a partir da vivência como estudante de Artes Cênicas.
Também aproveitou para apresentar ao público as diversas oportunidades artísticas que a Universidade oferece. “Fui criador do programa Tubo de Ensaios, que permite a prática artística e a discussão de temas relevantes para a comunidade semestralmente”, contou. Ele ainda citou o projeto Teatro do Oprimido, em que a comunidade acadêmica tem a possibilidade de trabalhar temas por meio da expressão corporal.
Ao final do encontro, o estudante Pedro Henrique Barroso, calouro de Engenharia Automotiva, afirmou que a aula inaugural do semestre, a que acabara de assistir, foi muito motivadora. “Inspira os que já estão determinados e dá um empurrãozinho para aqueles que não estão”, avaliou.
ALUNOS – Os estudantes Ravena Carmo, Caio César e Jósimo Puyanawa também puderam contar suas histórias inspiradoras no palco do Boas-vindas.
Ravena passou em primeiro lugar para o curso de Ciências Naturais em 2016, após ter cumprido medida socioeducativa. “Tive contato muito cedo com tráfico, drogas, abusos e violência. Também cometi violências, mas tive um professor que me deu perspectivas”, contou. Ela é mãe e diz que gosta de contar sua trajetória como as fases de uma borboleta. “Não vou voltar a ser lagarta”, brincou.
Caio considera que a Universidade permite ao estudante criar sua própria identidade e que, com dedicação, pode-se chegar ao futuro. A fala dele foi seguida por Jósimo, estudante de mestrado em Direitos Humanos e primeiro indígena a se formar em Antropologia na UnB. “Trago a sabedoria dos meus ancestrais que habitam em mim”, afirmou. Ao encerrar, Jósimo brindou o público com um canto na língua de seu povo que invocava a figura da “titia”, senhora mais velha da tribo que traz proteção e conhecimento.
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