#INSPIRAUnB

Nesta quinta (14), às 19h30, convidado participa de evento que inaugura o semestre para alunos de cursos noturnos de graduação

Milton Hatoum recepciona estudantes de cursos de graduação do período noturno, no Memorial Darcy Ribeiro. Arte: Secom UnB

 

As aulas do primeiro semestre na Universidade de Brasília começam nesta quarta-feira (13). Estudantes de diferentes períodos e cursos estão convidados a participar do #InspiraUnB, evento inaugural que desta vez recebe dois convidados para palestras direcionadas a alunos de cursos diurnos e noturnos de graduação.

Na quinta-feira (14), às 19h30, no Beijódromo, a recepção aos alunos dos cursos noturnos fica por conta do escritor Milton Hatoum, autor do best-seller Dois Irmãos e do romance A noite da espera, ambientado na Brasília e na UnB de 1970. Hatoum também é professor de literatura e pretende compartilhar com o público a importância de uma formação humanista a estudantes de todas as áreas do conhecimento.

>> Saiba mais sobre a palestra diurna

“Nós tendemos muito à especialização e deixamos de lado a formação humanista. Esse é um caminho para a barbárie, porque você não entende o funcionamento de uma sociedade, não faz uma leitura da história, do país que você vive. A barbárie está basicamente na indiferença em relação aos outros. Quando você não se interessa pela cultura dos outros, pelas pessoas desfavorecidas, você se desumaniza totalmente. O mundo em que vivemos tende à desumanização”, expõe.

O professor vai apresentar alternativas, baseadas em sua vivência na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde notou grande interesse de alunos de medicina, engenharia, física e química pela literatura latino-americana. “A boa literatura geralmente tem uma dimensão ética e estética, e a ausência disso pode tornar os jovens profissionais pessoas conformistas e alienadas”, alerta. “E não se trata de ideologia, trata-se de formar o aluno com uma visão crítica”, completa.

Os professores com disciplinas que ocorrem no horário dos eventos de boas-vindas estão orientados a dispensar os estudantes para a participação nas palestras. Quem não puder comparecer às aulas inaugurais, pode acompanhar as transmissões ao vivo pela UnBTV.

Confira abaixo mais respostas de Milton Hatoum sobre humanismo, barbárie e universidade.

Que mensagem você deseja compartilhar a partir da temática humanismo contra barbárie?
A partir da minha experiência de escritor, tradutor e professor, pretendo ressaltar a importância da leitura de obras de literatura e ciências humanas. Infelizmente vivemos num tempo em que o humanismo entrou em colapso. É preciso recuperar a reflexão sobre a nossa sociedade e o mundo, entender o processo histórico, sem falseá-lo.

Como essa reflexão pode contribuir para quem chega à universidade?
A universidade é o lugar privilegiado da reflexão, da produção de ideias e do debate intelectual. Tudo isso deve ser feito com liberdade, com a máxima dignidade, sem agressão verbal. Não devemos ceder à impostura ou a qualquer tipo de baixeza. O foco central da minha fala é a importância da formação do jovem como leitor, como descoberta do mundo, apreensão da complexidade da realidade, das contradições sociais, do tempo em que ele vive e tudo isso se dá através de uma formação humanista. A literatura é uma possibilidade de conhecer o outro, conhecer outra cultura, e conhecer a si mesmo. Tudo isso traz uma riqueza que vai contra essa tendência de fazer do jovem apenas um empreendedor. Você pode ser um empreendedor, mas que conheça o mundo em que vive e a complexidade dele. Será um empreendedor com sentido social, solidário, mais profundo.

Qual é a sua expectativa em participar do #InspiraUnB?
Participar desse evento na UnB terá um forte significado simbólico para mim. É uma volta às origens, pois fui aluno do extinto Centro Integrado de Ensino Médio (Ciem), no fim da década de 1960, que ficava na entrada do campus. Ali era a nossa outra casa, uma vasta casa de cultura e de descobertas naquele tempo sombrio. Minha experiência nesse colégio de Brasília foi crucial à minha formação de leitor e de cidadão.

 

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