OPINIÃO

Graduação em Ciências Contábeis e em Ciências Econômicas, mestrado em Administração pela UnB e especialização em Administração Econômica e Financeira pela Universidade de Paris I e em Política e Administração Tributária pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB). Consultor legislativo e coordenador do Núcleo de Orçamento, Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados. Possui cinco livros publicados, entre eles Contabilidade Tributária (Atlas) e O sistema Tributário na Nova Constituição (Editora UnB).

Roberto Bocaccio Piscitelli¹

 

Sempre tive muito orgulho de pertencer à instituição UnB. E considero esta uma das maiores homenagens que poderia receber. Por isso, sou muito grato e quase não contenho a emoção. São as pequenas grandes alegrias da vida da gente.

 

Peço que me perdoem a ousadia de aproveitar este momento para dizer algumas coisas que têm me sufocado, pois acho que, na nossa condição de professores e cidadãos, não podemos nos omitir. Minha mãe não me perdoaria de eu não repartir a angústia que se traduz por uma profunda preocupação com o que está ocorrendo em nosso País, tão dividido e destilando tanto ódio, violência e incompreensão, rasgando e queimando livros como na Alemanha Nazista, ou como tão bem retratou o filme (a obra) Farenheit. Não por coincidência, são páginas que tratam de direitos humanos.

 

Por ser já muito velho, vivi e sofri, dentro e fora da Universidade, no País e no exterior, os tempos bicudos da ditadura militar, que nunca foi nem de longe apenas um movimento.

 

É pena que muitos, jovens e velhos, não tenham informação ou memória daqueles tempos tão tristes, em que perdemos muitos entes queridos, dos quais nem os corpos pudemos recuperar. Uma das poucas vantagens dos velhos reside no fato de termos visto os mesmos filmes, em versões diferentes.

 

Fizemos a nossa luta. Criamos a ADUnB, quase clandestinamente, cercados por câmeras e observadores por todos os lados. Assistimos às invasões e às prisões até em salas de aula, as cassações do pensamento. O custo para chegar até aqui foi muito alto.

 

Nós, professores, e vocês, da imprensa, somos – ou deveríamos ser – o farol, um guia, formadores de opinião e de consciências. Constituímos o binômio mais importante na informação e na formação da massa crítica da população, e, em particular, das novas gerações. Nossa responsabilidade com a verdade é absoluta; é irrecusável o dever de honestidade com o que propagamos e ensinamos. Precisamos tornar as pessoas livres e, ao mesmo tempo, ensiná-las a reconhecerem e aceitarem as diversidades e a respeitarem os espaços dos outros.

 

E, sobretudo, que aprendam a cultivar e defender, com intransigência, os maiores da civilização, que são definitivos e insubstituíveis. E que, se para isso for necessário, ofereçam a própria vida pela liberdade e pela democracia.

 

*Rápidas palavras proferidas ao receber o Troféu Parceiro da Imprensa da UnB, categoria destaque, no dia 11/10/2018.

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¹Graduação em Ciências Contábeis e em Ciências Econômicas, mestrado em Administração pela UnB e especialização em Administração Econômica e Financeira pela Universidade de Paris I e em Política e Administração Tributária pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB). Consultor legislativo e coordenador do Núcleo de Orçamento, Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados. Possui cinco livros publicados, entre eles Contabilidade Tributária (Atlas) e O sistema Tributário na Nova Constituição (Editora UnB).

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