OPINIÃO

Isaac Roitman é doutor em Microbiologia, professor emérito da Universidade de Brasília e membro titular de Academia Brasileira de Ciências.

Isaac Roitman¹

 

As manifestações de rua ocorridas nos dias 15 e 30 de maio de 2019 em defesa da Educação Pública inspiraram recordações de fatos históricos protagonizados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, registrados pela saudosa professora da UnB, Ana Maria Fernandes no livro A construção da Ciência no Brasil e SBPC (editora da UnB). A autora analisou a formação, os objetivos, o papel e as tendências da SBPC, salientando a defesa do cientista e da ciência. Destacou o papel da entidade nos casos extremos de intervenção militar em instituições acadêmicas – a crise na Universidade de Brasília e o chamado “massacre de Manguinhos” – e a condenação da SBPC ao regime repressivo.

 

A SBPC foi fundada em 08 de julho de 1948 e sempre esteve ligada ao processo de evolução social, política e econômica brasileiro e, especialmente, com a institucionalização da ciência e o desenvolvimento científico e tecnológico no País. Os primeiros anos de existência da SBPC coincidem com o reconhecimento e a institucionalização da ciência no Brasil, com a criação pelo governo federal de organizações, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, 1951) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, 1951). São essas organizações, que aos poucos permitiram ao País demonstrar a capacidade de produzir e utilizar conhecimento científico e tecnológico”.

 

Atualmente a SBPC congrega 142 sociedades científicas e atua de forma veemente nas temáticas que envolvem a conquista de uma educação de qualidade para as crianças e jovens e pelo desenvolvimento científico e tecnológico e que beneficiem a todos os brasileiros. Recentemente na reunião regional realizada em Sobral, a entidade lançou a Carta de Sobral: Sob o Sol de Sobral: por uma educação básica de qualidade, pela ciência e pela democracia onde se lê: “Queremos que todos os cidadãos, em especial as crianças e os jovens, tenham garantidos seus direitos educacionais e sociais. Motivos justos para comemorações intensas pelo conjunto dos brasileiros, nos próximos anos e décadas, serão a superação do analfabetismo e da miséria, o avanço significativo na educação, na ciência e na tecnologia, uma melhor qualidade de vida para todos, a redução das desigualdades, a preservação do meio ambiente e de nossas riquezas naturais, que estão em causa neste momento, e o desenvolvimento sustentável do País”. Outros manifestos em defesa da educação e da ciência têm sido lançados em parceria com a Academia Brasileira de Ciências em defesa da Educação e da Ciência.

 

O autor desse artigo foi membro da Diretoria, do Conselho e Secretário regional da SBPC no Distrito Federal. Representou a entidade no Movimento “Ética na Política e coordenou o Grupo de Trabalho de Educação que lançou o Movimento: “Pacto pela Educação”, em solenidade que foi realizada na Universidade de Brasília. Detalhes dessas atividades foram publicadas no número especial da revista Ciência e Cultura publicada em edição comemorativa aos 70 anos da SBPC: Fatos e vivências na SBPC: da ética na política à educação científica.

 

Vida longa à SBPC.

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¹ Professor emérito da Universidade de Brasília, doutor em Microbiologia, coordenador do Núcleo de Estudos do Futuro (n.Futuros/CEAM/UnB), membro titular de Academia Brasileira de Ciências. Ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB, ex-diretor de Avaliação da CAPES, ex-coordenador do Grupo de Trabalho de Educação, da SBPC, ex-sub-secretário de Políticas para Crianças do GDF. Autor, em parceria com Mozart Neves Ramos, do livro A urgência da Educação.

 

Palavras-chave

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