ENSINO

Mais de dez mil estudantes e professores participaram de programação intensa no campus Darcy Ribeiro nesta semana. Entregue ao fim das atividades, Prêmio Paulo Freire reconheceu os melhores trabalhos de docentes em formação

Encerramento das atividades teve entrega de prêmios e leitura de carta em defesa da transformação do Pibid em lei. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB 

 

A formação de professores e a valorização da carreira docente estiveram no centro dos diálogos do X Encontro Nacional das Licenciaturas (Enalic) e do IX Seminário Nacional do Pibid. Os eventos realizados na Universidade de Brasília, entre os dias 7 e 10 de dezembro, contaram com 10.336 inscritos de todo o país. Apresentações de trabalhos, minicursos, palestras, instalações artísticas e mesas-redondas, presenciais e on-line, fizeram parte das dezenas de ofertas da programação, movimentando o Centro Comunitário Athos Bulcão, o Bloco de Salas de Aula Norte (BSAN) e o Pavilhão João Calmon (PJC), no campus Darcy Ribeiro.

 

Sediados pela primeira em vez em Brasília, o Enalic e o Seminário tiveram como tema o questionamento Memórias e Resistências: o que MAIS queremos como política de formação e valorização docente?. Promovidos pela UnB em parceria com o Fórum Nacional de Coordenadores Institucionais do Pibid (Forpibid-rp), os eventos anunciaram-se “como espaço de luta e resistência em defesa das políticas educacionais”, com o objetivo de fortalecer as licenciaturas, “considerando a trajetória de luta e resistência dos professores para a construção de uma sociedade mais ética, inclusiva, equitativa, com justiça social e responsabilidade ambiental, garantindo que o acesso à educação seja um direito humano universal”. 

Adriana Oliveira é monitora de minicurso e destaca interações para o ensino de surdos e Codas. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB 

 

“Este evento tem sido extremamente enriquecedor e proporcionado reflexões em todos os aspectos da minha formação”, avaliou Márcio Barbosa, estudantes de Língua Portuguesa e Respectiva Literatura na UnB. “Cada oficina, relato e debate ampliou minha visão sobre o papel do professor, fortalecendo minha compreensão sobre a importância da formação inicial e contínua”, completa ele, que é contemplado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) – um “pibidiano”, como são carinhosamente chamados os beneficiários da bolsa ofertada pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

A estudante Adriana Oliveira tem avaliação similar. Motivada com o processo de formação em Língua de Sinais Brasileiras (Libras)/Português como Segunda Língua, ela pôde atuar em monitoria de minicurso destinado ao uso de recursos aplicáveis ao futuro profissional. “Temos tido interações que buscam facilitar o aprendizado de alunos surdos e Codas (filhos de pais surdos)”, explica a aluna da UnB, que pretende trabalhar com estudantes dos ensinos fundamental e médio.

As pibidianas Isabela, Danielly, Yasmin e Karolina participam de minicurso de práticas musicais. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

As pibidianas Danielly Ferreira, Isabela Arantes, Karolina França e Yasmin Gabrielly formaram grupo em minicurso dedicado a práticas musicais. Estudantes de Pedagogia na UnB, elas elogiaram a atividade em que puderam explorar a musicalidade do corpo e entendem que a experiência pode ser reproduzida em sala de aula. “Estar aqui é muito importante para nossa formação. Tivemos contato e troca de experiências com pessoas de todo o país”, afirmou Yasmin. Elas foram conduzidas pela professora do Departamento de Música (MUS/IdA) Delmary Abreu e por seus orientandos de doutorado, Gustavo Aguiar e Hugo Leonardo Souza.

 

Esses e outros retornos têm sido reportados à coordenadora institucional do Pibid na UnB e membro da comissão organizadora, professora Jéssica de Almeida. “Estou próxima aos estudantes monitores e tenho escutado um feedback muito positivo deles, assim como dos professores que coordenam os minicursos”, observou ela, também docente do MUS. A coordenadora se mostrou entusiasmada com o protagonismo da Universidade nas diversas ações e chamou atenção para o inédito edital que selecionou os grupos musicais e o jingle oficial do evento. 

Mural Florescer o saber é legado do Enalic para o Bloco de Salas de Aula Norte. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

INOVAÇÃO E ARTE – Oito eixos temáticos nortearam os trabalhos. Entre eles, os processos de ensino e aprendizagem, com ênfase na inovação, e as políticas públicas e identidade docente, focadas na carreira e na valorização de professores.

 

Os minicursos foram conduzidos por docentes da UnB e da educação básica e por estudantes vinculados ao Pibid-UnB. Eles trouxeram temas como o uso da inteligência artificial generativa na educação, contação de história para crianças surdas e criatividade de experimentação de baixo custo para ensinar física. Uma mostra de produtos educacionais expôs recursos como atlas e jogos aplicáveis à sala de aula.

 

A programação contemplou também o lançamento de 14 livros com a temática docente. E o ir e vir entre os locais de atividades foi embelezado pelas instalações Transbordar conhecimento formar oceanos e Florescer o Saber. A primeira trazia recados de participantes em cards com formato de gotas afixados na rampa de entrada do BSAN. No mesmo bloco, a segunda obra consiste em mural assinado pela pibidiana de Artes Visuais Mariana Soares, auxiliada pelas colegas Júlia Gruber, Maria Clara Nogueira e Maria Eduarda Holanda. A pintura traz elementos com alusão a saberes germinando a partir de um livro.

 

LEI PARA O PIBID – O Pibid conta hoje com mais de 80 mil bolsistas em 290 instituições. Um esforço central que perpassou atividades e discussões está na articulação para transformar o programa em lei. A ratificação da iniciativa como política de Estado tramita no Congresso Nacional e é um anseio dos professores em formação. O assunto foi tratado da cerimônia de abertura à leitura da Carta de Brasília, documento aprovado no encerramento dos eventos. 

Humbero Hinnis comemora conquista coletiva e ciência produzida no interior do Ceará. Foto: Raquel Aviani/Secom UnB

 

“Queremos que o Pibid seja lei, queremos que ele seja uma oportunidade para todos os licenciandos”, aponta trecho do penúltimo parágrafo do texto, lido alternadamente pelo diretor de Planejamento e Acompanhamento Pedagógico das Licenciaturas (Dapli/DEG), Paulo Lima Junior, e pela presidente do Forpibid-rp, Cristiane Antonia Hauschild.

 

PRÊMIO PAULO FREIRE – Na manhã de encerramento do Enalic, dez trabalhos acadêmicos de estudantes de licenciatura, dois por região, foram reconhecidos com o Prêmio Paulo Freire. “Estou muito feliz. Esse é o meu primeiro congresso fora do estado, é muito gratificante”, disse Humberto Hinnis, licenciando em História pela cearense Faculdade de Educação e Ciências Integradas de Crateús (Faec/Uece) e um dos vencedores do Nordeste. 

Nicole Sones diz que prêmio é resultado de "dedicação, choro e suor". Foto: Raquel Aviani/Secom UnB 

 

O estudante enfatiza que o prêmio é fruto de esforço coletivo e traz reconhecimento para a ciência produzida no interior do Brasil. O trabalho premiado é intitulado Sertão, anticolonialismo e interseccionalidade: ensino de história, passados vivos e educação em questões sensíveis no Fórum de Professores de História em espaços não hegemônicos e tem a coautoria de Emanuella Goés e Caio Pinheiro.

 

“É uma felicidade. Esse prêmio é fruto de muita dedicação, choro e suor”, afirma Nicole Sones, uma das vencedoras do Sudeste. Em parceria com Yasmin Pavuna, Vanessa Masquio e Maria Margarida Gomes, a estudante de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) submeteu o trabalho “Eu não sei o que é”: ações do Pibid/Ciências/UFRJ diante dos desafios de letramentos na transição escolar. Segundo Nicole, a obra resulta da observação das dificuldades enfrentadas por discentes e docentes de seu estado na segunda etapa do ensino fundamental.

 

Quer saber mais sobre o Pibid? O programa Diálogos, da UnBTV, traz um bate-papo sore o histórico do programa. Confira a seguir:

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