Nesta segunda-feira (7), primeiro dia letivo deste ano na Universidade de Brasília, os calouros foram recebidos pela manhã com música e palestras no Centro Comunitário Athos Bulcão. Na aula magna, puderam aprender um pouco mais sobre o ressurgimento de doenças como a dengue, a chikungunya e a zika virose com o médico epidemiologista Pedro Tauil.
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Formado pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Medicina Tropical pela UnB – onde leciona há 30 anos –, Tauil atualizou o público presente sobre as pesquisas e as técnicas científicas em andamento para combater o Aedes aegypti.
"Doenças transmitidas por mosquitos são as que mais matam no mundo. Eles são seres vivos muito mais adaptados às condições do planeta do que os próprios humanos", revelou o médico. Segundo ele, dengue, chikungunya e zika são doenças reemergentes, pois existem há muito tempo, mas num determinado momento aumentaram sua frequência ou sua gravidade. "Das três, a menos conhecida é a zika virose. As lacunas do conhecimento dessa doença são muito grandes, faltam informações e pesquisa para que identifiquemos, inclusive, a causalidade da microcefalia: será que é o zika vírus somente ou há outros fatores envolvidos?".
Tauil comentou sobre a liberação de uma vacina contra a dengue, desenvolvida há 20 anos. "Ela reduziu os números de casos graves da doença e de hospitalizações, mas não protege contra os quatro sorotipos de dengue. E ainda não é recomendada para a população menor de nove anos e maior de 45 anos. Então, ainda precisamos de novas pesquisas e novas vacinas, e há algumas em desenvolvimento", contou.
Outras técnicas – inglesas, australianas e brasileiras – citadas pelo professor da UnB para aprimorar o controle do Aedes e que estão em fase de testes foram novos larvicidas biológicos, modificação genética de mosquitos – os transgênicos teriam filhotes incapazes de procriar –, e irradiação de energia atômica no inseto vetor. A que ele acompanha de perto, e acredita que dará certo, é a que está em teste pela Fundação Oswaldo Cruz, que pretende infectar os mosquitos com uma bactéria inofensiva aos humanos, capaz de impedir que os Aedes transmitam as doenças dali em diante.
"Ouvi que o presidente dos Estados Unidos reuniu um grupo altamente seleto de pesquisadores e ofereceu uma verba de U$ 1,8 bilhão de dólares para desenvolver pesquisas que solucionem essas doenças", afirmou, eufórico. "O que estou mostrando é que o Brasil está vivendo profundamente esse problema, mas ele não é só nosso, é de 2,5 bilhões de pessoas que vivem em áreas infestadas por esses mosquitos. Não é uma questão insolúvel e tenho certeza que em um curto prazo, de três a cinco anos, teremos novidades importantes", concluiu Pedro Tauil.
A cerimônia de Boas-vindas aos Calouros também contou com a presença do pedagogo português José Pacheco, que falou sobre sua experiência com a Escola da Ponte. Este projeto educativo idealizado por Pacheco rompeu com o sistema tradicional de ensino ao abolir o sistema dividido em séries, com provas, disciplinas e alunos dispostos em fileiras nas salas de aula, por exemplo.
O reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo, saudou os quase dois mil alunos que atenderam ao evento e aproveitou para dar um recado aos calouros: "Trabalhem, pois há muito o que aprender por aqui. Temos servidores técnico-administrativos absolutamente dedicados, professores brilhantes e, acima de tudo, o monopólio dos melhores estudantes do Brasil: vocês".
Camargo ressaltou ainda que a UnB é um lugar onde há muita liberdade e respeito à diversidade e a opiniões divergentes. "Cheguei aqui em 1978, como aluno, e nunca mais saí. Espero que se apaixonem pela UnB como eu. Tenho certeza de que os próximos cinco anos serão os melhores de suas vidas", afirmou.
"Vocês terão todo o suporte, todo o conhecimento para se formarem e conquistarem um lugar na sociedade e serem excelentes profissionais. Oportunidades a Universidade vai dar. Além da sala de aula, terão muitas atividades das quais poderão participar e, com isso, ter uma formação diversa e ampla", declarou a vice-reitora Sônia Báo.
Sophia Luduvice, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes, conclamou os calouros a aproveitarem cada minuto dentro da Universidade de Brasília. "A UnB não é qualquer universidade. É uma das cinco melhores do país e está entre as dez melhores da América Latina. No final do ano passado, tiramos cinco na avaliação do Inep e vocês são a primeira geração a ingressar numa universidade nota máxima", afirmou.
"Existem tantas possibilidades aqui dentro que vocês não conseguem imaginar. Para terem uma ideia, estou indo para meu terceiro ano de faculdade e continuo sentindo que não conheço nem metade do que a Universidade tem a me oferecer. São projetos de extensão, empresas juniores, iniciação científica, à docência, PET, competições esportivas, grupos de forró, aulas de yoga e até mesmo batalhas de rap aqui dentro. A Universidade é um mar de possibilidades e vocês passarão a ser atores principais nisso", concluiu a estudante.