Centenas de pessoas se reuniram, na manhã desta segunda-feira (14), no Instituto de Ciências Biológicas (IB) para participar do ato em memória da aluna Louise Maria da Silva Ribeiro, assassinada na última quinta-feira (10) na Universidade de Brasília. O colega de curso Vinícius Neres Ribeiro confessou o crime.
A diretora do Instituto de Ciências Biológicas, Andréa Maranhão, reforçou que a ideia da homenagem era celebrar a vida de Louise, agradecer pela oportunidade que tiveram de conviver com a aluna e deixar claro que nunca a esquecerão. "Esses prédios que vocês estão vendo não são locais de tragédia, são ambientes em que nós todos nos dedicamos a gerar conhecimento e aprender os fenômenos da vida. Continuaremos a fazer isso, agora para além das nossas vocações: faremos também em homenagem a ela", disse Andréa.
"Ela tinha sido aceita na Universidade de Georgetown (Washington), mas infelizmente nossas condições financeiras não permitiram que fizesse o ensino superior lá. Então, Louise falou que queria ir para UnB, nesse ambiente que admirava pela dedicação de todos. Foi um sonho que ela pôde realizar", contou o pai da estudante, tenente Ronald Ribeiro.
E completou: "Isso que aconteceu não é o espírito da UnB, tenho certeza. O que peço a todos é que respeitem o outro, por favor. Quando alguém disser não, é não. Compreendam, aceitem. Se você realmente ama alguém, aprenda a conviver com a pessoa, a admirá-la, é o que importa. E isso eu gostaria de ter dito ao Vinicius, mas infelizmente não foi possível".
A estudante Bruna Lisboa, que entrou na Universidade na mesma época que Louise, disse que ela era uma ótima amiga e apaixonada pela vida. "Era muito alegre, prestativa, estava sempre ao nosso lado para ajudar. Era apaixonada pela vida, pelas tartarugas. Vamos continuar com ela no coração, sendo motivo de orgulho pra ela a cada dia", declarou.
Bruna também foi porta-voz de Tainah Barcat, outra estudante que as acompanha desde o início do curso na UnB, mas que hoje está fora de Brasília. "Ainda não caiu a ficha e provavelmente não vai cair tão cedo. Ela vai cair aos pouquinhos, quando você não estiver na aula ao meu lado, para sempre ser minha dupla, quando não estiver nos jogos para ser minha parceira de truco. Você foi minha primeira e melhor amiga nesses dois anos de UnB. Anos inteiros, sinceros e inesquecíveis", afirma Tainah em seu texto, lido pela amiga.
O reitor Ivan Camargo destacou que uma tragédia como essa convoca a UnB à reflexão. "Como professores, temos a responsabilidade de levar esse debate para a sala de aula, e repetir quantas vezes forem necessárias o absurdo desse crime ou de qualquer ato de violência contra a mulher". Ele também adiantou algumas ações da administração da UnB para aumentar o efetivo de segurança, a capacitação dos funcionários e a iluminação no campus.
"Alguns colegas sugerem que, para melhorar a segurança, precisamos erguer muros. Vamos fazer o contrário, garantir a presença dos nossos estudantes pesquisadores dentro de nossos laboratórios. A Universidade não vai se intimidar com a violência", concluiu Camargo.
ALTERAÇÕES DE AGENDA – Devido ao crime ocorrido e à determinação de luto em todas as unidades acadêmicas e administrativas na última sexta-feira (11), algumas atividades foram canceladas e outras, adiadas. O acolhimento de calouros no IB, previsto para esta semana, será na próxima segunda-feira (21); a Semana Nacional do Cérebro, que ocorreria entre os dias 14 e 20, foi cancelada; e algumas disciplinas do instituto não foram ministradas nesta segunda. As aulas voltam ao normal a partir desta terça.
IPÊ ROSA – Coordenados pela diretora do IB, pai, mãe e amigos da estudante participaram ativamente do plantio de um ipê rosa na área verde do Instituto de Ciências Biológicas, que em breve passará a ser chamado de Jardim Louise Ribeiro. Cada um jogou um pouco de terra sobre a nova planta, e a mãe de Louise encerrou o ato ao regar o ipê. Os demais presentes que haviam ganhado rosas brancas no início da cerimônia – rosa era a flor preferida de Louise – também as depositaram sobre o local.
A amiga Morgana Margoto disse que o ipê vai manter a lembrança de Louise sempre viva. "Ela sempre gostou muito das flores, sempre usou muita roupa florida e agora vai ficar para a história. Passamos pelo local todos os dias, almoçamos aqui perto, e ela vai ficar para sempre no nosso coração", finalizou a estudante de Ciências Biológicas.
ATOS – Outras ações em homenagem à aluna Louise foram registrados no ICC e no Teatro de Arena da UnB durante essa segunda-feira.