Na manhã desta segunda-feira (14), membros da comunidade acadêmica prestaram homenagens em memória à estudante Louise Maria da Silva Ribeiro, aluna do Instituto de Ciências Biológicas (IB) assassinada na última quinta-feira (10). Entre o público reunido estiveram familiares, amigos, estudantes, professores e representantes da Administração Superior da Universidade.
Emocionada, a vice-reitora Sônia Báo repudiou toda manifestação de violência e destacou o papel de influência da academia sobre o comportamento da sociedade. "Estamos dentro de uma universidade, onde coisas como essas não poderiam acontecer, onde deveríamos discutir e superar essas mazelas. Deveríamos ser exemplo para a sociedade", lamentou. "Mas não podemos ficar discutindo o passado. Vamos ver o que isso nos traz de lição para alcançar as mudanças do futuro".
O reitor Ivan Camargo prometeu reforço no efetivo e na capacitação de agentes de segurança. "Temos que aumentar a conexão da segurança com as demandas da sociedade acadêmica, colocá-los em contato com a realidade dos institutos e faculdades", disse, comprometendo-se também com a melhoria da iluminação noturna no campus. O gestor vislumbra que esses objetivos sejam alcançados por meio de novos contratos de terceirização e do aditamento de acordos vigentes.
Responsável pelos termos de serviços de segurança e manutenção elétrica, o prefeito dos campi Marco Aurélio Oliveira admitiu estar trabalhando neste sentido e informou que participará de uma reunião, ainda nesta semana, para definir ações concretas junto à Diretoria de Segurança (Diseg/PRC).
VULNERABILIDADE – Durante o evento, a decana de Assuntos Comunitários, Thérèse Hofmann, lançou o endereço de e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., por meio do qual o DAC pretende receber e gerenciar denúncias, solicitações e propostas da comunidade a respeito de atitudes para promoção da paz e erradicação da violência na UnB.
"Queremos ouvir e atender o que as pessoas precisam em termos de projetos, eventos e iniciativas. Temos recebido muitas denúncias nos últimos dias, de pessoas que estão se sentindo inseguras. Vamos filtrá-las e dar o encaminhamento necessário dentro da Universidade", explica a decana.
O correio eletrônico é mais uma ferramenta em prol da comunidade acadêmica que, desde o início de março, conta com um canal de comunicação direta, por meio do aplicativo Whatsapp, com a equipe de segurança que age na UnB.
Segundo Thérèse, o trabalho vai ser realizado em parceria com o Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (CAEP). Vinculado ao Instituto de Psicologia (IP), o Centro vem atuando junto ao IB, prestando assistência a pessoas próximas a Louise.
Na cerimônia desta manhã, o pai da estudante, Ronald Ribeiro, agradeceu o apoio da administração da UnB após o crime. Ele ressaltou aos estudantes a importância de haver policiamento dentro do campus: "A liberdade não é de graça, infelizmente. Segurança e polícia são essenciais e as pessoas devem enxergá-los como parceiros".
LABORATÓRIOS – Baseado em seu conhecimento sobre a rotina dos laboratórios, o prefeito Marco Aurélio Oliveira comentou o fato de o assassino confesso de Louise não ter sido abordado por ninguém durante o ato criminoso.
"Era um aluno regular, não era uma pessoa estranha ao ambiente. Dentro do campus é comum estudantes andarem com equipamentos, objetos, materiais de experimentos, os mais diferentes possíveis. O deslocamento destes equipamentos faz parte da dinâmica da vida acadêmica", explica.
Sobre a presença dos estudantes no laboratório à noite, o gestor diz que, de acordo com a demanda da pesquisa, a ida ao local pode ocorrer em um momento incomum. "O recolhimento de dados estatísticos, por exemplo, pode ter que acontecer de madrugada ou em um fim de semana. Se a pesquisa exige, o aluno previamente credenciado para isso terá acesso ao laboratório", diz.
ACESSO – Questionado por jornalistas, o reitor Ivan Camargo assegurou que estudantes, professores e pesquisadores não terão suas entradas em laboratórios restringidas além do normal. "Há milhares de estudantes com milhares de chaves de laboratórios na UnB, e que continuarão tendo acesso, com liberdade e responsabilidade", declarou.
Segundo o gestor, a Universidade não vai se intimidar com a violência. Para ele, "este é o único discurso possível em uma instituição de ensino superior de referência nacional como a UnB".
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