Fazer exercícios e não obter os resultados esperados é algo comum, mas frustrante. Foi pensando em amenizar essa questão que a empreendedora e ex-aluna da UnB Fernanda Teles, sócia da empresa E-sporte Soluções Esportivas, começou a desenvolver uma ideia para a dissertação de mestrado, defendida em 2015. Dois anos depois, o E-lastic, produto decorrente da pesquisa, está à venda e ganhou o Prêmio Tecnologias de Impacto 2017.
O produto é um aperfeiçoamento tecnológico de elásticos tradicionais utilizados em esportes e exercícios de fisioterapia e mede a quantidade de esforço despendida pelo usuário. “Por meio desses resultados, é possível avaliar a necessidade ou não de mudança do plano de treino”, explica Fernanda.
Com o prêmio, o aparelho foi formalmente reconhecido como iniciativa que auxilia no acompanhamento e evolução do paciente de reabilitação ou do adepto de treinos físicos. “Uma das minhas grandes realizações foi ter conseguido transformar um projeto acadêmico em algo revertido à sociedade”, conta a empresária. A E-sporte é uma das 16 empresas incubadas no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB.
EQUIPAMENTO – Maria Clara Cabral tem uma clínica de fisioterapia e hidroterapia no Lago Norte e já utiliza o dispositivo. Ao ser conectado a um smartphone ou tablet por meio de aplicativo próprio, o E-lastic armazena gráficos de força de cada exercício, para que o preparador físico ou fisioterapeuta possa balizar os treinos com elástico.
“O E-lastic permite medir no dia a dia a evolução da força do paciente. Com os dados em mãos, consigo desenvolver melhor meu protocolo de atendimento”, relata a fisioterapeuta.
O aplicativo desenvolvido pela empresa permite organizar dados por paciente, incluindo todas as atividades realizadas e o desempenho durante o processo de reabilitação. “Outro diferencial é permitir que o próprio paciente armazene seus dados e acompanhe sua evolução”, cita Maria Clara.
Em depoimento no site do produto, a atleta Jady Malavazzi ressalta a praticidade do aparelho como vantagem que contribuiu para a manutenção de sua condição física. “Pude continuar meu preparatório para os Jogos Paralímpicos do Rio 2016 no próprio hotel em que estava hospedada”, diz.
PREMIAÇÃO – O Prêmio Tecnologias de Impacto existe para reconhecer inventores brasileiros que desenvolvem produtos transformadores da interação entre as pessoas e o mundo. A iniciativa tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
Para o diretor do CDT, Sanderson Barbalho, a premiação não chega a ser uma surpresa. “Os sócios são muito dedicados, estão sempre aqui na sala da empresa. O prêmio é fruto dessa dedicação”, reconhece. Como recompensa pela conquista, Fernanda Teles e João Macedo, também ex-aluno da UnB e sócio da E-sporte, viajam neste domingo (4) ao Vale do Silício, na Califórnia. Lá, a dupla visitará empresas inovadoras durante uma semana.
O próximo passo dos empreendedores é ampliar a distribuição do produto, que já é comercializado em 18 estados brasileiros. “Nossa ideia é aprender com a experiência dessas empresas estrangeiras para ampliar nossa presença, inclusive internacionalmente. Queremos aproveitar as respostas dos profissionais que adotaram o equipamento. Elas têm sido muito positivas”, diz Macedo. "No momento, buscamos expansão e estamos focados em profissionais da área, não no público geral”, complementa Fernanda.
FASES – A empresa E-sporte Soluções Esportivas já foi pré-incubada e atualmente está incubada no CDT (entenda). A pré-incubação começou em outubro de 2015. Para se inscrever no processo não precisa ter CNPJ, mas é necessário comprometimento com a grade curricular oferecida pelo programa do CDT.
“Essa grade foi reformulada recentemente. Ela ajuda a ter visão negocial, que pode colaborar na formulação do plano de negócio da ideia”, elucida Sanderson. “Para nós, creio que o mais produtivo foi a etapa da pré-incubação, em que aprendemos técnicas de planejamento financeiro, por exemplo”, conta Fernanda.
O CDT tem 16 empresas incubadas e a meta é ter mais de 30 até o fim de 2018. “Queremos ter muitas startups e continuar sendo uma universidade inovadora. Fazemos acompanhamento mensal. Recentemente passei a visitar as empresas também. Sabemos que histórias de sucesso, como a da E-sporte, atraem mais público e pretendemos continuar gerando cases como esse”, diz Sanderson.
Serviço
O processo seletivo para incubação no CDT acontece por meio de divulgação de edital público. Para mais informações, clique aqui.