Em quase duas décadas, a Universidade de Brasília viveu um crescimento significativo em sua infraestrutura de pesquisa e inovação. O quantitativo de laboratórios mais que dobrou entre 2001 e 2019. De 324 laboratórios contabilizados em levantamento do Anuário Estatístico de 2001, a instituição passou a agregar 686, das mais diversas categorias. Essas e outras informações sobre os recursos disponíveis para produção científica podem ser encontradas na home do portal da UnB.
Ao acessar a aba Pesquisa e Inovação, os internautas podem conhecer o portfólio da Universidade no quesito, a partir de aspectos como espaços físicos, grupos de pesquisa, iniciativas de empreendedorismo, serviços de propriedade intelectual e transferência tecnológica, além de saber mais sobre a atuação do Parque Científico e Tecnológico da UnB (PCTec) e do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT).
O panorama é resultado de mapeamento realizado pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) desde 2016, com apoio da Comissão Permanente de Avaliação da Infraestrutura de Pesquisa. Segundo a diretora de Pesquisa do DPI, Cláudia Amorim, o levantamento surgiu de demandas da iniciativa privada e da própria comunidade acadêmica para encontrar de forma mais acessível informações relativas à infraestrutura de pesquisa e inovação da UnB.
“Essas informações não estavam transparentes no nosso site. Elas são fundamentais não só para a instituição, mas para o setor produtivo e órgãos governamentais. Muitas vezes, eles procuram determinado serviço tecnológico da UnB, mas não conseguem localizar”, observa.
Cláudia Amorim explica que o trabalho se espelhou em iniciativas similares de outras instituições de ensino superior internacionais e brasileiras, considerando as especificidades da própria Universidade. A coleta levou em consideração consultas aos diretores de unidade acadêmica, relatórios da plataforma Sucupira –ferramenta que reúne informações sobre a pós-graduação em nível nacional – e encaminhados à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além de dados extraídos das páginas de institutos, departamentos e faculdades e dos currículos lattes de pesquisadores da Universidade.
Decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter considera este um primeiro passo para estimular a colaboração de pesquisadores da UnB de diferentes áreas e de outras instituições nacionais e internacionais em temas de relevância global. Além disso, a decana destaca a importância da ferramenta para dar maior visibilidade à comunidade externa sobre os recursos científicos de alta complexidade da instituição.
“Queremos mostrar a Universidade para a sociedade e o quanto a infraestrutura que temos precisa ser preservada para continuarmos apoiando nossas centenas de projetos de pesquisa, ensino, extensão e inovação”, afirma a decana.
Acessar as informações é também uma forma de conhecer o que a instituição faz, na visão da reitora Márcia Abrahão. “Ao dar mais visibilidade a esses assuntos, esperamos que mais pessoas – de dentro e de fora da comunidade universitária – conheçam nossa atuação e a divulguem. Afinal, a UnB é um patrimônio de todos os brasileiros.”
RAIO-X – Dos 686 laboratórios existentes na Universidade, 96 prestam serviços tecnológicos à sociedade ou atuam com inovação e 45 são multiusuários – atendem a mais de uma unidade acadêmica. Para impulsionar a produção científica, a instituição também conta com 31 centros e 67 núcleos de pesquisa, além de laboratórios de ensino e de extensão, voltados a graduação e pós-graduação, e de apoio à pesquisa, que dispõem de instrumentos, equipamentos e técnicas para essa finalidade. Outras 46 estruturas, como bibliotecas, museus, coleções e biotérios, também dão suporte no desenvolvimento da ciência no ambiente acadêmico.
Para melhor compreender os níveis de organização da infraestrutura disponível e facilitar sua identificação, esses ambientes foram classificados de acordo com suas atribuições e natureza de atuação. “Para cada uma das categorias, temos informações básicas, como o que o laboratório faz, quem é o coordenador, grupos de pesquisas associados e equipamentos disponíveis”, esclarece Cláudia Amorim.
Em termos de recursos humanos, o levantamento demonstra uma sólida articulação entre pesquisadores. Atualmente, contabiliza-se 600 grupos de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq). A base de dados reúne as principais informações sobre essas organizações para produção da ciência no Brasil.
Três Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) voltados a estudos tectônicos, a nanobiotecnologia e à inclusão no ensino superior agregam grupos de pesquisa de ponta que atuam em áreas estratégicas para o país. Além disso, estimulam o desenvolvimento de pesquisa básica e consolidam parcerias internacionais para ampliar o espectro de atuação da Universidade no campo científico. Eles estão vinculados aos institutos de Geociências (IG), de Ciências Biológicas (IB) e de Ciências Sociais (ICS), respectivamente.
A produção de conhecimento da Universidade também se concentra no Parque Científico e Tecnológico (PCTec). A unidade abriga empresas de base tecnológica, estimulando a aproximação entre universidade, setor produtivo e governo. Um de seus focos é oferecer suporte ao desenvolvimento de tecnologias e serviços para atender o mercado e a sociedade.
Outra estrutura atuante no âmbito, o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) é responsável por fomentar o empreendedorismo e oferecer suporte a atividades de inovação e de transferência tecnológica. A UnB possui hoje 500 ativos protegidos, os quais incluem 251 patentes de invenção – 161 nacionais e 90 internacionais –, 76 licenciamentos ou pedidos de patentes, 15 transferências de know-how, entre outros registros.
POTENCIAL – Para a reitora Márcia Abrahão, os dados reunidos demonstram a consolidação do trabalho de alto nível desenvolvido pela Universidade no campo científico. “Em cinco anos, o volume de nossa produção científica cresceu 20%, e o impacto das citações de nossos pesquisadores aumentou mais de 100%, nos colocando acima da média global”, menciona.
A diretora de Pesquisa, Cláudia Amorim, enfatiza que a divulgação dessas informações é estratégica para ampliar a interação entre pesquisadores e potencializar a produção científica da UnB. “É uma questão de eficiência. Precisávamos nos organizar para ter acesso aos recursos que já existem e otimizar seu uso. Com a articulação interna, podemos fazer com que os grupos de pesquisa interajam mais e construam redes de pesquisa internas e externas”, pontua.
Para os próximos anos, a gestora vislumbra que a iniciativa deva contribuir para a definição de políticas que orientem a criação de infraestruturas de pesquisa e inovação e para a melhoria do desempenho da UnB em rankings acadêmicos.
O levantamento está aberto a atualização e complementação de dados pela comunidade acadêmica. As contribuições podem ser enviadas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A próxima etapa do projeto prevê a tradução de informações para inserção na página em inglês da UnB.
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