Durante a passagem da chama olímpica pela capital federal, nesta terça-feira (3), a Universidade de Brasília esteve bem representada. Logo cedo, no Palácio do Planalto, o reitor Ivan Camargo participou da cerimônia de acendimento da tocha. “Foi muito emocionante, fiquei encantado. Os nossos atletas da UnB também estavam presentes, e nós temos a honra de tê-los conosco na Universidade de Brasília”, declarou Camargo.
Ao acender a tocha, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil está pronto para realizar a mais bem-sucedida edição dos Jogos Olímpicos. “A emoção desse dia, sem dúvida, vai ficar marcada na nossa memória, em nosso coração e na história do nosso país e dos Jogos Olímpicos. Como presidenta do primeiro país da América Latina a sediar os Jogos Olímpicos, é com grande orgulho que dou, em nome do povo brasileiro, as boas-vindas a essa chama, símbolo de uma grande esperança da humanidade, que é a paz, a união e a amizade”, disse Dilma.
O ministro interino do Esporte, Ricardo Leyser, ressaltou todo o legado das obras e do investimento feito pelo Brasil. “Conseguimos dar ao atleta brasileiro a mesma condição que os atletas de outros países têm para competir. Sabemos que o brasileiro, se tiver condições de se desenvolver, vai aparecer, vai ter sucesso e vai ganhar as medalhas que precisamos”, apostou Leyser.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, destacou características em comum das 12 mil pessoas que foram escolhidas para conduzir a tocha entre 3 de maio e 5 de agosto – quando começam os jogos. “A maioria dos carregadores são brasileiros que, junto com a tocha, carregam lindas histórias de vida; são exemplos de amor, inovação, garra, criatividade, solidariedade, paixão, dedicação, exemplos do Brasil que admiramos e amamos”, afirmou Nuzman.
Em Brasília, 143 pessoas conduziram a tocha olímpica. Uma delas foi o estudante do quarto semestre da Faculdade de Educação Física da UnB Ícaro Ludgero Pereira, convocado aos 19 anos para a seleção brasileira principal de natação. Em abril, ele ficou com o terceiro lugar no XLIII Campeonato Sul-Americano Absoluto de Natação e, no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, ficou a dois segundos de se classificar para os Jogos Olímpicos deste ano. “A emoção de carregar a tocha é muito grande, algo inexplicável na minha vida. Nunca pensei que fosse viver esse momento”, disse o estudante. “Vou continuar treinando muito forte para quem sabe em 2020, 2024 eu estar lá.”
Ícaro Pereira nadou com a tocha nas mãos no Complexo Aquático de Brasília e a entregou a Hugo Parisi, atual campeão brasileiro e sul-americano na plataforma de 10 metros – com experiência nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012), além dos Jogos Pan Americanos do Rio de Janeiro (2007) e de Guadalajara (2011). Parisi, que treina no Centro de Excelência em Saltos Ornamentais da Universidade de Brasília, se classificou e vai para sua quarta Olimpíada, no Rio de Janeiro.
“Quando o Ícaro estava chegando perto de mim, já deu aquele frio na barriga, é bem emocionante. Espero que seja também emocionante para a cidade e que nosso esporte só cresça. A Olimpíada é minha vida, então, carregar a tocha representa muito para mim”, afirmou Parisi, que começou sua vida de atleta no Complexo Aquático de Brasília (antigo Defer). “Esse momento é único na vida de um atleta. Aqui, no Defer, foi onde tudo começou pra mim; ter essa chance de conduzir a chama olímpica, que carrega com ela todos os valores agregados ao esporte, na minha cidade e onde tudo começou, é um momento inexplicável”.
Mas os condutores da tocha no Brasil não são apenas atletas ou ex-atletas. Em Brasília, fizeram parte dos escolhidos personalidades marcantes da vida da cidade, como o livreiro Francisco de Carvalho, mais conhecido como Chiquinho. Em 1967, ele veio do Piauí para Brasília em um caminhão pau de arara e, há 38 anos, realizou o sonho de ter uma livraria. Uma das mais famosas da capital, funciona dentro do Instituto Central de Ciências, na Universidade de Brasília.
Chiquinho conta que foi uma aluna do mestrado em Arquitetura, Ana Flávia, que o inscreveu para carregar a tocha na capital federal. "Agradeço a todos, foi a comunidade da UnB que me proporcionou esse momento. Ele ficará em minha memória até o último dia da minha vida. Foi inesquecível e indescritível", se emociona o livreiro. "Enquanto eu carregava a tocha, me lembrava de Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Seu Teodoro [mestre de bumba meu boi] e Garrincha, personagens que me inspiram e que também representam o espírito olímpico."
O fogo olímpico chegou em Brasília na terça-feira (3), pela manhã, fez um percurso de 105 quilômetros, passando por 15 pontos turísticos – como a Ponte JK, a Torre de TV e o Centro Olímpico e Paralímpico – e seguiu para Corumbá (GO).