OPINIÃO

 

Helena Augusta Lisboa de Oliveira é doutora em Tecnologias Química e Biológica, e membro titular do GT para elaborar proposta unificada de Plano de Combate ao Assédio Moral e a Outras Violências no Trabalho no âmbito da UnB. É Diretora de Juventude da ANPG, e ex-presidente da APG UnB – Ieda Delgado. Defende a Universidade Necessária e a Humanização na Educação. 

 

 

Bruno Goulart de Oliveira é mestre em Engenharia Elétrica e graduado em Engenharia de Computação pela PUCRS. Pesquisador da Comunicação Não Violenta (CNV), fundou o coletivo CNV em Rede, por meio do qual promove cursos, palestras e eventos gratuitos sobre CNV. É presidente da OSCIP Organização em Rede Social.

Helena A. L. de Oliveira e Bruno G. de Oliveira

 

Para combater a violência, primeiro é preciso compreendê-la. A violência é qualquer atitude que fira direitos básicos dos seres humanos e não humanos. Nas relações interpessoais podemos encontrar as violências física, verbal e moral. Já no contexto sistêmico, é possível identificar a fome, a competitividade, a desigualdade, o desmatamento, a poluição e tudo mais que contribui para o adoecimento do planeta.


Qual é a causa da violência? A raiz da violência é intrapessoal. Ela é sustentada por crenças que apoiam a desvalorização da vida. Por exemplo: acreditar que alguém ou um grupo é melhor ou pior que o outro, que nós ou o outro não temos direito à escolha, ou negar nossa responsabilidade em relação ao cuidado com as pessoas e o planeta. Esse tipo de crença justifica atitudes pessoais de violência e vira uma violência cultural quando tais ideias são passadas de pessoa para pessoa.


Como ela ocorre? Em atos diretos: na forma de agressão, vingança, punição, chantagem, ameaça, etc.; e em atos indiretos: na exclusão das pessoas ou pela repressão de seus sentimentos e vontades.


Para que ela é usada? Sobretudo, quando alguém aparenta ou faz algo que não toleramos ou mesmo quando deixa de fazer algo que queremos, acreditamos que o outro precisa mudar para as coisas melhorarem, do nosso ponto de vista. Então, a violência é usada para impor uma mudança no comportamento do outro, sobrepondo sua liberdade e sentimentos.


Ela corrige comportamentos? Ante à violência, alguns podem se defender ou revidar o ataque que sofreram. Outros podem se moldar para evitar o sofrimento. Mas, moldar-se não significa entender a motivação do outro, evitar o sofrimento não significa respeitá-lo, afastar-se de alguém não significa apoiar seus atos. Logo, a violência não promove um convívio sadio. (veja exemplos nos links abaixo)


Há alternativas? Iniciativas que promovam a humanização contribuem para tratar essas violências em sua raiz. Por serem estratégias educativas, elas têm resultados de longo prazo. Se trabalhadas em rede, são capazes de abranger casos de violência cultural, que são em geral velados e naturalizados (veja exemplos nos links abaixo). Por isso, é fundamental que as unidades acadêmicas e administrativas trabalhem conjuntamente em prol dessa transformação. Experiências, ideias e sugestões de práticas restaurativas e humanizadoras poderão ser compartilhadas e encontradas na Rede para Humanização das Universidades.


Nos links abaixo, você encontra mais oito sugestões possíveis sobre o que fazer perante um ato de violência ou injustiça, e exemplos de tentativas de corrigir comportamentos usando violência, com reflexões sobre suas possíveis consequências:


1) Orientações para tentar uma conversa direta
2) Usar as práticas restaurativas
3) Procurar apoio psicossocial
4) Registrar o caso na ouvidoria
5) Sou da representação estudantil (CAs, DCE, APG, etc.). Posso fazer algo mais?
6) Sou técnico administrativo. Posso fazer algo mais?
7) Sou professor. Posso fazer algo mais?
8) Alguém reclamou para mim sobre uma atitude minha, falando de uma forma que eu considero desrespeitosa. O que eu faço?

Exemplos de violência velada no cotidiano e na Universidade

 

 

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