OPINIÃO

Marcus Tanaka de Lira é subchefe do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução (LET/UnB). Diretor do Instituto Rei Sejong Brasília (IRS-BSB) e líder do grupo de pesquisa Estudos Asiáticos do NEASIA/CEAM. Com pós-doutorado na Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros (2023), pesquisa línguas do nordeste asiático, como coreano e o japonês, com enfoque em tipologia funcional e linguística histórica.

Marcus Tanaka de Lira

 

Um dia, sem fanfarras ou alardes, ele foi fazendo parte da sua vida. Talvez tenha começado numa música do BTS, num episódio de Round 6, ou no plot twist de Parasita. Aos poucos, suas músicas, seus seriados e seus filmes favoritos falavam coreano. É o Hallyu, ou a onda coreana – e, levam à culinária, à moda, ao turismo… e à língua, considerada pelo governo coreano “a partida e o destino do hallyu”.

 

Entramos aí.

 

O Instituto Rei Sejong Brasília, inaugurado em 2018 para acolher esse interesse crescente na UnB, ensina a língua e cultura com rigor acadêmico e afeto institucional. Essa história eu já contei antes, e talvez você já tenha nos visto pelo campus em eventos como as mostras de cinema e dias da escrita. Já foram mais de 150 turmas abertas em todos os oito níveis, com mais de 2.200 matrículas. As quase 900 pessoas que já estudaram conosco, somadas às mais de 216 mil que estudam nos outros 250 institutos ou gratuitamente on-line pelo Nuri Sejong ou nos aplicativos da Fundação Instituto Rei Sejong, frequentemente estão entre os candidatos do TOPIK, o Teste de Proficiência em Língua Coreana, realizado anualmente na UnB desde 2021 sob responsabilidade do Centro de Educação Coreana.

 

Aliás, nosso Sejong (que, devo dizer, nada seria sem os voluntários, os estagiários, os professores Dong Hyun Park, Hyunju Kim, a atual coordenadora Sarah Khalli Brito, Younju Shin e, até recentemente, a coordenadora Chorong Lee) acaba sendo uma fábrica de oportunidades por fazer parte de um ecossistema. Não só temos hoje professores e coordenadores oriundos da própria UnB, como muitos dos nossos alunos seguem adiante com bolsas de estudo (como a GKS), oportunidades de emprego ou matrículas em universidades coreanas. De 2016 a 2024, com dez acordos ativos, a Assessoria de Assuntos Internacionais (nossa INT) contabilizou mais de 50 alunos da UnB que foram estudar em solo sul-coreano – sem contar pós-doutorados e os coreanos que vieram para cá. Surge, assim, um novo capítulo do Hallyu: a K-Educação. A educação coreana tem se tornado objeto de admiração e exportação. Não é só o que a Coreia ensina, mas como.

 

Em 2021, mais de 1.400 universidades pelo mundo já tinham programas de estudos coreanos de algum tipo. Aqui, desde 1987, o Núcleo de Estudos Asiáticos (NeAsia) tem a Coreia como objeto de estudo oferecendo disciplinas sobre o país de 2002 a 2008, e a UnB foi instrumental na criação da ABPUC, a Associação Brasileira de Professores Universitários Coreanos. Já cooperamos com o K-Festival, a Infinitoon, a Mikami e até com a embaixada.

 

Aliás, por que não pensar também em K-Diplomacia? No dia 2 de julho, o embaixador sul-coreano Choi Yeonghan virá ao campus Darcy Ribeiro falar justamente sobre diplomacia coreana e poder brando. Para participar, é só se inscrever a partir do dia 23 de junho via SIGAA-UnB no evento EV206-2025 (Palestra do Embaixador Sul-Coreano Choi Yeonghan com o Instituto Rei Sejong Brasília).

 

Nosso papel então é fazer de faíscas, fogo. Do Hangul, Hallyu. Da Coreia, coração.

 

 

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