Em continuidade à série de entrevistas com os novos decanos da gestão 2024-2028, a Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB entrevistou o professor Roberto Goulart Menezes (Irel), agora à frente do Decanato de Pós-Graduação (DPG). A unidade trabalha para promover, coordenar, supervisionar e apoiar o ensino de pós-graduação, com a missão de formar recursos humanos necessários ao desenvolvimento científico, tecnológico, artístico e cultural do país. Análise e aprovação de novos cursos stricto sensu, lato sensu e residências, credenciamento de orientadores e reconhecimento e emissão de diplomas são algumas das atividades sob responsabilidade do DPG.
Hoje, a UnB possui 2.926 alunos de iniciação científica, 3.595 matriculados no mestrado acadêmico, 3.875 no doutorado e 3.549 nos cursos de especialização. São 101 os Programas de Pós-Graduação (PPGs) cadastrados. Entre as prioridades da nova gestão estão ações para melhoria constante dos PPGs e a recomposição do orçamento para pesquisa. "O orçamento da FAPDF para 2025 foi reduzido drasticamente e isso afeta o financiamento das pesquisas e dos projetos desenvolvidos no DF, em especial, na UnB. Precisamos somar esforços para que isso seja revertido”, aponta o decano.
"Vamos implementar uma política própria de valorização e reconhecimento interno dos nossos pesquisadores e de suas conquistas científicas e de inovação, desenvolver e ofertar curso de formação para docentes atuarem na coordenação de pós-graduação, aprimorar os sistemas de gestão, propor um núcleo de inteligência e gestão de indicadores de desempenho com o objetivo de mapear e apoiar ações institucionais de melhoria contínua dos nossos programas.” Roberto Goulart Menezes, decano de Pós-Graduação da UnB.
Doutor em Ciência Política pela USP, Roberto Goulart Menezes é professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel). Foi professor visitante no Arrighi Center for Global Studies da Johns Hopkins University, EUA, e na Universidad Nacional Autónoma de México. É pesquisador no Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos e, na UnB, atua nos programas de pós-graduação em Relações Internacionais e em Ciências Sociais - Estudos Comparados sobre as Américas. Foi vice-diretor do Irel entre os anos de 2022 e 2024 e coordenador da graduação em Relação Internacionais de 2016 a 2018.
Confira a entrevista com o decano de Pós-Graduação, Roberto Goulart Menezes:
Como o decanato deve contribuir para a justiça socioambiental na UnB?
A emergência climática e as desigualdades são dois temas-chave do século 21. A Universidade precisa se engajar cada vez mais nos debates e propostas para enfrentarmos essas e outras questões do nosso tempo. A nova gestão está comprometida com a defesa da democracia, da justiça socioambiental, a promoção da equidade e o combate a todas as formas de desigualdade. O DPG trabalhará junto aos programas de pós para que esses temas estejam contemplados de diferentes formas nas pesquisas que são desenvolvidas na nossa Universidade. Temos na UnB pesquisas de ponta nessas temáticas e precisamos ampliar a sua divulgação, assim como apoiar nossos docentes, discentes e técnicos para que eles tenham condições adequadas para o desenvolvimento do seu trabalho.
O que deve mudar na maneira como o decanato atua e o que será mantido?
Estamos agora trabalhando no encerramento da avaliação quadrienal da Capes e, para isso, além da comissão composta por docentes das três grandes áreas da Capes, todo o DPG está mobilizado. Sabemos o quanto essa etapa é fundamental para que os nossos programas de pós possam obter a melhor avaliação. Por isso é fundamental uma sintonia fina junto as coordenações dos programas, ou seja, o trabalho conjunto do DPG e dos PPGs. Após a homologação de todas as informações na plataforma da Capes até 31 de março, vamos trabalhar na elaboração do planejamento estratégico 2025-2028. Esse processo será feito com diálogo, escuta e discussão com a nossa comunidade. Em paralelo, seguimos com o lançamento dos editais pró-equipamentos, FAPDF e emenda parlamentar com valores previstos de R$ 3,6 milhões, R$ 1,5 milhões e R$ 1,6 milhões, respectivamente. Edital de auxílio a pesquisadores discentes e docentes também está previsto.
Quais são as prioridades desta gestão?
Precisamos recuperar o equilíbrio entre o acadêmico e o burocrático. Para isso temos que rever algumas práticas e processos que envolvem a pós-graduação. A partir de 2025, a Capes implementará mudanças substantivas no processo de avaliação da pós-graduação no país. Isso exigirá de todos nós uma discussão qualificada acerca dos rumos da pós na UnB. O DPG trabalhará para que todos os programas incorporem no seu planejamento as novas diretrizes. Vamos implementar uma política própria de valorização e reconhecimento interno dos nossos pesquisadores e de suas conquistas científicas e de inovação, desenvolver e ofertar curso de formação para docentes atuarem na coordenação de pós-graduação, aprimorar os sistemas de gestão, propor um núcleo de inteligência e gestão de indicadores de desempenho com o objetivo de mapear e apoiar ações institucionais de melhoria contínua dos nossos programas, estimular a integração e cooperação entre os PPGs para o desenvolvimento de projetos de pesquisa conjuntos, fortalecer a relação entre graduação e pós-graduação, apoiar os periódicos científicos editados na nossa Universidade, fortalecer a cooperação Sul-Sul, entre outras.
Quais são os principais desafios do decanato atualmente? O que será feito para superá-los? Qual estratégia será adotada?
O principal desafio é a força de trabalho. O DPG já teve 32 servidores técnicos e atualmente são 20, sendo que no Programa de Iniciação Científica (Proic/Diric) temos apenas três servidoras lotadas. A atual gestão vem trabalhando para mudar esse quadro. Outro desafio é que os financiamentos à pós-graduação feitos pelas agências de pesquisa ainda estão aquém do que precisamos para desenvolver plenamente o nosso potencial. A UnB tem hoje 101 programas de pós-graduação e o número de PPGs avaliados com notas 6 e 7 tem aumentado. Isso demonstra o potencial da nossa pós-graduação. Também temos que trabalhar para que não tenhamos vagas ociosas em parte dos programas que ofertamos hoje. Vamos trabalhar junto aos PPGs para fortalecer a divulgação dos editais e seguir buscando mais recursos para o financiamento da pós-graduação.
Quais ações estão sendo implementadas nesses primeiros dias da gestão e como se relacionam com as ações de longo prazo do decanato?
A nossa primeira preocupação foi assegurar a continuidade das atividades do DPG para que nenhum programa fosse prejudicado. As prestações de contas dos editais que foram encerrados no segundo semestre de 2024 estão sendo finalizadas. Lançamos os editais para os quais já temos recursos assegurados e estamos concentrados no processo de encerramento da avaliação quadrienal. Também recompusemos os membros da Comissão de Reconhecimento de Diploma e esperamos que até 5 de fevereiro os cerca de 80 processos sejam finalizados. Já nos reunimos com a SAA e vamos trabalhar com a STI na melhoria e funcionalidade dos sistemas do Proic e da pós-graduação. Quero registrar o apoio que temos recebido de toda a equipe de técnicos e trabalhadores terceirizados para o bom funcionamento do DPG.
Como você planeja envolver a comunidade universitária nas decisões e projetos do decanato?
Antes de lançarmos o edital pró-equipamentos, realizamos duas reuniões virtuais para apresentar a minuta e discutir com os pesquisadores o seu formato. Queremos ampliar a utilização de reuniões virtuais e presenciais para que cada programa de pós tenha no DPG um aliado e um interlocutor permanente. Acreditamos que podemos melhorar e muito a interação entre nós e as coordenações dos programas e demais docentes. Na segunda semana da nova gestão, nos reunimos com representantes da Associação Nacional de Pós-Graduação e fomos informados de que em breve haverá eleições para a APG na UnB. A diretora de Pós-Graduação, Tais Gratieri, o diretor do Proic, Juscelino Bezerra, a coordenadora do Lato Sensu, Carolina Greve, a coordenadora do Stricto Sensu, Djane Duarte, e o coordenador de Fomento e Internacionalização, Fabrício Neves, juntamente comigo, estamos à disposição no DPG.
Que mensagem você gostaria de deixar para a comunidade universitária?
O orçamento da FAPDF para 2025 foi reduzido drasticamente e isso afeta o financiamento das pesquisas e dos projetos desenvolvidos no DF, em especial, na UnB. Precisamos somar esforços para que isso seja revertido. O orçamento de 2024 foi de aproximadamente R$ 180 milhões, e o de 2025 será de R$ 135 milhões. No ofício que a Reitoria encaminhou à Câmara Legislativa do DF, em meados de dezembro, solicitamos aos deputados que revejam essa dura medida contra a ciência e a educação superior no DF. Precisamos nos mobilizar para que os recursos da FAPDF sejam assegurados. Vamos seguir trabalhando para que as condições da pós-graduação na nossa Universidade sejam cada vez melhores.
SERVIÇO – O DPG funciona de segunda à sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h, no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT), campus Darcy Ribeiro. O atendimento também é realizado pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou pelo telefone (61) 3107-4240.